| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Desde o início das mobilizações de motoristas e cobradores por mais segurança dentro do transporte coletivo de Curitiba e Região Metropolitana, o sindicato que representa a categoria (Sindimoc) insiste em três medidas para tentar combater a crescente onda de violência dentro dos ônibus na capital: a instalação de câmeras em todos os ônibus da cidade, a criação de uma delegacia focada em crimes nos coletivos e um aumento no efetivo da Guarda Municipal para patrulhar as linhas e evitar novas ocorrências.

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E, embora sejam bastante objetivos nessas demandas — seja durante os protestos organizados no início de setembro ou a cada novo caso surgido na cidade —, a solução ainda parece estar distante, já que empresas e órgãos de segurança ainda discordam da efetividade de algumas dessas medidas.

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Câmeras

As câmeras de segurança já deveriam estar em funcionamento. Desde 2011, uma lei municipal (13.885/ 2011) que exige a presença dos equipamentos nos ônibus de Curitiba. Mas a realidade é que apenas terminais e algumas estações-tubo possuem o sistema.

Com a morte de um cobrador após um arrastão em Colombo, em julho, um comitê de segurança foi criado para cuidar dos crimes no transporte coletivo e um de seus objetivos é justamente estudar a viabilidade da instalação dos equipamentos nos ônibus. A Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) já começou a testar os equipamentos com diferentes tecnologias de monitoramento. A decisão ficará a cargo das empresas concessionárias e o modelo escolhido será expandido para todo o sistema de transporte.

Já em Curitiba, a Urbs afirma que está participando do levantamento de viabilidade da instalação e dos testes. Apesar de estar sob responsabilidade da Comec, órgão do governo do estado, a Urbs participa do estudo e deve contribuir no encaminhamento da situação. Mas não há previsão de quando os equipamentos serão usados na capital.

Por outro lado, o sindicato que representa as empresas de ônibus (Setransp) defende que as câmeras não são uma alternativa eficaz para combater a criminalidade — visto que elas não impedem assaltos em estações-tubo, por exemplo.

Delegacia do Transporte Coletivo

Assim como existem delegacias especializadas para outros crimes, como a Demafe (que cuida de futebol e eventos), e a Delegacia de Furtos e Roubos de Cargas, o Sindimoc pede a criação de uma delegacia para cuidar dos crimes cometidos no transporte coletivo. Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná (Sesp), a criação de uma especializada depende de um estudo técnico de viabilidade e de planejamento.

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Não há, segundo a pasta, demanda para a criação de uma delegacia, já que os crimes no transporte coletivo são sazonais e não apresentam uma constância que a justifique. Para a Sesp, existem medidas anteriores à criação da delegacia que podem trazer benefícios e reduzir os crimes no transporte coletivo, como o trabalho conjunto entre as forças de segurança com o setor de inteligência e a criação de forças-tarefa. Na última terça-feira (26), o secretário de segurança pública do Paraná, Wagner Mesquita, anunciou uma maior atenção por parte das forças policiais para combater a violência. Nesta quarta, soldados do Batalhão de Operações Especiais (Bope) deram início a uma operação de reforço em várias linhas.

De acordo com o presidente do Sindimoc, Anderson Teixeira, tal exigência seria parte de uma nova etapa de melhorias na segurança do sistema. “A delegacia seria mais em um segundo momento, em que buscaríamos focar todos os crimes do transporte coletivo dentro desse local”, sentenciou.

Reforço da Guarda Municipal nas patrulhas

Em fevereiro de 2017, o prefeito Rafael Greca determinou a criação da Patrulha do Transporte Coletivo. Seriam, segundo a prefeitura, dez viaturas e 20 agentes da Guarda Municipal fariam o reforço nas principais linhas do transporte público de Curitiba, atuando principalmente nas linhas que tiveram maior número de ocorrências de crimes.

Não há, contudo, previsão de aumento no efetivo. Segundo a Guarda, os números estão mantidos desde a época da criação da patrulha e destaca que faz rondas em ônibus da rede integrada, além de contar com apoio de outras unidades e dispender reforços quando necessário. A Guarda ressalta também que monitora as mais de 500 câmeras espalhadas por tubos e terminais na cidade e Região Metropolitana e tem conexão direta com o Centro de Controle de Operação (COC) da prefeitura, responsável pelos botões pânico instalados nos veículos.

Conforme definido na reunião da última terça-feira, será das guardas municipais a responsabilidade pelo primeiro atendimento a qualquer ocorrência. A Guarda Municipal de Curitiba afirma que também intensificou o trabalho de policiamento ostensivo em estações-tubo e nos terminais de maior movimento.

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