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Brincadeira de criança
| Foto: SeaReeds/Pixabay

“Nisto avistaram trinta ou quarenta moinhos de vento dos que há naqueles campos, e assim como D. Quixote os viu, disse ao seu escudeiro:
– A ventura vai guiando as nossas coisas melhor do que pudéramos desejar. Vê lá, amigo Sancho Pança, aqueles trinta ou poucos mais desaforados gigantes, com os quais penso travar batalha e tirar de todos a vida, com cujos despojos começaremos a enriquecer, que esta é boa guerra, e é grande serviço de Deus varrer tão má semente da face da terra.
(...) – Olhe vossa mercê – respondeu Sancho – que aqueles que ali aparecem não são gigantes, e sim moinhos de vento (...).
– Bem se vê – respondeu D. Quixote – que não és versado em coisas de aventuras...”
(Dom Quixote, capítulo VIII, trad. Sérgio Molina. Editora 34, 2010, p. 128)

Na última oportunidade, falei sobre umas brincadeiras de mau gosto, sobre brincadeiras de adultos – de uns que, sendo adultos, não têm mais a graça das crianças, mas talvez não tenham, ainda, a maturidade própria dos adultos. Tentei solucionar, como pude, a questão disputada a respeito de quando e quais brincadeiras são salutares e realmente instrutivas para as crianças, e de quando alguns gracejos estão, na verdade, mais aparentados com a mentira e a malícia. Hoje gostaria de abandonar a disputa e avançar por um terreno, creio, pacífico, falando sobre a brincadeira de verdade, a brincadeira das crianças. Quero tecer comentários breves, relances sobre a grandeza e a profundidade desse singelo gesto infantil, o de brincar.

Uma porção de pais e mães se questiona sobre as brincadeiras dos filhos, em sentidos às vezes diversos: alguns veem as crianças brincando sozinhas tempo demais, de maneira isolada e solitária, o que faz com que se preocupem; outros pensam que esse período que a criança passa “não fazendo nada” é na verdade uma perda de tempo, em que ela não está aprendendo nada, não está fazendo nenhuma atividade “edificante” ou “construtiva”. Outros questionam-se sobre a importância ou não de brincar junto com seus filhos, sobre deverem ou não sentar-se ali no chão com eles – seja porque não sabem muito bem o que fazer ou que tipo de coisa inventar, seja porque não têm lá muita paciência para isso. Qual é a real importância desse tempo de brincadeira? O que a criança está ganhando com aquilo? Quando temos de intervir em suas brincadeiras, e de que maneira fazê-lo?

É preciso declarar, logo de saída, que brincar é coisa séria. A brincadeira está, de algum modo, na própria essência do ser humano, porque está ligada, de algum modo, como veremos em seguida, com a própria maneira como Deus criou o mundo e nos criou. Brincamos desde cedo, desde sempre, desde o recém-nascido que sorri para a mãe e espera a resposta, passando pelo bebê que gosta de esconder e achar, pelo menininho que põe em fila seus carrinhos e caminhões ou a menininha que começa a embalar suas bonecas, até as crianças começarem a interagir entre si e a tentar se adequar à regra de um jogo – no início quebrando-as e não aceitando perder –, e enfim até nós, que brincamos nos esportes, nas artes e, por que não dizê-lo?, nas ciências e até na política. O ser humano pode ser chamado, como o fez o historiador Johan Huizinga em seu belo livro, de Homo ludens.

Podemos perceber, quando a vemos brincar, do que a criança gosta, e o que a incomoda. Em como ela fala com os brinquedos, ou os faz falarem entre si, o que ela está retendo do modo como falam com ela

A brincadeira reflete o interior do ser humano, põe em ação, externamente, algumas de suas dinâmicas interiores, expressa e assim revela seus anseios. Por isso, pela brincadeira da criança nós podemos compreender de que modo ela está enxergando o mundo, e talvez como ela gostaria que ele fosse: podemos ver suas preocupações e seus problemas, aquilo que a afligiu e estranhou, as coisas que lhe parecem impasses a resolver. Podemos perceber, quando a vemos brincar, do que a criança gosta, e o que a incomoda. Em como ela fala com os brinquedos, ou os faz falarem entre si, o que ela está retendo do modo como falam com ela.

