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O futebol de ontem e de hoje
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O jogo da solidariedade, em benefício das vítimas das enchentes no litoral e do terremoto e tsunami no Japão, quinta-feira, na Arena, atraiu 22 mil pessoas. Entre elas Natureza Morta e Beronha. O primeiro para rever Zico em campo; o segundo, para observar Romário:

– Pode ser a solução para o ataque do Atlético.

A partida, terminou empatada pelo “elástico placar”, como diz Natureza, de 5 a 5, demonstrou que o esporte, antes de tudo, deve ser uma prática para aproximar as pessoas, fortalecer a confiança entre elas. Tanto jogadores como torcedores. Sonho impossível? Nem tanto. Há que tentar, insistir.

Para provar a tese, já que Beronha aproveitou para descer o sarrafo nos árbitros, Natureza lembrou que, em priscas eras (sic), e no próprio futebol paranaense, cada clube escalava um jogador para integrar o quadro de árbitros. Para quem duvida, basta ler Futebol/Paraná/História, volume 1, de Levi Mulford Chrestenzen e Heriberto Ivan Machado, lançado em 1991.

Bons tempos

Sob o título Honestidade dos árbitros, o livro de Levi e Heriberto conta que, de 1915 até o final da década de 1930, cada clube indicava um atleta para o quadro de árbitros do campeonato. E os jogadores “mostravam que acima da camisa que defendiam estavam a honestidade e a dignidade do ser humano como árbitro”. Outros tempos, não é mesmo? Entre os jogadores que apitaram jogos estavam Athaide Santos e José Motta Ribeiro. Tentaram moralizar, tentaram. Basta ver que, em passado um pouco mais recente, na véspera de Atletiba, conta a lenda, havia duas iniciativas prioritárias. Enquanto o presidente de um dos clubes ia até a Catedral a pé para fazer promessa para ganhar o clássico, o presidente do clube co-irmão seguia com seu próprio carro para o aeroporto, pronto para “recepcionar” Sua Senhoria, o árbitro, vindo de fora (Rio ou São Paulo).

Mais cortesia

Ainda do livro de Levi e Heriberto: contra clubes de Curitiba, os jogos em Paranaguá aos domingos tinham horário especial devido à saída do trem, pontualmente às 15h30. Começavam às 11h30. Isso para evitar que o time visitante não perdesse o trem. Em Curitiba, aos domingos, os trens partiam para Paranaguá às 17h30. Então, as partidas tinham início às 14 horas.

Inventado pelos ingleses em 1843 e regulamentado em 8 de dezembro de 1863, o futebol chegou ao Paraná em 1908/1909, “importado” por Charles Wright. Ele veio para Ponta Grossa, para trabalhar na Cia. American S. Brasilian Engineering Co., encarregada da construção da ferrovia que ligaria o Paraná a São Paulo e ao Rio Grande do Sul. Segundo Beronha, o Charles conhecia o futebol, mas era um tremendo cabeça de bagre (a confirmar). Em Curitiba, o futebol chegou em 1909, graças a Frederico (Fritz) Essenfelder, que retornava de Pelotas (RS), cidade que “conhecia bem o novo jogo”, como frisa o livro. Aqui, formou um grupo e o futebol prosperou. Pena que, com ele, prosperou mais ainda a violência, a corrupção e o mercantilismo, a expropriação de um esporte realmente popular. Sobre corrupção, Beronha jura que tinha um juiz que apitava uma penalidade máxima e gritava “pênalti!”.

Quando gritava, a boca ganhava a forma de uma gaveta aberta.

ENQUANTO ISSO…


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