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Se condenado por todos os crimes, a pena do ex-deputado pode variar de 15 a 30 anos de prisão | Henry  Milleo - Gazeta do Povo
Se condenado por todos os crimes, a pena do ex-deputado pode variar de 15 a 30 anos de prisão| Foto: Henry Milleo - Gazeta do Povo

Relembre o caso

O acidente envolvendo o ex-deputado ocorreu na madrugada do dia 7 de maio. Carli Filho dirigia um Volkswagen Passat de cor preta, que acabou batendo contra um Honda Fit de cor prata. Os ocupantes do Fit, Gilmar Rafael Yared, de 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20, morreram na hora.

O caso ganhou repercussão nacional após a Gazeta do Povo revelar que Carli Filho tinha 130 pontos na carteira de habilitação e do exame do Instituto Médico Legal(IML) informar que ele conduzia o veículo em estado de embriaguez. O caso expôs um histórico de multas de políticos e de 68 mil cidadãos que dirigiam com a carteira de habilitação suspensa.

No dia 29 de maio, Carli Filho renunciou ao cargo de deputado estadual. O pedido oficial da renúncia foi encaminhado ao presidente da Assembleia, Nelson Justus (DEM), e Carli Filho perdeu o foro privilegiado. O ex-deputado prestou depoimento à polícia no apart hotel onde estava hospedado em São Paulo no dia 9 de junho. Ele disse não se lembrar de nada do acidente.

No dia 11 de agosto, após três pedidos de prorrogação de prazo, o delegado Armando Braga de Moraes concluiu o inquérito e indiciou Carli Filho por duplo homicídio com dolo eventual.

O ex-deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho foi denunciado à Justiça por duplo homicídio qualificado com dolo eventual por ter provocado o acidente que matou dois jovens no dia 7 de maio em Curitiba. O Ministério Público do Paraná (MP-PR) protocolou a denúncia no final da tarde de quarta-feira (26). Ainda na manhã desta quinta-feira (27), o juiz Carlos Henrique Licheski Klein determinou o envio dos autos para distribuição a uma das duas Varas de Delitos de Trânsito do Tribunal do Júri de Curitiba.

Carli Filho foi denunciado ainda por dirigir embriagado e violar a suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O documento foi assinado pelos promotores de Justiça Danuza Nadal e Marcelo Balzer Correia. Na denúncia, os promotores destacaram a alta velocidade em que o ex-deputado dirigia no momento do acidente. Laudos do Instituto de Criminalística (IC) apontaram que Carli Filho estava entre 161 km/h e 173 km/h, cerca de 188% superior a máxima permitida no local que é de 60 km/h.

Em razão do violento impacto, as duas vítimas sofreram politraumatismos. "Em 14 anos de atuação no Ministério Público do Paraná, sendo os últimos dois na Promotoria de Delitos Trânsito, este foi o caso de infração praticada no trânsito mais violento em que atuei", afirmou Danuza.

Os promotores denunciaram o ex-parlamentar por homicídio qualificado, por entender que as vítimas não tiveram chance de defesa. Carli Filho havia sido indiciado pela Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran) no inquérito policial que investigou o acidente. O delegado Armando Braga de Moraes, que comandou as investigações policiais, concluiu que o ex-deputado foi responsável pela colisão e que apesar de não ter a intenção de matar, assumiu o risco de provocar o acidente.

"Confio na Justiça e espero que a resposta penal seja repressiva e proporcional à gravidade do crime praticado. Também espero que seja educativa, para que o denunciado e outros motoristas adotem maior cautela ao dirigir e comecem a pensar o veículo somente como um meio de transporte e não como instrumento para ceifar vidas humanas", relatou a promotora.

O advogado Elias Mattar Assad, que representa a família de Gilmar Rafael Yared, uma das vítimas, disse que não pretende questionar nem ponto da denúncia. "A denúncia foi muito fiel aos fatos que ficaram provados no inquérito, é muito técnica. Isso prova que as instituições estão funcionado", afirmou.

Procedimento

Segundo o MP, o juiz da Vara do Tribunal do Júri deverá determinar que os advogados de Carli Filho apresentem a defesa do acusado. A partir daí deverá ser marcada audiência com as testemunhas e o interrogatório do réu. Só então o juiz decidirá se o caso vai a júri popular ou não.

Caso Carli Filho seja condenado por todos os crimes que lhe foram imputados na denúncia, poderá receber pena mínima de 15 anos e máxima de 30 anos. Ainda poderá ter o direito de dirigir suspenso por prazo entre dois meses e cinco anos. Por se tratar de homicídio qualificado, crime considerado hediondo, caso ele seja condenado deverá cumprir pena inicialmente em regime fechado.

A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com o advogado Roberto Brzezinski Neto, que representa Carli Filho. O advogado informou que ainda está analisando o processo e só se pronunciará na próxima semana.

Assista abaixo à simulação produzida pela Polícia Científica que mostra como foi o acidente envolvendo o deputado Carli Filho. Clique em "play" e aguarde o carregamento do vídeo

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