Conforme a criança cresça, e a brincadeira imaginativa solitária vá cedendo lugar aos jogos, do mesmo modo estarão refletidas ali, em suas atitudes, todas essas batalhas novas, “com cujos despojos começarão a enriquecer”. Em como a criança lida com as regras de um jogo, com os parceiros de seu time, com a derrota – ou mesmo com a vitória sobre os oponentes – e com as trapaças e fraquezas dos outros, poderemos ver quão bem estão desenvolvendo suas aptidões sociais, seus hábitos virtuosos com relação ao próximo, sua autoestima, a consciência de suas próprias competências, a capacidade de confiar em si mesmo e nos outros. Embora não ignorem a diferença entre a brincadeira e a realidade, o fato é que as brincadeiras e os jogos são, de certo modo, a verdadeira realidade da criança. Estão em questão, ali, coisas muito mais graves do que nós, adultos, podemos agora nos lembrar, e ver... Talvez não sejamos mais “versados em coisas de aventuras”, incapazes já de compreender que, ainda que sejam apenas moinhos de vento, “esta é boa guerra, e é grande serviço”.

Os processos da alma humana têm seu tempo. Para assimilar os fatos do passado, para digerir as frustrações; para nos restabelecermos no presente, firmarmos nossas escolhas e nos acostumarmos às mudanças; para que as possibilidades do futuro se abram diante de nós, como que no horizonte, e nos preparemos para ele; para fazermos projeções, planos – tudo isso tem seu tempo, diferente em cada pessoa, em cada tipo de gente, em cada caso; é o tempo da mente e do coração. Esses processos e esse tempo se dão como que involuntariamente, mesmo quando não estamos conscientemente pensando e fazendo algum esforço por compreender as coisas, mas dão-se muito melhor (e às vezes exigem mesmo) quando há um empenho nesse sentido: é preciso que nós meditemos sobre algumas coisas, que tenhamos a intenção e apliquemos a atenção, um tanto disciplinadamente, de integrar novos dados à nossa visão do mundo, da vida e de nós mesmos. E é quando não somos capazes de fazer isso sozinhos que entra, muito bem-vindo, o auxílio de um terapeuta. Ele vai nos conduzir a meditar, para enfim ligar os pontos, descobrir o que estava velado ou expressar o que estava sintético demais dentro de nós próprios.

A brincadeira é a meditação da criança. É imaginando suas brincadeiras que ela incorpora aquilo que viveu, que integra os fragmentos de aprendizado que recebeu, que lida com os sentimentos novos que começaram a fervilhar em sua alma. É na imaginação da brincadeira que ela vai expressar, para si mesma, o que fora depositado, pelo mundo e por nós, no interior de sua alma, e é brincando que ela vai fazer essa rudimentar elaboração dos dados numa visão do mundo. Brincando, a criança começa a experimentar como se articulam os elementos disponíveis para se viver uma vida, para se escrever a própria biografia: é um ensaio de formação da própria personalidade. E é brincando, ou, com outra palavra mais abrangente, imitando, que as crianças assimilam a maior parte dos conhecimentos que lhes cabem em cada idade, e imitar para aprender é mesmo uma constante essencial no ser humano. Quando a criança encena suas imaginações, imitando os gestos de um animal, de uma profissão, ou de qualquer outra pessoa em uma determinada situação, ela está abrindo em si a possibilidade de ser aquilo ou de fazer aquelas coisas, e será capaz de fazer algo análogo na realidade, quando chegar a hora.

Em inglês, diz-se tanto “brincadeira/jogo” como “peça/teatro” com uma mesma e única palavra: play. E não deixa de ser um pouco curioso como, assim como a brincadeira e a imitação nos fazem compreender aquilo que imitamos e o assimilarmos de verdade, possibilitando que incorporemos uma qualidade ou nos tornemos aquilo que queremos ser, assim também o próprio padroeiro dos atores, São Genésio, ao estudar como se comportavam os cristãos para representar uma sátira diante do imperador e de toda Roma, acabou por tornar-se cristão e ser, como eles, martirizado de verdade. Os atores contam como nunca saem impunes do contato com uma personagem, pois, para representar, precisam encontrar em si algo de análogo àquela figura, fazendo jus à famosa frase de Terêncio, segundo a qual “nada do que é humano me é estranho”. E assim também as crianças vão experimentar pessoas possíveis em quem elas podem se tornar, e antecipar papéis sociais que elas podem vir a desempenhar quando crescerem.

Desde outro ponto de vista, é também uma função dos jogos e das brincadeiras, bem como de qualquer símbolo na psicologia humana, servir de proteção, como uma espécie de sistema de amortecimento. É mais fácil para o espírito humano lidar com algo primeiro de brincadeira antes que de verdade, tratar de algo como se estivéssemos falando de outra coisa, ou fazer algo como se estivéssemos fazendo outra coisa, mas sem perder a conexão analógica, a correspondência que aquilo tem com conflitos mais difíceis e assustadores (quando essa correspondência falha ou se perde, e essa faculdade da mente humana está funcionando mal, é então que surgem as neuroses e histerias, que carecem de tratamento). Por isso alguns comportamentos de imitação dos nossos filhos às vezes não fazem sentido para nós, suspeitamos de sua estranheza, e tememos que haja algo de errado com eles.

