China e Hong Kong aumentaram as importações de carne suína vinda do Brasil em 123% (com 13,6 mil toneladas) e 40,5% (11,8 mil toneladas), respectivamente.| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Com 45,3 mil toneladas exportadas (redução de 16,8% na comparação com janeiro de 2017), o ano poderia ter começado muito pior para a suinocultura brasileira. E só não foi assim graças à China, com seus 1,4 bilhão de habitantes, e Hong Kong, que aumentaram as importações de carne suína vinda do Brasil em 123% (com 13,6 mil toneladas) e 40,5% (11,8 mil toneladas), respectivamente.

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O apetite dos asiáticos ajudou a compensar a ausência dos nossos principais clientes na lista de compradores: os russos.

No final de novembro do ano passado, em decisão polêmica, numa possível ‘retaliação’ envolvendo mercado de trigo, o governo da Rússia decidiu embargar a carne suína nacional, alegando ter encontrado uma substância proibida em algumas amostras. Àquela época, o gigante euroasiático já havia importado 252,43 mil toneladas ou 42,6% do volume total embarcado em 2017.

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“O setor de suínos entrou em um novo momento, com menor dependência das vendas para o Leste Europeu, diminuindo os efeitos do embargo russo. As exportações para a China neste início do ano, inclusive, superaram a média dos embarques realizados para a Rússia no primeiro mês dos últimos cinco anos”, explica Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Peso do gigante

Embora a participação dos asiáticos tenha sido fundamental para equilibrar a balança, o suinocultor Itamar Canossa, que é diretor da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat) em Sorriso, salienta que ainda não é possível imaginar o mercado sem a participação dos russos.

“A China é um mercado que está se abrindo”, comenta. “Nós mesmos recebemos uma comitiva aqui interessada diretamente na carne suína. Eles vêm somar, mas a gente sabe que o mercado russo é muito volumoso. Para compensar essa parada russa não é simples.”

O diretor da Acrismat pontua, ainda, que a decisão russa foi mais política do que técnica. “Foi uma desculpa, pode ter acontecido em alguma amostra, mas coisa mínima. Eles já estavam abastecidos e iriam parar com as importações, porque todo ano eles param. Os portos não têm condições de receber navios nessa época.”

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Canossa salienta, porém, que a participação russa nas exportações brasileiras já foi maior e, em outros tempos, o estrago poderia ter sido muito maior. “Numa cortada, eles já jogaram os preços em 50% para baixo. Hoje não impacta tanto e eles vão precisar de carne”, diz.

Para o presidente da ABPA, a tendência é de que a diversificação ajude, inclusive, a ampliar os embarques na comparação com o ano passado. Outros mercados também aumentaram suas importações no primeiro mês do ano, como Uruguai, que importou 3,1 mil toneladas (+30%); e Angola, com 2,5 mil toneladas (+7%). “Os embarques de carne suína devem ser impulsionados neste ano pelas vendas para a Coreia do Sul, que está prestes a abrir seu mercado. Há, também, sinalizações de interesse vindas do Peru e do México”, explica Turra.