| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Peculiar por causa de sua metodologia única que ensina crianças e jovens com deficiência auditiva a falar, a Escola Epheta, em Curitiba, está com os dias contados. Na semana passada, a Associação de Educação Familiar e Social do Paraná (AEFSPR) , que gerencia a instituição, confirmou o fim das atividades na unidade a partir de janeiro do ano que vem. A notícia levou parte dos pais dos 102 alunos atendidos a organizarem um protesto nesta quarta-feira (27). Enquanto familiares acusam a instituição de falta de transparência e prometem travar uma briga para manter a escola em pé, a entidade alega que não há mais recursos para manter o projeto e, por isso, vai abrir mão dos direitos autorais da metologia.

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A entidade sem fins lucrativos que gerencia a escola justificou que a decisão foi tomada depois de um ano de buscas, sem sucesso, por alternativas que ajudassem a dar continuidade às aulas. Ainda assim, a AEFSPR garante que “segue em busca de parcerias públicas e privadas que garantam a continuidade do projeto”. Em nota, a organização garante que “nenhum estudante ficará desassistido, uma vez que todos estão matriculados em escolas regulares ou faculdades”.

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Não é bem o que acham os pais dos alunos que vão ser impactados com o fim das aulas. A grande preocupação deles é com o destino do trabalho pedagógico desenvolvido na escola, que, além de trabalhar a alfabetização, também foca na oralização dos alunos sem se limitar ao uso da Língua Brasileira de Sinais (Libras). “As crianças ali têm implante coclear. Se elas ouvem, têm que falar também. E é isso o especial dessa metologia, que é única, que não tem em nenhum lugar do mundo. Fechar a escola é uma atrocidade”, analisa Cláudia Miranda, de 54 anos, avó de um menino de 8 anos que frequenta a Epheta, escola fundada em 1950.

Cláudia, a filha e os dois netos se mudaram para Curitiba em janeiro de 2016 especialmente por causa da Epheta. Antes, tinham deixado o Rio de Janeiro para tentar outro tratamento especial em Bauru (SP), onde moraram por cinco anos. Segundo ela, os pais foram apenas comunicados do fechamento, mas não houve conversas para detalhar as contas da entidade, nem para incluir as famílias nos debates sobre alternativas.“Esse fechamento é um arranjo entre a mantenedora e o Estado. As famílias não foram convocadas para debater sobre o futuro das crianças” afirma.

Curitiba vai analisar metodologia

Segundo a Associação de Educação Familiar e Social do Paraná, braço da Congregação das Filhas do Coração de Maria, a entidade abrirá mão dos direitos autorais da metodologia Epheta, “colocando-a à disposição de toda a sociedade para sua aplicação de forma livre e sem qualquer custo”.

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Educação disse estar disposta a analisar a metodologia aplicada na escola. “Para isso, é necessário que todo o material seja entregue oficialmente pela mantenedora à prefeitura de Curitiba com o devido domínio público”, afirma em nota. A prefeitura diz ainda que mantém um acordo de cooperação com a escola para a disponibilizar três professores até abril de 2019. Na Epheta, são atendidas 40 crianças da rede municipal, que passarão a ser atendidas em um dos oito centros municipais de atendimento educacional especializado mantidos pelo município. “Neste caso, os três professores da rede municipal cedidos à mantenedora voltarão a lecionar em unidade da rede municipal”, explica.

No caso da Secretaria Estadual de Educação (Seed), a pasta informa que “os estudantes da rede pública continuarão sendo atendidos em outras unidades” conforme suas necessidades específicas e a região onde moram.

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Sobre a possibilidade de adotar a metodologia, a Seed diz que depende da liberação da própria empresa detentora dos direitos. Além disso, a mudança também precisa passar por trâmites internos e legais dentro do Conselho de Educação.