Jardim Botânico é a atração turística mais famosa de Curitiba, mas a cidade quer mostrar que tem muito mais a oferecer com o turismo inteligente.| Foto: Luiz Costa/SMCS
  • Por A.Yoshii e Elo apresentam Curitiba 331 Anos
  • 27/03/2024 20:09
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Curitiba comemora 331 anos em 2024. Para celebrar, Gazeta do Povo, A.Yoshii e Elo Empresas apresentam uma série de conteúdos que destacam por que a capital paranaense é a cidade mais inteligente do mundo. Entenda como Curitiba emprega o turismo inteligente para atrair mais visitantes.

Uma foto em meio aos canteiros, com a estufa do Jardim Botânico ao fundo, provavelmente é a maior amostra de que uma pessoa visitou Curitiba. É quase obrigatório fazer um registro em frente a esse, que se tornou o principal cartão postal da capital paranaense. Porém, quem vive aqui sabe que a cidade tem muito mais a oferecer.

Além do Jardim Botânico, Curitiba tem quase 50 outros parques tão lindos como ele, como o Tanguá, Barigui e Tingui. Também tem memoriais para as várias migrações que construíram a cidade: italiana, japonesa, árabe, polonesa, ucraniana. É possível cruzar continentes indo de uma esquina para outra em Curitiba.

A capital paranaense também oferece um belo Centro Histórico e Rua das Flores, a primeira rua só para pedestres do Brasil. Também tem inúmeras atrações culturais, como o Museu Oscar Niemeyer e o Museu Paranaense, além da Ópera de Arame e da Pedreira Paulo Leminski. Para aqueles que gostam de tirar fotografias, a Torre Panorâmica oferece cliques tão bons quanto a famosa estufa, com sua arquitetura art-déco.

Isso sem falar na estrutura de serviços da cidade, com centenas de hotéis, restaurantes, cafés e o Mercado Municipal. E precisamos lembrar que é muito fácil se deslocar para todas essas atrações com o conhecido sistema de mobilidade urbana de Curitiba.

A maioria desses espaços foi criada para atender aos próprios curitibanos, que aproveitam os parques, programação cultural e serviços diariamente — e que provavelmente já conhecem toda a lista acima.

A grande questão é que tudo isso também pode atrair turistas do Brasil e do mundo — muito além de uma foto na estufa do Jardim Botânico e de comprinhas na Feira do Largo da Ordem. Agora, Curitiba quer se posicionar como um destino turístico inteligente. A seguir, a gente explica o que isso quer dizer.

Série de Conteúdos 331 Anos: entenda por que Curitiba é a cidade mais inteligente do mundo.

Curitiba no cenário dos destinos turísticos inteligentes

É verdade que Curitiba já atrai uma quantidade considerável de turistas: foram 7,4 milhões de pessoas, segundo números divulgados pela Prefeitura em 2023.

As motivações para visitar a capital paranaense são diversificadas: 28,4% vêm a negócios ou por outros motivos profissionais, 22,9% visitam amigos ou familiares, enquanto 22,5% estão em Curitiba a lazer. Em todos esses públicos, 3,2% das pessoas vêm do exterior. As estadias costumam durar três dias, com um gasto médio de R$ 372 por diária — o que já oferece uma indicação do potencial econômico do turismo para Curitiba.

Leia mais: Eficiência energética: saiba como Curitiba se prepara para um futuro sustentável 

No turismo de negócios, principalmente, Curitiba é uma referência nacional. É a terceira cidade do país que mais recebeu viagens corporativas em 2023 — ultrapassando Brasília, com um aumento de 13% na quantidade de diárias e 21% no total de pernoites, de acordo com dados apresentados no Fórum Panrotas 2024.

Mas apesar dos bons indicadores, Curitiba pode ir além e ser um destino turístico inteligente. A inspiração vem dos vários prêmios que tem ganhado como uma cidade inteligente, que incorpora a tecnologia e inovação para melhorar a administração e os serviços públicos. Em 2023, ela foi reconhecida como a "Cidade Mais Inteligente do Mundo" em uma premiação em Barcelona.

Dito isso, o que seria um destino turístico inteligente?

A ideia é semelhante a das cidades inteligentes e dos ecossistemas de inovação — isto é, criar um movimento para reunir entes públicos e privados em prol do turismo na cidade. Prefeitura, órgãos públicos e atrações turísticas, somando forças com empresários da gastronomia, hotelaria e serviços, além das instituições de ensino e incentivo aos negócios.

A partir disso, a ideia é criar um planejamento estratégico em longo prazo para a área, com o objetivo de aproveitar todas as potencialidades do turismo local. E transformando-se em um destino turístico inteligente, a cidade também se compromete a gerenciar seus processos e suas atrações de forma inovadora e sustentável.

Em última instância, o objetivo disso tudo é gerar mais negócios para a cadeia do turismo local e, assim, melhorar a qualidade de vida da população. Um objetivo nobre, com certeza.

O Memorial de Curitiba, no centro da cidade, é um dos pontos de encontro do ecossistema do turismo local.| Foto: Foto: José Fernando Ogura/SMCS

Articulação nacional e o ecossistema local

O conceito de destino turístico inteligente ganhou força em Curitiba com a chegada do projeto DTI Brasil. Trata-se de uma iniciativa do Ministério do Turismo (MTur), que visa impulsionar o segmento em todo o país. O MTur pretende criar uma metodologia própria do Brasil para esse conceito que é internacional, buscando também capacitar os gestores locais dos destinos.

