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Agricultores do Sul do Brasil trabalham com quilo de barro nas botas. | André Rodrigues/Gazeta do Povo
Agricultores do Sul do Brasil trabalham com quilo de barro nas botas.| Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo

As chuvas insistem em cair todos os dias nas regiões agrícolas do Sul e do Centro-Oeste e chegam tardiamente entre o Sudeste e o Nordeste nos próximos dias. O quadro é atribuído ao fenômeno El Niño, que já foi apelidado de Bruce Lee e agora é chamado de “monstro”.

  • O gaúcho Ademir Testa faz aplicação de glifosato com barro nas rodas do trator numa lavoura de soja que ainda não nasceu em São José do Ouro, Norte do Rio Grande do Sul.
  • O catarinense José Nicolau Ludwig estende a mão para sentir a chuva em Abelardo Luz. Oeste catarinense registra o dobro da chuva esperada para esta época do ano.
  • Sementes depositadas no solo nos últimos dias completam plantio, que está nos 10% finais em todo o país. A última região a plantar será a dos estados de Maranhão, Tocantins e Bahia.
  • Curvas de nível, construídas para deter a erosão, se tornam corredores de água no Oeste do Paraná. Se não fossem essas barreiras, a terra iria parar no leito dos rios.
  • Tempestade toca o solo na região de Juranda, entre Campo Mourão e Cascavel. Produtores registraram 400 milímetros de chuva em um mês, o dobro do volume que consideram normal.
  • As colheitadeiras vão entrar em ação em janeiro. Até lá, gatos evitam que ratos se criem nos armazéns.
  • A Expedição Safra está fazendo sondagem das tendências do plantio e segue com roteiros até abril, quando deve ser definido o volume da colheita.
  • O produtor Dirceu Kehrwald, de Cascavel, conta que teve de fazer verdadeiro malabarismo para concluir o plantio entre uma chuva e outra.
  • Botas carregam quilo de barro em região de solo argiloso, no Oeste do Paraná.
  • Os rios sobem e as pontes de acesso às zonas agrícolas ficam cobertas de barro na zona rural em todo o Sul do Brasil.

Depois de provocar apodrecimento de raízes em plantações de soja do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, o clima fortemente influenciado pelo El Niño atrasa o plantio entre a porção central e o Nordeste do país – onde a semeadura da soja deveria estar no final mas mal passou da metade.

E a informação de que o fenômeno deve se estender até a colheita ganha adicionais. Os cientistas norte-americanos têm um recado para todos que estão se preparando para os eventos de um dos fenômenos El Niño mais forte já registrado: acostumem-se.

Enquanto o El Niño oscila em um ciclo mais ou menos anual, outra dinâmica na temperatura das águas do Oceano Pacífico, conhecida como a Oscilação Decadal do Pacífico (PDO, na sigla em inglês), tem o potencial de acelerar o aquecimento global e aumentar a severidade dos episódios de El Niño, observam.

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Aposta dos catarinenses é na soja, como em todo o país. Mas, como o estado não pode plantar o cereal no inverno, acaba se tornando cliente assíduo dos vizinhos

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“Quando você realmente tem um El Niño monstro, isso pode ser suficiente para virar a PDO em uma nova fase por uma década ou mais”, disse William Patzert, climatologista do Laboratório de Propulsão de Jatos da NASA, na Califórnia. “Mantenha os olhos abertos porque talvez estejamos em uma transição decadal.”

Antes de janeiro de 2014, o mundo passou por um período de 15 anos em que as temperaturas ficaram mais frequentemente abaixo das médias no Pacífico, de acordo com dados mantidos por Nathan Mantua, cientista atmosférico do Instituto Conjunto de Estudos da Atmosfera e Oceanos, da Administração Atmosférica e Oceânica Nacional dos EUA (NOAA, na sigla em inglês).

Aquele período viu apenas fenomênos El Niño moderados. Durante os 21 anos anteriores, os valores da oscilação do Pacífico foram majoritariamente positivos, um período que coincidiu com os El Niños de 1982/83 e 1997/98, dois dos maiores já registrados.

Agora, cientistas estão começando a imaginar se o período de 15 anos de relativa calma do El Niño está chegando ao fim, marcando o início de uma era mais quente, com mais tempestades, semelhante às dos anos entre 1980 e 1990.

“É mais provável que teremos uma mudança de fase e permaneceremos em território positivo”, disse Kevin Trenberth , do Centro Nacional para Pesquisa Atmosférica dos EUA em Boulder, Colorado.

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