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Lula Índia
Na índia, Lula participa do programa “Quem Quer Ser Um Milionário?”| Foto: Montagem

Depois de acenar para milhões de ninguéns no 7 de Setembro mais flopado da história, o presidente Lula fez o que todo milionário que se preze faz para afogar as mágoas: pôs a patroa no avião presidencial e mandou o piloto tocar para onde Judas perdeu as botas: a Índia. Onde, por acaso, Athayde Petreyze e eu estamos fazendo um detox marxista no ashram Glória Perez.

Uma vez em solo indiano, a primeira providência da pahala-mahila Janja foi aprender umas coreografias de Bollywood. Para se enturmar com os nativos, sabe como é. Já nosso querido bhrasht (que significa "presidente" em hindi, como me ensinaram dois risonhos adolescentes) foi recebido pela presidenta Draupadi Murmu, a Dilma deles. Que surpreendeu Lula com um banquete que incluía sopa de olho, besouro recheado e sorvete de cérebro de macaco, igualzinho ao que eu vi no filme do Indiana Jones.

Na hora de se recolher aos seus aposentos, porém, o marajá-em-chefe entrou por uma portinhola, atravessou um corredor cheio de baratas, quase foi esmagado pelo teto e finalmente entrou no cenário do famoso programa “Quem Quer Ser Um Milionário?”, aquele do filme que ganhou o Oscar e que, no Brasil, foi apresentado primeiro pelo Silvio Santos e depois pelo Luciano Huck. “Aashchary!”, gritaram os anfitriões, inclusive a Dilma deles.

Sem entender direito o que estava acontecendo, mas com cifrões nos olhos, Lula foi logo se sentando diante do apresentador Raj Ananda, interpretado por Rodrigo Lombardi, que lhe explicou rapidamente as regras do programa. Cinco perguntas separavam Lula de mais um milhãozinho (de dólares) na sua conta. “Só um milhão? Ô, Murmu, me dá um bilhãozinho aí que eu mando a Odebrecht manilhar esse esgotão aí fora”, brincou o bhrasht, se referindo ao sagrado rio Ganges e quase causando um incidente diplomático.

Coube à eminência parda Celso Amorim apaziguar os ânimos e explicar aos indianos que Lula provavelmente exagerou no toddy. Que, se você pesquisar, vai aprender que não tem nada a ver com o nosso achocolatado. “Preparado?”, perguntou finalmente Raj. “Que rufem os udukkus!!”

Barco e Departamento de Propina

“Lula, valendo 8.312,50 rúpias, o equivalente a 100 dólares, a primeira pergunta: que nomes estavam escritos num barco encontrado no Sítio de Atibaia?”, perguntou o apresentador. Logo as alternativas apareceram no telão.

A: Eduardo & Mônica
B: Jane & Herondy
C: Gleisi & Lindinho
D: Lula & Marisa

O concorrente-em-chefe fechou os olhinhos e imediatamente foi transportado para aquele tempo em que se dizia a alma mais honesta do Brasil – e os tolos acreditavam. “Essa é fácil!”, disse Lula. Na plateia, vestindo um sari estampado com a estrela do PT, Janja fez bico. É ciumenta, a moça. Depois de um suspense mais falso do que a democracia brasileira, Lula respondeu: “Alternativa 'D'. Lula e Marisa. É nóis!”.

A plateia aplaudiu e o apresentador emendou a segunda pergunta. “Valendo agora mil dólares, qual era o nome da empreiteira que tinha um Departamento de Operações Estruturadas, responsável pelo pagamento de propina a vários políticos?”. Lula abre um sorrisão cafajeste e finge não ter a menor ideia de qual seja a resposta da pergunta. Eis que aparecem as alternativas na tela.

A: Odebrecht
B: Lojas Americanas
C: Varig
D: Friboi

Mas foram tantas as empresas envolvidas em tantos escândalos que movimentaram tanto dinheiro que Lula se confunde e não consegue lembrar. Suspense. Tensão. Será que Lula voltará para casa com apenas cem dólares no bolso? “Acho que vou ter que pedir a ajuda do STF nessa”, diz Lula. O apresentador pergunta se ele tem certeza disso e está prestes a interromper o sono de beleza do Gilmar Mendes quando o intocável-em-chefe responde: “Vou chutar. Alternativa 'A'. Odebrecht”. Mais palmas. E lá vamos nós para a pergunta que vale 10 mil dólares. Depois dos comercias.

Gópi

Voltamos e, só para lembrar você, leitor distraído, quem está tendo a oportunidade de ficar ainda mais rico hoje é o ex-condenado e infelizmente-em-chefe Lula, eleito presidente do Brasil pela terceira vez. Dizem. Ele vai responder agora à pergunta que vale 10 mil dólares. Prestemos atenção. “Agora as perguntas começam a ficar mais difíceis, hein?”, avisa o apresentador. Lula se ajeita na cadeira e toma mais um golinho de toddy. Não o achocolatado. “Como se pode chamar o processo que culminou com a queda da ex-presidente Dilma Rousseff?”, pergunta o Raj. As alternativas são:

A: Impeachment referendado pelo Congresso e STF
B: Misoginia
C: Golpe de Estado
D: Tropeção democrático

Lula fica pensativo. A plateia, apreensiva. No auditório, Janja olha para mim como se me conhecesse de outros carnavais. A entourage petista faz “C” com as mãos, burlando as regras do programa, mas certos da impunidade. Depois de um instante se suspense, Lula responde: “Bom, se é para ganhar um milhão, eu falo a verdade. A resposta certa é a alternativa 'A': impeachment legítimo, referendado pelo Congresso e pelo STF”. Silêncio. “ Tem certeza disso?”, pergunta o apresentador. Lula faz que sim com a cabeça. “Certa a resposta!”.

O amigo do amigo do meu pai

Agora a pergunta que vale 100 mil dólares. “Já dá até para comprar uma bolsa Hermès Birkin nova para a Dona Janja, hein, Lula?”, provoca o apresentador. Lula sorri amarelo. Ou melhor, vermelho. “Que nada. Vou gastar tudo em emenda para comprar deputado da oposição”, diz ele. A plateia ri. O apresentador não entende. Toca a musiquinha e a pergunta aparece na tela: “Entre as provas obtidas na Operação Lava Jato, quem aparece apelidado de ‘o amigo do amigo do meu pai’”?

A: Mefistóffoli
B: O excelentíssimo ministro José Antonio Dias Toffoli
C: Jones Rossi
D: Raimundo Nonato

De repente Lula volta no tempo e vê claramente o rosto imberbe do advogado idealista que circulava pelos corredores da CUT, chorando por ter sido novamente reprovado num concurso para juiz. Uma lágrima daquelas bem crocodilosas escorre de seu olho esquerdo. “Menino bom. Menino obediente”, diz Lula baixinho, antes de estufar o peito para responde e embolsar 100 mil dólares: “Alternativa B: o excelentíssimo ministro José Antonio Dias Toffoli!”.

Depois de uma hesitação falsa, o apresentador diz: “Resposta ê...! Ê...! Ê...! Exata!”. E, como se percebesse que este texto está ficando longo demais, não perde tempo em pedir um novo parágrafo para a pergunta que vale UM MILHÃO! “Só não me venha com pergunta sobre o Bolsonaro”, diz Lula, arrancando gargalhadas da plateia. Assim que se faz silêncio, Raj finalmente joga no ar a pergunta derradeira:

“Quem mandou matar Celso Daniel?”

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