Em 2023, o DTI Brasil iniciou um projeto-piloto com 10 cidades, incluindo Curitiba. As outras participantes são Recife (PE), Salvador (BA), Rio de Janeiro e Angra dos Reis (RJ), Brasília (DF), Campo Grande (MS), Florianópolis (SC), Rio Branco (AC) e Palmas (TO).

A partir disso, Curitiba começou a delinear um plano para se tornar referência mundial de DTI até 2030. Segundo o comitê local, o plano envolve encantar os turistas com as "curitibanices", gerar experiências memoráveis e proporcionar um turismo inovador, tecnológico, sustentável e acessível, que colabore para o desenvolvimento e qualidade de vida locais.

E como o conceito de turismo inteligente se inspira no de cidades inteligentes, o plano inclui a criação de um ecossistema do turismo.

Em Curitiba, esse ecossistema inclui 54 participantes de 25 entidades. Ele atua em nove eixos estratégicos, todos indispensáveis ao estímulo do turismo local: governança, sustentabilidade, inovação, tecnologia, marketing, criatividade, mobilidade, segurança e acessibilidade. A partir desses eixos estratégicos, o ecossistema se reúne mensalmente para planejar ações, além de atuar em Grupos de Trabalho (GTs), que sugerem melhorias em toda a cidade.

Os estímulos governamentais ao turismo inteligente em Curitiba

Quando falamos de estrutura para o turismo em Curitiba, a primeira imagem que vem à mente é a dos ônibus da Linha Turismo. Inaugurada em 1994, a linha recebeu 76 mil passageiros só nos cinco primeiros meses de 2023 — 14 mil a mais que no ano anterior. Porém, as iniciativas da Prefeitura de Curitiba para incentivar o turismo local vão muito além disso.

O Imposto sobre Serviços para os setores de eventos e turismo, por exemplo, foi reduzido em 2017 — o que estimula a realização de shows, feiras e congressos em Curitiba.

Desde 2020, em especial, a administração pública está reforçando suas estratégias junto ao Instituto Municipal de Turismo (IMT) e à Agência Curitiba de Desenvolvimento, com o auxílio de instituições de fomento como o Sebrae-PR e a Fecomércio-PR.

Entre essas estratégias podemos destacar o programa Escola de Turismo, que visa qualificar os empresários e trabalhadores do setor. Desde o início das suas atividades, em 2022, mais de quatro mil estudantes já passaram pelo programa.

Em 2023, Curitiba recebeu 65 totens com informações em suas principais atrações turísticas: além de textos em português e inglês, eles têm fotos, um mapa para outros totens na região e QR Codes para quem quiser saber mais detalhes.

Nesse sentido, a cidade também investiu nos portais Guia Curitiba, Curitiba Criativa, além da vitrine digital da Feira do Largo da Ordem.

Linha Turismo foi criada em 1994 e transporta milhares de turistas por Curitiba, todos os anos.| Foto: Foto: Hully Paiva/SMCS

Para os curitibanos e para os turistas

É interessante observar que algumas ações que impactam diretamente os curitibanos podem servir também aos turistas. É o caso do Wi-Fi Curitiba, rede de internet pública e gratuita que está disponível em mais de 210 pontos por toda a cidade.

Também é o caso da Muralha Digital, aparato tecnológico de segurança que inclui mais de 1,9 mil câmeras em locais estratégicos e um grande Centro de Controle Operacional. Assim como os curitibanos estão mais seguros — com diminuição de até 40% nas ocorrências em alguns locais —, os turistas também podem aproveitar a cidade sem medo.

Divulgação de experiências tipicamente curitibanas

Como dizem que "a propaganda é a alma do negócio", Curitiba também começou a divulgar seus atrativos para chamar a atenção dos turistas.

Em 2023, lançou uma campanha de marketing com um jingle que destaca a multiplicidade de experiências que a capital paranaense oferece. E em parceria com a CCR, concessionária que administra o Aeroporto Afonso Pena, fez anúncios no metrô de São Paulo.

Mas além da publicidade, Curitiba está pensando estrategicamente nas épocas em que pode atrair mais turistas. O Natal de Curitiba – Luz dos Pinhais já se tornou um case de sucesso nesse sentido. Em 2023, a programação teve 47 dias e somou 100 atrações gratuitas: shows de luzes, espetáculos musicais, balés e mais de 40 árvores de Natal por toda a cidade. Cerca de 1 milhão de pessoas, entre moradores e turistas, aproveitaram a programação.

Com o sucesso do Natal, a Prefeitura começou a transformar Curitiba em um destino turístico de inverno.

Para reforçar essas ideias, Curitiba continua reunindo seu ecossistema de turismo para criar e apresentar novas alternativas. Em março de 2024, a cidade sediou a Feira Internacional de Destinos Turísticos Inteligentes (Fidi), com 42 palestrantes de todo o mundo, que compartilharam seus conhecimentos com os diferentes atores do cenário local. E Curitiba também ensinou: com seu projeto Conexão Curitiba DTI, de eventos para integração do ecossistema, a cidade conquistou o Prêmio Ibero-Americano de Destinos Turísticos Inteligentes.

A organização — e a vontade de fazer dar certo — já existem. Então, é uma questão de tempo para que os resultados apareçam. Quem sabe, dentro de alguns anos, as fotos com a estufa do Jardim Botânico sejam tão famosas quanto as fotos "segurando" a Torre de Pisa.

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