Em alguns casos, pode se tratar de um processo de assimilação de algo novo. Lembro-me da história de uma menina de 4 anos, narrada por Bruno Bettelheim no ensaio The Importance of Play (1987), que reagiu ao iminente nascimento de um irmão regredindo, voltando a engatinhar, a querer apenas se alimentar de mamadeira e a fazer xixi nas calças. Estaria ela, talvez, com medo de “perder seu posto” como filha, de perder os cuidados e a atenção dos pais? Fato é que ela começou a imitar um bebê, a se identificar de algum modo com o irmão que iria chegar, tentando dizer, quem sabe, que ele não era mais necessário, já que ela mesma podia ser um bebê. Narra o autor que, em vez de se desesperarem ou de serem duros com ela, os pais acompanharam a garota naquela assimilação até que, em pouco tempo, ela trocou o papel de bebê pelo papel de mãe: começou a brincar todos os dias com uma boneca, mas de uma forma nova, diferente de como fazia antes. Ela passou a brincar como se estivesse cuidado do bebê, incluindo novas demandas e tentando compreendê-las, de modo que, quando o irmão chegou, ela estava pronta para a nova fase que se iniciava em sua família. Não precisamos, aqui, entrar nos detalhes de quais as melhores maneiras de conduzir uma tal situação; basta concordarmos na importância da brincadeira e da imitação.

Mas a brincadeira das crianças não precisa ser apenas esta de que tratamos até agora, em que ela se recreia nas próprias confabulações. Brincar com as crianças, o que significa, em certo sentido, ensinar-lhes a brincar melhor, é a ocasião que nós, pais, temos de transmitir a elas muitas coisas valiosas, e não com explicações ou comandos expressos, mas sutilmente, sob essa forma lúdica que lhes é a mais apropriada e natural. É por isso que não devemos negligenciar esse expediente, e nem delegá-lo a quem não esteja atento ao seu valor. Há momentos, sim, em que devemos deixar a criança “em paz”, para brincar sozinha; mas há outros em que o melhor é nós intervirmos na brincadeira, orientando, corrigindo, modulando, mas não como um elemento externo, que não seria compreendido nem bem aceito, e sim como alguém que brinca junto, e abre, diante dos olhos delas, novas possibilidades de jogo, de imaginação, de diversão e de compreensão.

Brincar com as crianças, o que significa, em certo sentido, ensinar-lhes a brincar melhor, é a ocasião que nós, pais, temos de transmitir a elas muitas coisas valiosas, e não com explicações ou comandos expressos, mas sutilmente

Como se trata de um ambiente descontraído e alegre, a criança está muito mais aberta para aprender, e não há nada de errado em se ensinar brincando e divertindo, como sempre mandaram fazer os sábios e os grandes educadores (leiam em Alcuíno, Boécio, Cassiodoro, Tomás de Aquino...). Participando de uma brincadeira, podemos ensinar a perseverança e a persistência nas tarefas; numa ficção qualquer, podemos orientá-los temporalmente, mostrando quanto demora para cada coisa ser feita, e as etapas das coisas. Respondendo a suas perguntas, ou mesmo propondo novidades, quando vemos a ocasião, nós os ajudamos a fazer as conexões entre conhecimentos que eles já tenham na memória – o que ouviram numa história, o que viram na casa de outra pessoa, algo que aconteceu com alguém... Tudo isso brincando de cozinhar, de consertar um carro, de montar um castelo bem protegido, de atender a um paciente etc. É oportunidade, ademais, de orientarmos o relacionamento entre os irmãos, e de resolvermos intrigas, como eu disse acima, servindo-nos beneficamente da proteção da analogia. Quando fazemos, dentro da brincadeira, com mímica, coisas que jamais faríamos na realidade, como entornar suco imaginário no chão, comer um sapato ou um nariz, ou matar um vilão, além de fazê-los achar graça e rir, nós damos a eles uma modulação adequada das ações, das circunstâncias e dos graus, distinguindo a realidade da imaginação, a possibilidade da concretude. Sobretudo, brincando com eles, e com os brinquedos deles, nós explicitamos mecanismos que acontecem dentro de nós, dentro do nosso espírito e da nossa inteligência, e permitimos que eles os conheçam e os imitem.

É difícil achar tempo para sentar no tapete e brincar um pouco com as crianças, eu sei. E nem sempre só tempo, mas disposição, porque quando temos tempo estamos, em geral, estafados com as pressões e correrias do trabalho e da vida, e não conseguimos sintonizar com algo que, para nós, naquele momento, aos nossos olhos cansados, não é nada, nada mais que bobagem ou tolice de criança. Porém os filhos pedem de nós, não que finjamos ser crianças, mas que sejamos nós mesmos lembrando de “quando éramos crianças”, como diz Saint-Exupéry na dedicatória do Pequeno Príncipe. Senão, corremos o risco de nos tornarmos um personagem desse mesmo livro, o “homem sério” que apenas conta as estrelas como se fossem suas, e que é na verdade um idiota, fixado num sonho menos real que o da criança. Temos de conseguir nos colocar no lugar de quem está preocupado com a guerra imemorial entre os carneiros e as flores, ou então de quem luta a boa guerra contra moinhos de vento.

