É preciso discutir os desafios do cenário atual e mostrar como a área financeira e a governança corporativa tem gerado valor dentro das organizações.
É preciso discutir os desafios do cenário atual e mostrar como a área financeira e a governança corporativa tem gerado valor dentro das organizações.| Foto: Envato Elements
  • Por IBEF-PR
  • 21/05/2021 16:50

Os últimos meses foram marcados por diversas transformações dentro das empresas e ao redor do mundo. A pandemia da Covid-19 exigiu um nível altíssimo de adaptabilidade e resiliência por parte dos executivos e conselheiros, que precisaram tomar decisões rápidas, conforme o cenário mercadológico evoluía. Sem poder comparar a crise atual com algum outro evento do passado, os gestores tiveram que apender a ‘dançar conforme a música’ e se adequar, de forma imediata, a todas as exigências e imposições que surgiam no mercado.

Diante das circunstâncias e do impacto econômico gerado por conta da pandemia, a governança e as finanças corporativas passaram a ser pautas indispensáveis nos conselhos de administração. Segundo o CEO e Fundador da Proposito/Transearch, André Caldeira, os temas ganharam ainda mais relevância nas empresas, aproximando o diálogo entre gestão e conselhos.

“A governança corporativa pode ser um indicativo de maturidade de uma empresa, independentemente do seu tamanho. Traz um conceito de jornada, pois trata-se de um processo que amadurece com o tempo, sem uma linha de chegada, mas com estágios de desafios e resultados”, explica Caldeira.

O papel dos conselhos de administração

Antes da pandemia, as empresas e seus conselhos de administração estavam focados em temas como plano climático, agenda ambiental, diversidade nos conselhos e cibersegurança, por exemplo. Com o evento mundial, as discussões acerca de ESG, governança ambiental, social e corporativa na sigla em inglês, se tornaram prioridade.

De acordo com o Country Manager na BlackRock Brasil, Carlos Takahashi, o mundo passou a exigir mais transparência por parte das empresas e dos cidadãos, dando espaço para a compaixão e iniciativas solidárias. “O contexto da pandemia nos mostrou que precisamos de pessoas com diferentes competências e perfis atuando nos conselhos. Os fatores técnicos como a administração e as finanças são essenciais. Contudo, precisamos olhar para os fatores socioemocionais também”, ressalta Takahashi.

Quando se trata de inteligência emocional, o vice-presidente do Conselho de Administração da Lojas Renner, Osvaldo B. Schirmer concorda que esse é um ingrediente básico para todos os executivos e membros do conselho. “Apesar de todo o conhecimento técnico, os conselheiros precisam entender os anseios dos seus pares e de seus executivos. Eles precisam entender que, por traz do profissional, existe uma pessoa, um sentimento, uma família. É preciso, muitas vezes, resignificar o board para que atentam às exigências sociemocionais e técnicas da empresa”, complementa Osvaldo.

Desafios da área financeira

A área financeira também vem enfrentando grandes desafios desde que o caixa se tornou o protagonista das decisões, já no início da pandemia. No atual cenário de retomada, os executivos financeiros passaram a atuar em casos práticos e iniciativas que apoiassem as demais áreas da empresa e gerassem valor dentro das organizações.

“O maior desafio das empresas atualmente é adequar a sua estratégia à uma realidade de transformação, a qual o mundo inteiro está passando e que afeta todos os setores. Todo o ambiente empresarial está sendo colocado a prova e mudando rapidamente, por isso é importante levantarmos essas discussões, com o objetivo de garantir que as empresas estejam atualizadas em relação a essas mudanças e continuem sendo competitivas no mercado”, afirma o presidente do IBEF-PR, Maurício Zanforlin, que também é CFO no Grupo Marista.

Neste sentido, o Mercado Livre, que hoje é a maior comunidade de compra e venda online da América Latina, também entende que a área financeira deve dar suporte para a empresa entregar novas soluções para o mercado. De acordo com o Tiago Azevedo, CFO do Mercado Livre Brasil, os investimentos realizados na área de T.I, por exemplo, são meios de apoiar um novo negócio a ser criado.

“Nós não compramos tecnologia. Entendemos que esse recurso precisa ser proprietário para gerar vantagem competitiva e flexibilidade em atender as demandas do mercado com mais agilidade. O grande segredo disso, e onde o financeiro nos apoia, é no capital humano.  Contratamos equipes para criar tecnologias especificas e elencamos as prioridades de acordo com a necessidade do mercado”, afirma o CFO.

Entretanto, a disrupção e a inovação nem sempre estão ligadas à tecnologia, mas também à forma como os processos, negócios e, principalmente, a cultura da empresa são conduzidos. Para o CFO do PayPal, Lucas Medola, são ideias criativas e rápidas que melhoram um cenário, assim como a diversidade dos profissionais que atuam na organização.

“ Investimos muito em diversidade no PayPal, porque somente com um time diverso, que reúne uma variedade de pontos de vista, é possível tornar produtos e serviços ainda mais eficientes. A diversidade não pode ficar restrita à cor ou ao gênero, mas também a afinidade, habilidades e outras competências. Por isso, desenvolvemos uma cultura voltada à inovação em todos os setores da companhia. Mas, além das habilidades técnicas, nossos profissionais precisam ter outras softskills e entender a dor das pessoas”, frisa o executivo financeiro.

O tema governança e finanças no cenário atual foi discutido na quinta edição do Seminário promovido pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa - IBGC Capítulo Paraná, em conjunto com o Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças – IBEF Paraná. O evento online contou com a participação e moderação das diretoras Fabiana Lorenzi, Grupo PICNIC/Leprino Foods Brasil, e Monique de Souza Pereira, comunidade Legado e Família. A iniciativa também recebeu o patrocínio prata do Banco Pine e patrocínio bronze da KPMG Brasil.

Sobre o IBEF - PR

O Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Paraná (IBEF-PR) é uma instituição sem fins lucrativos, que congrega executivos de finanças dos vários segmentos da atividade econômica do Paraná: executivos das áreas de indústria, comércio, consultorias, empresas de serviços, auditorias, instituições financeiras (bancárias e não-bancárias) e instituições governamentais. Através de seus comitês de Finanças, Compliance e Riscos, Tributário e Empresarial, Inovação e Desenvolvimento de Executivos, o IBEF-PR realiza vários eventos, discussões e compartilha conhecimento para contribuir com o desenvolvimento dos profissionais de finanças do Paraná.