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| Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo

Nem o mar em um dia quente consegue chamar tanta atenção de quem passeia pela orla lotada das praias de Guaratuba, no Litoral do Paraná, quanto as caixas de som gigantes que se avolumam ao longo da faixa de areia. Numa espécie de disputa “ostentação”, dezenas de grupos exibem embaixo de barracas e guarda-sóis equipamentos milimetricamente calculados para quase explodir em potência, deixando oficialmente para trás a era dos alto-falantes modestos - que pipocaram pelas praias na temporada passada.

“Esse é o primeiro ano da nossa caixa de som aqui, mas também já vai ser o último. Não admito ficar por baixo não”, brinca Kayke Caparelli, de 22 anos, que saiu de Londrina para curtir o carnaval nas praias do estado. Com uma caixa de som de pouco mais de meio metro com autonomia de bateria que chega a quase sete horas, o rapaz disse ter se sentido por baixo depois que se deparar com os projetos empenhados levados para a beira-mar. Para o ano que vem, já pensa em um aparelho maior também, tão bom quanto o do vizinho de areia.

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O som ao qual Caparelli se referiu tem seu mérito. Veio de Prudentópolis, no Centro-Sul do estado, ocupando quase que só ele todo o espaço de um carro. Criado a duas mãos especialmente para garantir a diversão no carnaval, foi ligado a uma bateria de automóvel, para não deixar o grupo na mão, e acoplado a duas rodas cobertas com calotas. “A parte da estrutura fui eu que montei. Pensei em tudo. Já o som foi do meu amigo que trabalha com som automotivo”, explicou Huan Felipe Saldan, de 26 anos. Alison Zaias, de 29 – o responsável pela parte sonora do equipamento – acredita que os custos para pôr em prática o megaprojeto tenham ficado em aproximadamente R$ 5 mil. “Na verdade, o que a gente tem aqui é um carro de som montado nessa estrutura. Foi carinho, mas deu certo”, disse.

Letícia Akemi
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A poucos passos dali, um grupo de amigos de Laranjeiras do Sul, também no Centro-Sul paranaense, deixou a praticidade falar mais alto. Pensaram na utilidade se unindo ao agradável e levaram para a praia uma caixa de som adaptada em um carrinho de picolé. O detalhe fica por conta da caixa do carrinho, transformado num depósito térmico de bebidas. “Fizemos essa gambiarra aí e até que deu certo. Tem a cerveja, a água e o som tudo junto. Sem contar as luzes que acendem de noite e fazem isso aqui parecer uma penteadeira”, comentou Otávio Locatelli, de 19, representante comercial.

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Apesar de gostarem de música alta, os grupos admitem a necessidade de se conter na beira-mar, já que música alta demais, como todos sabem, constitui poluição sonora e pode ser encarado como violação à tranquilidade e ao sossego. Reportagem recente da Gazeta do Povo mostrou que, além do volume, o conteúdo explícito de algumas músicas populares pode incomodar também. Letras com teor adulto, sexual ou de duplo sentido podem, segundo a visão muitos, não são adequadas para um ambiente com crianças, por exemplo, ou simplesmente podem ser consideradas ofensivas.

“A gente gosta de som alto, mas claro que se vem aqui alguém e pede para baixar um pouco mais, nós vamos baixar. Até porque o pessoal que está do lado pode nem gostar da mesma música que você”, pondera o engenheiro Willian Brito, que estava no grupo de amigos que saiu de Londrina. “Se respeitar assim, tá tudo certo”.

Letícia Akemi
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