Lula e Janja saíram rumo à lua-de-mel num carro popular. Mentira, claro! A imagem é meramente ilustrativa.| Foto: Bigstock
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Ao som do afinado coro “Olê, olê, olá, olá/ Athayde Petreyze veio pra ficá!” (letra de Bráulio Bessa e música de Ivan Lins), fui instado por meus fãs e meu elegante editor, que vestia um terno Ermenegildo Nonato e calçava um tênis Balenciaga, daqueles de R$10 mil, a voltar a este espaço e ocupar o lugar do colunista Paulo Polzonoff Jr., impossibilitado de escrever por causa da acachapante febre (36,8) da Covid-19.

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E aqui estou para contar bastidores da lula-de-mel, digo, lua-de-mel de Lula e Janja. Sim, eu estava lá e acompanhei tudo. Mas, como sou um colunista social com consciência social & moral, deixarei os detalhes da noite de núpcias para a imaginação do eleitor, eleitora e eleitore apaixonado por Lula. Digamos apenas que o voto foi carinhosamente depositado numa urna sedenta por democracia.

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A lula-de-mel marcou o primeiro entrevero político do casal ideologicamente afinadíssimo. Lula, sempre consciente da miséria do nosso povo sofrido, queria um quartinho bem simples num Fasano qualquer da vida, enquanto Janja preferia passar a lua-de-mel num acampamento do MTST. Lula, um ás do xadrez 4D da política, argumentou que não poderia privilegiar Guilherme Boulos em detrimento do companheiro Stédile.

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Essa foi a primeira decisão acertada de um terceiro governo Lula.


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Quem resolveu a questão foi o sempre prestativo e maquiavelicamente inteligente José Dirceu, que convenceu o casal de que a vida é curta demais para essa coisa de movimento social e de que eles precisavam aprender com Marx a tirar o máximo proveito do conforto burguês.

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A Grand Suite Imperial Top Max Plus do hotel Gulag Ibirapuera acabou sendo o escolhido. Ao preço de R$200 mil a diária, o casal desfrutou de um quarto com cama, vista para o prédio da frente, trilha sonora ambiente dos aviões que pousam em Congonhas, condicionador Neutrox e xampu Seda. Tudo foi pago por um amigo, claro.

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No dia seguinte à estupenda noite de núpcias (dizem os mais próximos que o prazer foi maior do que o da posse, em 2002, e o da saída da prisão, em 2020), o casal se sentou diante da TV para acompanhar um caso importante para a noiva: o julgamento do machista Johnny Depp, acusado de alguma coisa muito grave e feia pela doce e bela Amber Heard.

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Lula quis saber quem eram os envolvidos. Janja escureceu que Depp (não confundir com um dos maiores poetas da nossa geração, o profundo Johnny Deep) e Amber estavam lavando roupa suja em público. Lula, depois de contar uma história triste sobre o tempo em que era obrigado a lavar a roupa para toda a família num corregozinho que passava atrás da fábrica no ABC, anunciou que, eleito, pretende criar uma Secretaria Especial para a Lavação de Roupa Suja. Os olhinhos de Janja brilharam.

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Neste momento, nós da imprensa fomos convidados a nos retirar para que Lula e Janja participassem do segundo turno da noite de núpcias. Ficaram apenas uns assessores próximos e alguns ministros do STF, além do onipresente fotógrafo Ricardo Stuckert. No corredor do hotel, os colegas reclamavam de não poderem testemunhar o vigor político do nosso Grande Timoneiro. Pelo que se ouviu, contudo, a apuração foi muito rápida e Lula saiu na frente.

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Janja, soube-se depois, pediu recontagem de votos, mas Lula argumentou que o voto auditável era contra a democracia.

* Athayde Petreyze é colunista social, divulgador científico e candidato a uma vaga no STF.

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