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Qual era mesmo o tema de abertura da novela "O astro"? E de "Os ossos do Barão"? E quem cantava mesmo "Lindo balão azul" no especial infantil "Pirlimpimpim"? Mais que responder essas curiosidades, a série "Som Livre Masters - Trilhas" resgata em 26 CDs um período marcante do casamento TV-música no Brasil. Organizada pelo titã pesquisador Charles Gavin, a série cobre de 1971 ("O homem que deve morrer") até 1993 ("TV Colosso"), o que vai provocar suspiros nostálgicos em várias gerações. Gavin, porém, esclarece que os relançamentos representam muito mais que um simples exercício de saudosismo.

- Tem um verso de Paulinho da Viola que eu tomo como lema: "Quando eu penso no futuro não esqueço meu passado" - cita. - Esse trabalho também é importante, então, porque faz circular um repertório que já estava esquecido, que pode ganhar novas interpretações. Quando relancei o "Estudando o samba", de Tom Zé, as pessoas voltaram a prestar atenção no disco, a cantar suas músicas.

O critério de seleção passou, naturalmente, pela memória afetiva de Gavin ("Grande parte da minha geração viu essas novelas", diz). Mas ele lembra que isso foi o menos importante.

- Minha ligação afetiva é o último quesito que levo em consideração. O mais importante é a relevância histórica e artística. Consulto amigos pesquisadores daqui, do Japão e dos Estados Unidos para saber qual disco interessa mais - explica. - O arquivo da Som Livre tem coisas maravilhosas como "Cuca legal", "Cavalo de aço"... A trilha de "Supermanoela", de Antônio Carlos e Jocafi soa moderna até hoje. E tem programas como "A era dos Halley" que tem um grande valor histórico, com músicas do Barão Vermelho, dos Titãs e do Legião Urbana feitas para o especial.

Gavin ressalta que o trabalho de recuperação dos áudios poderia ter sido mais fácil.

- Nos anos 90, a gestão anterior da Som Livre pegou muita coisa do arquivo, digitalizou sem os cuidados que temos hoje e jogou fora as masters (originais). Isso nos deu um trabalho muito maior na recuperação do som para conseguir extrair uma boa qualidade dos discos - lamenta. - Mas estou muito satisfeito com o resultado.

Passear pelos CDs da coleção rende boas horas de deleite ou, ao menos, diversão. Não apenas pela qualidade musical, no geral de alto nível. Em primeiro lugar, há o sabor de raridade e surpresa nas trilhas pouco conhecidas de duplas famosas. "O bofe", de 1972/73, traz Roberto e Erasmo quase irreconhecíveis em canções como o baião-black "Fala Dorival" e o funk tropical "Moço". Já "O rebu" é da dupla Raul Seixas e Paulo Coelho. Tem tema instrumental de Coelho ("Senha") e Alcione cantando um atípico bolero da dupla ("Planos de papel"). Merece destaque ainda a refinada trilha de "O semideus", de Baden Powell e Paulo César Pinheiro.

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