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Para o geólogo Rodrigo Faria, crateras são indicativo de que tremores podem ter sido causados pelo bombeamento de água.
Para o geólogo Rodrigo Faria, crateras são indicativo de que tremores podem ter sido causados pelo bombeamento de água.| Foto: Rodrigo Faria / Prefeitura de Rio Branco do Sul

Os três abalos sísmicos ocorridos em menos de um mês que assustaram a população de Rio Branco do Sul, região metropolitana de Curitiba, podem ser fruto do constante bombeamento de água feito no Aquífero Karst - reserva de água subterrânea da região metropolitana.

Os três abalos foram registrados pelo sistema do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP). No dia 23 de abril, o tremor foi de 2,5 graus na Escala Richter, que vai de 0 a 9. No dia 7 de maio, o tremor foi de 2,2 graus e na última terça-feira (14) foi de 2,3 graus.

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A hipótese é do geólogo da prefeitura de Rio Branco do Sul, Rodrigo Faria. “Os abalos recentes não foram sentidos em toda a cidade. Há uma característica em comum das regiões que sentiram: ficam em cima de rochas carbonáticas, que formam cavernas. Dentro dessas cavernas, há o Aquífero Karst, onde as empresas realizam o bombeamento de água”, diz.

O geólogo explica que o bombeamento constante no aquífero reduz o nível de água no subsolo, o que faz a superfície ceder. “Rio Branco do Sul não é uma região com muita chuva. Então, não há substituição da água que está sendo retirada, resultando no desabamento do solo”, aponta o geólogo.

Para Faria, os buracos que apareceram na cidade recentemente não são resultado dos abalos. “É exatamente o contrário. Os abalos são consequência dos buracos”, ressalta o geólogo.

A Companhia Paranaense de Saneamento (Sanepar) explica que o bombeamento no Aquífero Karst para o abastecimento de água em Rio Branco do Sul não é o motivo dos abalos. “Além de haver um monitoramento periódico do nível da água no aquífero, a cor do líquido explorado é normal. Caso houvesse algum desabamento de cavernas no subsolo, a coloração da água mudaria no mesmo instante”, explica o geólogo e gerente de hidrogeologia da Sanepar, João Horácio Pereira.

O geólogo da Sanepar também explica que os pontos explorados não estão interligados. “Dos mais de 20 postos de reserva de água subterrânea, nós exploramos seis. Desde que assumimos o sistema de abastecimento da cidade, realizamos muitos estudos de quais pontos poderiam ser explorados e seguimos criteriosamente os números de exploração do nível da água”, enfatiza Pereira.

Outras hipóteses

Segundo estudos iniciais do Centro de Apoio Científico em Desastres (Cenacid), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), os abalos podem ter cinco hipóteses. Entre eles há colapsos naturais ou induzidos, exploração mineral, movimento limitados de placas tectônicas ou reflexos de movimentos maiores em outros locais de placas.

Para obter resultados mais precisos, a equipe do Cenacid fará pesquisa direcionada nas cinco hipóteses apresentadas. “Vamos usar ferramentas de geofísica e dentro de algumas semanas poderemos obter um caminho mais preciso sobre os ocorridos em Rio Branco do Sul”, explica o geólogo e coordenador do Cenacid, Renato Eugenio de Lima.

Rio Branco do Sul o local é uma cidade de exploração mineral de calcário, portanto, tem explosões diárias para retirada do minério. Este tem sido um dos palpites dos moradores da região como causa dos tremores. “Aqui tem muita explosão nas minas. Vai saber, talvez seja por isso que acontece tanto terremoto", diz a comerciante Mirtes Boltin.

O geólogo da prefeitura discorda das hipóteses sobre as placas tectônicas. “Se os abalos fossem resultado da movimentação das placas tectônicas, outras cidades como Itaperuçu sentiriam o abalo também. Os pontos são isolados e todos próximos aos postos de abastecimento”, justifica.

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