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“Os camponeses foram culpados pela fome soviética, e não o comunismo!”
| Foto: wikimedia commons

O nobre leitor deve estar indignado com este título, e com razão. Eu também fiquei quando ouvi um desses “webcomunistas” fazendo essa alegação quase criminosa: imagine alguém acusar os próprios camponeses pela fome, sendo que eram os próprios camponeses que estavam morrendo de fome... E aos milhões. Todos são culpados por aquela tragédia, menos Stalin e o comunismo.

Mas, como você já deve ter entendido nas minhas colunas anteriores, isso está muito longe da verdade. Agora, vamos derrubar este argumento também, usando a boa e velha ciência. Em 2004 nasce um livro que virou a bíblia dos anos da fome soviética; é o livro The Years of Hunger (Os Anos da Fome), dos professores Robert Davies e Wheatcroft. É um livro extremamente denso e com muitos detalhes minuciosos sobre todo o processo que levou à fome. Na p. 434 eles dizem que “a causa fundamental para a deterioração da agricultura de 1928-1933 foi a incessante pressão estatal nos recursos rurais.” Alguém aí viu eles dizendo os camponeses estão entre as causas principais? Acho que não! Bem, na página seguinte eles continuam, explicando que “para aumentar a produção, um sistema elaborado de coerção foi estabelecido. A remoção dos grãos do campo foi o fator crucial no declínio do gado, que começou em 1929 e continuou até 1933.”

A maior parte das dificuldades agrícolas não foi atribuída a erros na política. Em vez disso, as maquinações dos kulaks e de outros inimigos do regime foram responsabilizadas pelos problemas.

Mas lembra quem os comunistas dizem que foram os principais culpados pela fome e morte dos gados? Os camponeses que estavam fazendo sabotagem matando os próprios gados. Que loucura, né?! Mas será que os professores Davies e Wheatcroft concordam com isso? Comente aí o que você acha! Bom, vejamos na página 435 o que eles dizem: “Em 1930, a coletivização prosseguiu de forma implacável, e esquemas impraticáveis ​​foram aplicados para a socialização completa do gado e também dos grãos. Mesmo com uma boa colheita, as fazendas coletivas não tinham garantido nem um mínimo retorno pelo seu trabalho. A maior parte das dificuldades agrícolas não foi atribuída a erros na política, ou mesmo tratada como um custo necessário de industrialização. Em vez disso, as maquinações dos kulaks e de outros inimigos do regime foram responsabilizadas pelos problemas, e a resposta avançou para uma organização mais firme da agricultura por parte do Estado e de seus agentes.”

A brutalidade fez parte do regime comunista desde sempre. Na hora de coletivizar as fazendas, a violência foi generalizada: e da forma mais descontrolada possível. O modo de vida e cultura do campesinato foi devastado por isso. E foi isso que levou àquela catástrofe humanitária que matou milhões de pessoas na União Soviética.

Culpar os camponeses, mesmo os camponeses prósperos, chamados de kulaks, é bizarro e desonesto demais até para comunistas que vivem de mentiras. Mas a União Soviética sabia bem da desgraça que tinha causado e tentou de todas as formas esconder isso do seu próprio povo e do mundo. Portanto, nos anos 30 eles começam uma série de falsificações e adulterações nos censos que manchariam ainda mais uma reputação que já era das piores. Não perca nossa última coluna da série sobre o Holodomor aqui na Gazeta do Povo.

Conteúdo editado por:Bruna Frascolla Bloise
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