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O seguro obrigatório DPVAT, que cobre lesões e mortes em acidentes de trânsito, pode estar com os dias contados. A nova superintendente da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Solange Vieira, declarou favorável ao fim do modelo atual de cobrança.

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Segundo ela já foram identificados alguns problemas no sistema, com um índice elevado de denúncias, além do funcionamento sobre uma estrutura de monopólio.

"Isso nos dá uma sensação de desconforto e estamos pensando em como podemos regular um novo modelo que atenda melhor a população", ressaltou a superintendente, que assumiu a autarquia há dois meses.

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Solange informou que houve uma convocação da Câmara dos Deputados para discutir o assunto nos próximos dias e a Susep participará para tornar a discussão pública.

O 'Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres', abreviado para DPVAT, é pago anualmente por todos os proprietários de veículos. Ele é administrado por um consórcio de seguradoras privadas, apesar de ser uma taxa cobrada pelo poder público.

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O nome desse consórcio é Seguradora Líder, e atrás dela estão gigantes como Bradesco, Porto Seguro, Caixa Seguros e Banco do Brasil, entre outras.

“Ele tem um alto índice de reclamações e cria uma série de problemas por ser um monopólio”, afirmou a superintendente. O órgão é o regulador das seguradoras no Brasil e está em posição de exigir mudanças no seguro obrigatório.

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O fim do DPVAT não significa o fim da cobertura a vítimas de acidente de trânsito, mesmo a de pedestres não habilitados a dirigir. A alternativa que se busca seria desarticular o monopólio que fica sob controle da Seguradora Líder, que foi alvo de investigação da Polícia Federal sob a acusação de fraudes (leia mais abaixo)

Solange Vieira apontou como uma possibilidade a livre escolha do dono do veículo para contratar a seguradora para esse fim, como ocorre em outros países.

O que diz a Seguradora Líder

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A Seguradora Líder disse que “acredita que o atual modelo de operação e gestão do Seguro DPVAT pode, e deve, ser aperfeiçoado”.

A partir de um estudo da McKinsey & Company, que analisou o seguro de acidentes de trânsito em 36 países, “foi produzido um documento com 19 propostas para o aprimoramento do modelo de gestão do Seguro DPVAT e encaminhado à Susep, assinado conjuntamente com a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg) e a Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg).

A Líder propõe, por exemplo, que a indenização máxima passe de R$ 13.500 para R$ 25.000. A revisão dos valores do Seguro DPVAT depende de mudança na legislação, uma vez que são definidos pelas leis 6.194/1974 e 11.945/2009.

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Segundo a empresa, os valores das indenizações para as três naturezas cobertas pelo Seguro (morte, invalidez permanente – total ou parcial – e despesas médicas e suplementares) não são reajustados há mais de 12 anos.

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Além disso, a Seguradora integra a comissão especial criada pela Susep com o intuito de debater melhorias no atual modelo do seguro obrigatório de acidentes de trânsito do Brasil. Foram realizados diversos encontros e um relatório preliminar já foi disponibilizado no site da Susep.

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Fraudes alcançaram R$ 4,8 bilhões

A Operação Tempo de Despertar, da Polícia Federal, revelou fraudes no Seguro DPVAT. Segundo a investigação, foram arrecadados R$ 4,8 bilhões indevidamente pelo Estado para o conglomerado de empresas privadas que compõe o consórcio.

Também se descobriu uma complexa cadeia, com diversos atores diferentes, operando um esquema de desvio das verbas a partir de pedidos falsos de indenização.

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O resultado dessas apurações teriam resultado em três anos de quedas consecutivas nos prêmios cobrados pelo seguro - 37% na média em 2017; 21%, em 2018 e 63,3% em 2019. Dependendo da categoria, a redução chegou a 79% neste ano.

Já o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) justificou no fim ano passado que a forte queda dos prêmios tarifários se deve ao fato de o valor de recursos acumulados em reservas ter sido superior às necessidades de atuação do Seguro DPVAT. E também pelo combate sistemático às fraudes realizado pela própria Seguradora Líder.

À época, o Ministério da Fazenda, do qual faz parte o CNSP, informou que são pagos R$ 2 bilhões de indenizações de DPVAT por ano no Brasil.

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