| Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo

Os três réus denunciados por uma assalto em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba, voltaram atrás e desmentiram em audiência na terça-feira (5) que o estudante Deyvid Luigi Fronza, morto a tiros pela Polícia Militar (PM) no bairro Pilarzinho, em Curitiba, momentos após o roubo, no dia 10 de novembro do ano passado, fazia parte da quadrilha. Na nova versão, os jovens disseram à Justiça que só confirmaram que Deyvid havia participado do crime porque foram ameaçados pelos policiais.

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“Primeiro eu quero falar que esse Deyvid não estava no assalto junto com nós (sic)”, disse um dos presos, quando começou seu depoimento ao juiz Silvio Allan Kardec, da 2ª. Vara Criminal de Almirante Tamandaré. Mesmo morto, Deyvid, que tinha 18 anos, chegou a ser apontado como responsável no inquérito que investigou o roubo - cujas vítimas foram um policial militar e um motoboy . Apesar disso, a família sempre sustentou a versão de que o jovem era inocente.

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A reviravolta alivia a dor da família e, ao mesmo tempo, joga mais responsabilidades para a Polícia Militar. Desde a morte do estudante, a corporação vem defendendo que os tiros só foram disparados porque Deyvid reagiu à abordagem depois de fugir do local do assalto, em uma loja no bairro Jardim Primavera, em Almirante Tamandaré.

Antes da morte de Deyvid, três jovens foram presos pelo roubo e um outro conseguiu fugir. A polícia justificou que a quarta pessoa era o estudante, que, além de estar com uma jaqueta vermelha - da mesma cor do suspeito que escapou do local do crime - teria surpreendido os policiais por estar com uma arma. O suposto confronto foi no bairro Pilarzinho, em Curitiba, próximo a Almirante Tamandaré. Na roupa do rapaz foram encontradas 16 marcas de bala.

“Os três foram ameaçados pela polícia. Eles disseram que já chegaram na delegacia com a incumbência de dizer que Deyvid era o quarto assaltante e que seria mentor e executor desse assalto”, disse Melissa de Albuquerque, advogada da família do estudante. “Na hora foi uma alívio para a família, uma emoção muito forte porque, além de ter perdido esse filho de uma forma violenta, perdeu o filho pela segunda vez com toda essa acusação”.

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A advogada, que participou junto com os pais de Deyvid da audiência na última terça-feira, disse que os réus contaram a versão espontaneamente, sem que o juiz tivesse questionado. Ainda segundo Melissa, os depoimentos devem reforçar as provas de um novo inquérito em andamento no 3º. Distrito Policial de Curitiba. “O Deyvid não trocou tiro, ele não tinha arma. Essa situação toda é muito gravíssima. Além de fraudarem e executarem esse menino,ameaçaram esses três réus para acobertar toda uma mentira”, defendeu a advogada.

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O coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Leonir Batisti, afirmou ao telejornal Boa Noite Paraná que a denúncia de que houve ameaça por parte dos policiais deve ser investigada, bem como a suspeita de ter havido alteração na circunstâncias do crime. A reportagem procurou a assessoria de imprensa do Ministério Público, mas o órgão afirmou que não iria se manifestar.

Procurada, a Polícia Militar não se manifestou sobre a questão. No entanto, em nota enviada ao G1, o Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (BOPE) informou que o procedimento para apurar o caso está em andamento e que os novos fatos serão investigados

Conforme versão inicial da PM, quatro homens assaltaram um estabelecimento comercial no bairro Jardim Primavera, em Almirante Tamandaré, no fim da tarde do dia 10 de novembro. Neste local estava um policial militar, que foi rendido e teve sua arma levada . Os assaltantes levaram também R$ 3.970 do comércio.

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