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Arthur Lira - presidente - câmara
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), descartou reação do Legislativo contra operações policiais que tiveram deputados e Jair Bolsonaro como alvos.| Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados.

Sob forte pressão da oposição para reagir às recentes operações da Polícia Federal (PF), autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que tiveram como alvos Jair Bolsonaro (PL) e deputados aliados do ex-presidente, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), finalmente quebrou o silêncio. Ele, contudo, preferiu lavar as mãos em relação aos episódios e manter uma postura de aparente neutralidade e distância deles.

Em entrevista à revista Veja na noite do domingo (11), pouco antes de participar do desfile da Beija-Flor no Carnaval do Rio de Janeiro, Lira declarou após ser questionado sobre o fechamento do cerco judicial contra Bolsonaro e outros políticos, além de militares: "É com a PF e com a Justiça. Vamos deixar que elas corram dentro da normalidade jurídica. Não há nenhuma postura que o Congresso possa adotar após ações da PF. Existem as ações políticas e jurídicas do Congresso, leis que são votadas para resolver as situações".

O enredo da escola de samba de Nilópolis (RJ) fez uma homenagem a Maceió (AL), cidade natal de Lira. "Momento histórico para nossa capital e para o estado de Alagoas", escreveu.

As declarações de Lira no sambódromo provavelmente aumentarão a insatisfação da oposição, especialmente da bancada do PL, no retorno das atividades parlamentares após o Carnaval. Os oposicionistas também estão pressionando o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), por uma resposta ao que consideram ser uma escalada acelerada do ativismo judicial e uma colaboração do STF com o governo para inibir e silenciar a oposição em pleno ano eleitoral. Em tensão com o Palácio do Planalto por conta de vetos a emendas de comissões parlamentares no Orçamento, Lira se reuniu com o presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) na última sexta-feira (9) para "selar a paz".

Pressão sobre Lira e Pacheco deverá crescer após o Carnaval

Apenas neste ano, três operações da PF visaram diretamente aliados de Bolsonaro, além de sua família e o próprio ex-presidente. Todas elas obedeceram a mandados de busca, apreensão e até de prisão determinados por Moraes.

Duas das ações, contra os deputados Carlos Jordy (PL-RJ), líder da oposição, e Alexandre Ramagem (PL-RJ), incluíram buscas em seus gabinetes na Câmara, o que gerou especial indignação de parlamentares da oposição e até da base do governo. Eles enxergaram nas ações invasão das prerrogativas do Legislativo pelo Judiciário e ameaça à normalidade democrática.

A falta de manifestação de Lira e Pacheco sobre essas investidas tem aumentado a insatisfação de congressistas e podem interferir no jogo de poder das duas Casas Legislativas, na perspectiva da eleição de novos comandos em 2025. Em ano de eleições municipais, a operação da PF que envolveu Jair Bolsonaro, seus principais aliados e o presidente de seu partido (PL), Valdemar Costa Neto, o que pode ter impacto direto nos planos para as campanhas e na atuação do partido no Congresso.

Uma das principais medidas autorizadas por Moraes, relator do inquérito no STF relacionado à operação, é que os envolvidos na investigação não se comuniquem ou tenham qualquer tipo de contato entre si, incluindo Bolsonaro e o presidente de seu partido. A impossibilidade de coordenação da ação política entre o presidente do partido, liberado no domingo (11) após ser preso na quinta-feira (8) durante a operação Tempus Veritatis, e quem deveria ser o seu principal cabo eleitoral pode influenciar negativamente no desempenho almejado por Valdemar nas urnas.

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