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Bolsonaro no Flow Podcast: “O mundo caiu na minha cabeça”.
Bolsonaro no Flow Podcast: “O mundo caiu na minha cabeça”.| Foto: Reprodução/ YouTube

A não ser que você viva em Marte ou aqui mesmo, na Terra, mas num país que tem outras preocupações que não a política, você provavelmente sabe que o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro deu uma entrevista de 5 horas ao podcast Flow ou Flow Podcast, como preferirem. Outra coisa que chamou a atenção foi a baixa audiência da entrevista: apenas 600 mil pessoas acompanharam ao vivo o programa.

A agência de checagem, rechecagem e prechecagem Polzonoff tomou o cuidado de assistir à primeira hora da entrevista a fim trazer a você, leitor, a verdade verdadeira e verdadeiríssima dos fatos. Do contrário, você é mesmo capaz de acreditar que nós somos pagos para falar abobrinha – uma das graves acusações de Jair Bolsonaro contra a imprensa, um verdadeiro ataque à liberdade jornalística e um crime contra a Humanidade.

Abaixo, estão cerca de 13 (eu disse treze!) mentiras e fatos deploráveis que nossa equipe de especialistas, checadores, rechecadores, prechecadores e problematizadores encontrou nesses que estarão para sempre marcados na história como os 300 minutos mais fascistas da história do Brasil desde que o país foi invadido pelos supremacistas brancos portugueses.

“Falar abobrinha”

Ao se referir à imprensa e à suposta predileção jornalística pela conjunção adversativa “mas”, o genocida presidente Jair Bolsonaro disse que a imprensa falava abobrinha. A especialista em Ciência da Fala Cida Gaga (sem parentesco com a Lady) explica que falar abobrinha é impossível. “Nosso sistema de fala é composto por músculos que se dedicam à produção de ondas sonoras, não de courgette, abobrinha ou, para usar o termo certo dos nativos deste país, jerimum”, disse. Para o agrônomo, botânico e rapper dr. Abo Brinha, seria impossível que a imprensa falasse abobrinha porque a Cucurbita pepo, da família das cucurbitáceas, não conseguiria se desenvolver adequadamente na cavidade oral humana.

“Não tem nenhum regime perfeito”

Ao mencionar a Ditadura Militar, Bolsonaro disse que ela teve acertos e erros e que “não tem nenhum regime perfeito”. O que, segundo o adido cubano para o Estabelecimento da Verdade, Juan Minto, é uma mentira. “O regime cubano é, sim, perfeito. Dependendo do seu crime contra os líderes socialistas, você pode perder até 70% do seu peso em nossos programas de emagrecimento no Spa Che Guevara para Reacionários”, disse. Outros regimes perfeitos incluem a Coreia do Norte, a China e, mais recentemente, a Venezuela.

“O pessoal do Exército trabalha 24 horas por dia”

Ao mencionar o trabalho das Forças Armadas, Bolsonaro cometeu crime de incitação ao trabalho escravo quando disse que “o pessoal do Exército trabalha 24 horas por dia”. Além de criminosa, a frase é negacionista. “Se você trabalhar 24 horas num dia, não terá oportunidade de descanso e, assim, depois de algum tempo provavelmente morrerá de exaustão”, disse a hipnóloga e homeopata Laura Soninho. Por causa da fala lamentável do presidente, a Associação dos Advogados Trabalhistas Insones divulgou uma carta exigindo “mais respeito aos companheiros das Forças Armadas, mesmo que sejam todos uns fascistas”.

“Virou três terrenos abandonados”

Ao falar das refinarias que Lula e Dilma quiseram construir, mas o imperialismo estadunidense não permitiu, Bolsonaro cometeu, antes de mais nada, um grave crime de lesa-idioma ao errar propositadamente a concordância. Depois ele mentiu ao dizer que os terrenos estão abandonados. “De acordo com a Organização Mundial em Defesa da Precisão Vocabular, o miliciano, digo, presidente só poderia chamar aquilo de terreno abandonado se nele houvesse ao menos uma bola de capotão e uns dois pés de mamona, o que não é o caso”, explicou o dr. Aurélio Aulete Houaiss de Buarque Holanda. Ele também disse a quem estiver nos lendo neste momento para votar nele na próxima eleição da Academia Brasileira de Letras.

“Foi castrada essa questão”

Num dos momentos mais marcantes da entrevista, Bolsonaro acusou a Ciência de um crime bárbaro. “Foi castrada essa questão”, disse o Inominável, referindo-se ao uso de cloroquina e ivermectina ou ao fato de as vacinas serem experimentais ou a qualquer outra coisa que não se pode, de jeito nenhum, falar. Em nota, a pré-candidata pelo PSOL, Professora Questão, manda dizer que não foi castrada. Ainda. “Estou apenas tomando hormônios femininos, mas semana que vem devo marcar a cirurgia. Viva o SUS!”, disse ela, que um dia foi ele.

“O mundo caiu na minha cabeça”

Ainda falando sobre Covid-19, Jair Bolsonaro mencionou a repugnante figura de linguagem do jacaré, usada para se referir aos que não temiam os riscos (inexistentes) das vacinas. No entanto, não há nenhum registro de que esse fenômeno astronômico tenha ocorrido. “Estudamos vários mapas astronômicos e astrológicos e constatamos que é impossível que um ariano com ascendente em Câncer e Lua em Aquário tenha sido atingido na cabeça por um mundo naquele dia”, explicou o astronomologista Walter Quiroga.

“Consórcio de governadores fez a festa”

Ao falar dos governadores que teriam comprado respiradores superfaturados e que nunca foram entregues durante o auge da pandemia de Covid-19, Bolsonaro acusou o “consórcio” de “fazer a festa”. Diversos colunistas sociais consultados pela Agência Polzonoff, contudo, negaram que tal evento tenha ocorrido e ficaram indignados diante da possibilidade de não terem sido convidados para o rega-bofe. Um deles até atirou a taça de Aperol no rosto do nosso repórter!

“Comprar briga com CPI”

Ao falar da CPI da Covid, Bolsonaro se autoincriminou ao dizer que “comprou briga”. Para a bacharel, advogada, jurista, causídica e dançarina de axé romano Lenina Tung, comprar briga sem licitação certamente configura algum tipo de corrupção. “Pesquisa aí que agora estou no trânsito e não dá para falar”, disse ela durante uma breve entrevista. Para um senador que não quis se identificar, mas todo mundo sabe quem é, o caso é gravíssimo e pode derrubar Bolsonaro. “Estou indo agora mesmo ao STF protocolar um pedido para que Bolsonaro divulgue as notas dessa compra. Tenho certeza de que a briga foi superfaturada”, disse.

Erros ortográficos, KKK e propina

Além de tudo isso, em apenas uma hora Bolsonaro, que já trocou o ministro da Educação umas três ou quatro vezes (precisamos apurar melhor esse dado, mas no momento nossos supercomputadores estão ocupados devido à nossa parceria com o TSE), cometeu vários erros ortográficos durante a entrevista. “Corrupssão”, “conbustíveis”, “ezército” e “çaúde” foram apenas alguns erros que nossos peritos em Ortografia Auditiva registraram.

Vale salientar ainda que Bolsonaro ri com “kkk”, numa referência explícita e criminosa à organização racista Klu Klux Klan. Por fim (ainda que isso tenha acontecido no começo da entrevista), Bolsonaro aceitou ao vivo, para que todos vissem, propina de um dos patrocinadores do podcast. “A camiseta preta que não deixa o fedor escapar do sovaco pode ser o fim do governo Bolsonaro”, disse o analista político Alexandre Bioy Casares.

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