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Bolsa brasileira
Ibovespa chegou ao maior patamar de sua história, aos 126 mil pontos.| Foto: Divulgação

Neste início do mês de junho, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, está no maior patamar de sua história, aos 126 mil pontos. E neste momento, dado o momento do país, muitos questionam as razões. Notícias como inflação elevada, taxa de desemprego altíssima, possível terceira onda de Covid-19 e risco de apagão têm sido divulgadas aos montes nas últimas semanas. No entanto, é preciso que fique claro que bolsa de valores não é necessariamente crescimento de economia de um país.

Os principais índices de um mercado de renda variável refletem a performance de seus respectivos ativos. Note que o Ibovespa atual é composto por 80 empresas, enquanto na bolsa nacional há 430 companhias listadas sendo negociadas. Outro fator relevante é que o principal índice é composto por quase 40% de empresas ligadas a commodities e, mais especificamente, por aquelas de commodities metálicas como Vale, Gerdau, Usiminas e CSN.

O índice de materiais básicos (IMAT) — resultado de uma carteira teórica de ativos do segmento, tem como principais nomes, além das citadas acima, Suzano, Klabin e Braskem —, sobe mais de 27% em 2021, o que indica que este índice sozinho praticamente “carrega o Ibovespa nas costas” no ano. Já outros índices relevantes, como dos setores financeiro e imobiliário, ainda negociam no vermelho no mesmo período. Como efeito de comparação, ao final de maio, o Ibovespa subia 6% nestes primeiros meses do ano.

Outros destaques, a bolsa nacional subiu, em dólares, quase 10% no mês, sendo aquela com principal performance se considerarmos as principais bolsas no mundo. Apesar disso, no ano ela acumula alta de apenas 4,6%, ainda muito atrás dos principais índices dos EUA, por exemplo, que avançam cerca de 10%. Portanto, fica claro aqui que bolsa de valores não é necessariamente o reflexo do crescimento do PIB de um país.

Outro dado que deixa evidente este aspecto é que estimativas do Banco do Brasil mostram que apenas o agronegócio é responsável por 27% do PIB nacional (quando toda cadeia do Agro é considerada), enquanto números do IBGE apontam que apenas 8% da economia é composta por commodities. No entanto, mesmo que a exposição direta das commodities seja pequena na economia brasileira, o impacto total não é, pois outros setores são altamente dependentes dos preços da carne, por exemplo, e portanto, do consumo das famílias. Ademais, as commodities representam 51% das exportações brasileiras, o que tem impacto direto no câmbio e faz dessa uma das razões para termos visto o real se valorizar nas últimas semanas zerando a alta da moeda no ano ante o dólar.

Dessa forma, quando se observa a bolsa como um todo, podemos afirmar que há um mundo de oportunidades, mas sem deixar de lado esse “Brasil das commodities”. Em relação aos fundamentos no mercado de renda variável, ainda acredito que, mesmo diante da alta nos últimos meses, ainda vemos ações baratas quando comparado as suas médias históricas. O que chama atenção a partir de agora é cada vez mais o momento de inflação e possível alta de juros nas principais economias globais, assim como já tem ocorrido por aqui e se, de fato, as reformas andarão no ano que antecede as eleições para presidente do país. Certamente ainda veremos muita turbulência pela frente, mas lembre-se que há muitas oportunidades dentro e fora do Ibovespa.

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