| Foto: Jonathan Campos / Gazeta do Povo

A inauguração no começo desta semana do binário Mateus Leme-Nilo Peçanha, entre o Centro e o bairro São Lourenço, em Curitiba, fez muito motorista respirar aliviado. Mas, por outro lado, trouxe à tona uma antiga briga de quem anda de bicicleta pela cidade: as condições nem sempre ideais dos trechos que integram a malha cicloviária da capital. É que com o sentido único estabelecido tanto na Mateus Leme como na Nilo Peçanha, os carros conseguem transitar em velocidade superior, tornando mais perigosa a circulação de bicicleta por essas ruas. Por isso, os ciclistas terão de passar a usar - praticamente de maneira obrigatória - a ciclovia da região, que está longe de ser considerada 100% adequada.

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A maior crítica contempla a falta de segurança nas faixas exclusivas, em muitos trechos contornados por mata quase fechada. O autônomo Robson Alessi, 35 anos, é morador da região e conta que isso facilita as abordagens dos criminosos, que conseguem organizar emboscadas se escondendo atrás das moitas e das árvores.“É perigoso porque é ao lado de área onde tem bastante vegetação. As ruas ao redor, até mesmo nessas quadras mais acima, têm bastante mato e quem rouba consegue fugir facilmente”, relata o autônomo.

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Para Alessi, como os criminosos não têm hora para agir, apenas o reforço na iluminação - como a prefeitura fez recentemente - não ajuda a resolver o problema. “Guarda municipal vem até a entrada da ciclovia e volta. Você dificilmente vê eles passando por aqui”.

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Segundo ele, a insegurança fez com que muito morador deixasse de circular pelas faixas exclusivas entre as ruas João Guariza e Professor Nilo Brandão, que soma outro problema. Ali, no início do ano, a prefeitura corrigiu um afundamento de pista que dificultava a travessia dos ciclistas. Agora, o problema está voltando. Quem usa o percurso, diz que há cerca de dois meses a camada de asfalto começou a ceder de novo.

 

Sem hora para assaltos

A ciclovia do São Lourenço também é bastante utilizada por praticantes de caminhadas. O aposentado Osni Anachewski, de 62 anos, é um dos que praticam atividades físicas todos os dias no caminho. Ele relata que no começo deste mês um amigo foi assaltado à mão armada enquanto caminhava por ali. Eram 9 horas da manhã. Desde então, o aposentado deixou de usar a ciclovia no fim da tarde, quando aproveitava para passear com o cachorro. “Não tem para onde correr. Só se jogar no rio”, reforça.

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Os ciclistas não reclamam sem razão. A funcionária de uma loja de bicicletas ao lado da ciclovia no São Lourenço, Tânia Cabral, de 54 anos, comenta que relatos de assaltos a clientes do estabelecimentos são frequentes. Há cerca de cinco meses um homem foi parado durante a tarde e teve a bicicleta levada. Os documentos só não foram “confiscados”porque os ladrões descobriram que a vítima era um militar e fugiram.

Ainda conforme Tânia, não é apenas um trecho que assusta ciclistas e moradores. “São vários os trecho desta ciclovia que são cercados por bastante mato. Desde o parque até perto da prefeitura. É muito risco que eles correm”, descreve a funcionária, que também critica a sinalização nos pontos onde a ciclovia atravessa as ruas da região.

Tânia relata que não há placas para alertar motoristas sobre cruzamentos com ciclovia , o que faz com que muitos carros entrem rapidamente nas curvas e não consigam parar a tempo antes da faixa vermelha. Na quarta-feira (29), afirmou a funcionária, três ciclistas quase se envolveram em um acidente na João Guariza por causa desse problema.

Travessia de ciclistas muito próxima à esquina é um perigo. Prefeitura promete reforçar sinalização 

Além disso, como a área verde é muito grande, a chegada do calor provoca “nuvens de mosquitos” que atacam quem passa pela área. Na semana passada, os próprios funcionários da loja de bicicletas chegaram a fazer, via 156, um pedido para a aplicação de fumacê na região, mas a resposta teria sido que a prefeitura não realiza mais esse tipo serviço.

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Em nota, a prefeitura ressaltou que, para o o controle de Aedes, não é usado o fumacê porque é tóxico ao meio ambiente. “O combate ao Aedes é feito com borrifação de produtos químicos em pontos estratégicos (locais com foco positivo)”, disse a administração municipal, recomendando o uso de roupas compridas e repelente.

Sob protestos

No começo da semana, quando o binário foi inaugurado, a prefeitura disse ter dispensado o desenho de trechos para bikes no binário justamente por causa da ciclovia que já existe na região do São Lourenço. Mesmo assim, um grupo fez um pequeno protesto para chamar a atenção para as condições do espaço.

“Nós temos uma ciclovia muito bem feita, muito bem sinalizada na região do São Lourenço, que é paralela à Mateus Leme e é por onde os ciclistas têm circulado e já atende a região”, disse, em entrevista a superintendente da Secretaria Municipal de Trânsito Rosângela Batistella para responder aos ciclistas.

Nesta quinta-feira (30), a prefeitura ressaltou que a Guarda Municipal e a Polícia Militar fazem patrulhamentos preventivos constantes pela região, conforme a necessidade. Sobre a sinalização para alertar motoristas sobre cruzamentos com ciclovia, a Secretaria Municipal de Trânsito afirmou reforço.