Jardim das Américas terá câmeras particulares monitorando várias partes do bairro. Imagens serão enviadas para central da polícia| Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná

Aumentar a presença do policiamento, mesmo que virtualmente, integrando câmeras de vigilância particulares ao sistema de monitoramento de vídeo das forças de segurança. É o que o Conselho de Segurança (Conseg) do Jardim das Américas está em vias de colocar em prática. Em poucas semanas, o sistema deverá estar funcionando no bairro curitibano.

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A vigilância eletrônica vai ajudar a suprir a falta de policiais e viaturas, que moradores de todos os bairros de Curitiba reclamam tanto. Iniciativa semelhante foi adotada no bairro Jardim Social, também em Curitiba, como a Gazeta do Povo mostrou em abril.

José Carlos Mendes, presidente do Conseg do bairro, explica que durante a Copa do Mundo, as forças de segurança instalaram em Curitiba – assim como nas outras capitais que foram sedes dos jogos – um Centro Integrado de Comando e Controle Regional (CICCR). Após a Copa, ele não chegou a ser desativado, mas não foi mais utilizado em sua plena capacidade.

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Reunião

O Conseg Jardim das Américas fará uma reunião nesta terça-feira (30), às 19h30, no auditório da Administração Regional do Cajuru (Avenida Prefeito Maurício Fruet, 2150 – Cajuru), para explicar a outros Consegs como funciona o sistema.

Estarão presentes autoridades de segurança municipais e estaduais e técnicos que atuaram no projeto, para explicar sobre o sistema, câmeras compatíveis e autorizações necessárias para serem incorporadas ao monitoramento.

A ideia é aproveitar essa estrutura para integrar câmeras particulares – algumas que foram doadas por uma empresa de segurança catarinense, a Coringa, e outras pertencentes a casas e comércios do bairro – ao sistema de software do CICCR, central onde as câmeras são o tempo todo observadas pelas forças de segurança, de forma preventiva ao crime. As telas de monitoramento que focam as câmeras do Jardim das Américas devem ficar dentro da Companhia da PM no bairro e, num primeiro momento, serão observadas pelos policiais militares.

Em breve, o Conseg pretende fazer uma parceria com um dos cursos universitários do Centro Politécnico da UFPR, instalado no bairro, para utilizar alunos estagiários no monitoramento, com a supervisão de um policial. Os estudantes também terão a função de ajudar no aprimoramento do software. Desta forma, os policiais não ficarão somente na companhia e irão para o trabalho de rua.

Onde ficarão as câmeras?

As câmeras doadas ao Conseg ficarão ligadas o tempo todo e serão instaladas nos pontos de maior circulação e comércio, como as entradas e saídas de um shopping, supermercado, Centro Politécnico, trincheiras da BR-277 e perto dos tubos de ônibus nas imediações do shopping – que, segundo Mendes, chegam a sofrer até quatro assaltos num só dia.

Em outros pontos do bairro, as câmeras talvez não fiquem ligadas o tempo inteiro, mas poderão ser acionadas assim que haja alguma demanda suspeita nestes locais. “É um projeto que vai somar segurança, num momento da economia em que não está sendo possível aumentar o quadro de policiais e viaturas”, analisa o presidente do Conseg.

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Burocracia

Apesar da ideia parecer boa, não foi nada fácil colocá-la em prática, pois não é assim tão simples integrar uma câmera particular ao sistema público. Não existia nenhuma legislação que regulamentasse isto. Há meses que Mendes corre atrás do projeto, pedindo homologações, autorizações e estudos técnicos. A iniciativa foi aceita pela Secretaria de Estado da Segurança (Sesp), polícias Militar e Civil, Secretaria Municipal de Defesa Social e outros setores da prefeitura de Curitiba, além de ter a ajuda da Copel, já que várias câmeras precisarão utilizar a energia dos postes. A conta de luz das câmeras deverá ser paga pela Sesp.

Todo esse trâmite demorou meses para ser vencido. Só no Instituto de Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) ficou um ano e meio em estudos, até ser concluído e aprovado. Agora, só falta um alvará da Secretaria Municipal de Trânsito (Setran), que deverá autorizar os postes onde as câmeras serão instaladas.

“Nos pontos mais perigosos do bairro, a iniciativa privada poderá comprar câmeras de segurança com este objetivo. E trabalhamos com toda essa burocracia para que as coisas não sejam burocráticas para quem quiser aderir ao projeto. Basta preencher o formulário e receber as orientações do Conseg”, diz Mendes. Câmeras públicas, como as da Urbs e Guarda Municipal, devem reforçar o patrulhamento eletrônico.