• Carregando...

Inflação alta, crescimento baixo, bolsa encolhendo. Do jeito que andam as coisas, o investidor precisa tomar cuidado para não ficar pessimista demais.

A visão cor de rosa da economia brasileira é algo que nem Guido Mantega tem conseguido manter nos últimos tempos. Recentemente, suas previsões para o crescimento do PIB foram frustradas, semestre após semestre, mas ele nunca se deu por vencido. A cada número divergente ele vinha a público observando que o governo previa uma recuperação estrondosa para o período seguinte – algo que não ocorria, ao menos não na proporção alardeada pelo governo. Da última vez, na semana passada, ele pareceu um pouco mais sóbrio. Sua bola de cristal já apontava para um crescimento de 2,5% em 2013 (sua previsão inicial era acima de 4%). Um número que, para realizar-se, demandará uma reação forte nos próximos meses.

Há, portanto, razões para ser pessimista. Mas deixar que essas tendências influenciem seu modo de viver e investir não é bom negócio. Quem fizer isso corre o risco de fazer más escolhas, levado pela urgência ou pela necessidade de ter recursos sempre à mão. Ou pode fazer como nos filmes de terror: guardar galões de água mineral e alimentos enlatados, como se estivesse à espera do apocalipse zumbi. Diz a lenda que, tempos atrás, um economista chegou a sugerir isso a sério, em uma palestra para empresários em Curitiba – menos a parte dos zumbis, é claro.

O fato é que, com perspectivas boas ou ruins, a vida continua. O preço do aço no mercado chinês pode estar em queda – para citar uma das variáveis que andou mexendo com os mercados globais nos últimos meses –, mas a Vale vai continuar trabalhando em suas minas de ferro e carvão. O preço do tomate pode estar alto, mas o Magazine Luiza vai continuar vendendo suas panelas de pressão. Afinal, as pessoas continuam precisando cozinhar.

"O preço do petróleo não tem impacto sobre a venda do pipoqueiro na praça", resume o economista Fabio Araújo, professor da PUCPR e sócio da consultoria Brain. Como consequência, o resultado de qualquer iniciativa é muito mais resultado do trabalho individual que da conjuntura. "O dia a dia de qualquer negócio é definido pelo que a gente faz, não pela média da economia nacional", diz Araújo.

Isso significa que você deve levar em conta a conjuntura quando estiver preparando seus investimentos. E só isso. O mais importante é o seu objetivo: guardar dinheiro para a aposentadoria, economizar para dar entrada em um apartamento, juntar um pé de meia para bancar a festa de casamento... Metas claras dão força de vontade ao poupador, mesmo que o ambiente de negócios não seja muito animador. "Você tem de pensar no seu futuro, porque um dia ele vai chegar", observa Araújo.

Em geral, o brasileiro é otimista em relação a si mesmo, mas pessimista em relação ao país. Tem alguma razão histórica – em muitos momentos, no passado, a administração pública mais atrapalhou do que ajudou. Esses maus momentos forjaram na personalidade nacional uma tendência a consumir, em lugar de poupar. É a filosofia do "comamos e bebamos, pois amanhã morreremos", consequência do tempo em que as pessoas viam a inflação comer 40% de seu poder de compra em um ou dois meses.

Esse tempo já passou. Deixe de lado o pessimismo e cuide bem de seu dinheiro.

Escreva!Mande suas dúvidas ou comentários para financaspessoais@gazetadopovo.com.br.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]