É esse respeito, esse “levar a sério” a brincadeira que nos fará intervir e interagir da melhor maneira a fim de educá-los, pois essa identificação mostra que compreendemos o que a criança sente, e isso faz com que confiem em nós, e se abram para o que queremos lhes ensinar. Se dizemos “estou ocupado” quando elas vêm nos mostrar um desenho ou qualquer coisa na qual tenham depositado seu canhestro esforço infantil, isso moldará nelas uma visão apequenada sobre si mesmas e sobre a importância de seu esforço, pois que a visão que as crianças têm sobre si mesmas advém, em primeiro lugar, de nós, pais. É ocasião de elogiar, de admirar e incentivar, não o desenho em si, que pode estar pintado torto e amassado, mas a ação de ter se concentrado e concretizado uma evolução, um crescimento, um progresso. A brincadeira é o trabalho das crianças, um trabalho sobre si mesmas, e é justo e necessário que respeitemos o seu trabalho.

E muita gente ainda descuida e tem pouco apreço pela brincadeira das crianças por acreditar que, brincando, estão deixando de aprender coisas, de usar o tempo de maneira construtiva, porque entendem de um modo muito diminuído o que é aprender e o que é aproveitar o tempo, e, na verdade, o que é a própria natureza humana, na qual, como dissemos, o lúdico está imbricado. Um excesso de atividades ou mesmo um excesso de estímulos, com os quais alguns pais pretendem formar seus filhos para um futuro brilhante, na verdade apenas os mantêm continuamente distraídos da atividade primordial – a de sintetizar as experiências, contemplar, se autoconhecer e se autoafirmar como pessoas. Esse excesso os está privando de um tempo para se acostumarem consigo mesmos, para simplesmente serem.

As biografias dos grandes gênios da humanidade não os mostram em nenhum tipo de frenesi de informação, mas sempre à beira de um rio, com um cachorro fiel, sonhando seus próprios sonhos e pensando seus próprios pensamentos. Temos essas ricas oportunidades de ócio, hoje em dia? Digo, não de um ócio vazio, banal, de dispersão, mas de algo que não é nem trabalho nem diversão, que é um trabalho em outro sentido, um trabalho livre, sobre as coisas que mais importam. Nunca é muito lembrar que essa ideia está na raiz da escola, na palavra skholé, “tempo livre”. E mesmo o jardim de infância de Fröbel, o Kindergarten, era isso originalmente, um Spielraum (um “espaço livre para brincar”). Desenvolver uma vida interior, que inclui, nessa idade, fantasiar e sonhar acordado, é uma das atividades mais construtivas que uma criança pode fazer por seu desenvolvimento. Ela pode nos parecer inútil, quando estamos loucos lutando para ganhar a vida e para pôr comida na mesa, mas, assim macerados, qualquer obra do espírito pode nos parecer inútil – por exemplo, a própria oração. Mas devemos fazer o esforço constante por nos interiorizarmos, por nos elevarmos sobre o vaivém desta vida e penetrarmos, com os olhos do espírito, o invisível.

Porque acontece que, segundo a mais segura teologia (S. Theol., IIaIIae, q. 168, art. 2–4), Deus também brinca: Deus cria o mundo brincando, e não é somente o ser humano que pode ser definido como Homo ludens. Sendo imagem e semelhança de seu Criador, também este é um Deus ludens, ou um Logos ludens, nas palavras do professor Lauand. É com bom humor, com um sorriso no canto da boca, é divertindo-se que Deus brinca de pintar e plasmar sua criação. Santo Tomás acredita que quem fala no capítulo 8 do Livro dos Provérbios – “Com Ele estava eu, compondo tudo, e eu me deleitava em cada um dos dias, brincando diante dele o tempo todo, brincando no orbe da terra, e as minhas delícias são estar com os filhos dos homens” – é o próprio Filho de Deus, a Sabedoria divina em quem todas as maravilhas do mundo foram criadas, e que brinca diante do Pai, como um menino. E é Ela mesma, de novo, por meio de sua boca encarnada, quem vai nos convidar a ser assim, crianças que vivem a vida como a se dedicar seriamente a uma brincadeira, a um jogo interior que vai, passo a passo, nos levando a imitá-La: “Se não vos tornardes como crianças, não entrareis no reino dos Céus”.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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