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Consumidor
Consumidor está menos confiante, aponta pesquisa do FGV Ibre.| Foto: Marcelo Andrade/Arquivo/Gazeta do Povo

Depois das empresas e do mercado financeiro, chegou a vez de os consumidores colocarem as “barbas de molho”. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) revelou que em outubro houve o primeiro recuo na confiança do consumidor em quatro meses, que, com, isso caiu ao menor nível desde junho.

Os índices de confiança são relevantes para estimar o comportamento futuro da economia. Quando caem, indicam menor disposição do consumidor para gastar – em especial com bens e serviços mais caros, geralmente comprados em prestações.

A principal preocupação dos consumidores é o mercado de trabalho. Embora o desemprego tenha diminuído de 8,7% no terceiro trimestre de 2022 para 7,7% neste ano, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de participação na força de trabalho caiu de 62,7% para 61,8% da população com mais de 14 anos. Isso significa que, proporcionalmente, menos brasileiros em idade de trabalhar estão trabalhando ou procurando emprego.

Outras razões que contribuem para a apreensão dos consumidores incluem:

  • o elevado nível de endividamento e inadimplência;
  • o impacto limitado da queda na taxa de juros, iniciada em agosto; e
  • as incertezas geradas pelo conflito no Oriente Médio entre Israel e o grupo terrorista Hamas.

Esse conflito pode pressionar o aumento nos preços do barril de petróleo, influenciando na alta da inflação e reduzindo a possibilidade de uma queda mais acentuada na taxa básica de juros, a Selic.

As expectativas para os próximos meses também pioraram entre os consumidores. A economista Anna Carolina Gouveia, do FGV Ibre, destaca que o pessimismo dos consumidores é generalizado em todas as classes de renda e capitais, acendendo um sinal de alerta devido à preocupação com a resiliência do mercado de trabalho, um fator importante na recuperação da confiança.

É importante observar que esse levantamento não considera as declarações feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia 27, quando declarou que dificilmente vai zerar o déficit das contas públicas em 2024. Segundo ele, a prioridade será a realização de investimentos e gastos públicos. O próximo ano será de eleições municipais.

Ainda que formalmente o governo tenha decidido manter a meta de déficit zero, a desconfiança sobre o compromisso de Lula com as contas públicas tende a persistir, dadas as seguidas declarações dele exaltando a importância do gasto público para a economia.

Intenção de compras das famílias tem menor alta desde outubro de 2022

A intenção de compras das famílias, medida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), teve em outubro a menor alta desde o mesmo mês de 2022. Enquanto as taxas de juros estão em queda e campanhas de renegociação de dívidas facilitam o acesso a crédito de parte da população, as instituições financeiras permanecem seletivas devido à inadimplência persistente.

O alto endividamento e a inadimplência continuam limitando a capacidade de consumo das famílias, reduzindo os efeitos positivos da desaceleração da inflação na renda disponível.

Izis Ferreira, economista da CNC, observa que a desaceleração do ritmo de contratações formais com carteira assinada está levando consumidores de todas as faixas de renda a olhar com cautela para o emprego nos próximos meses – o indicador que mede a perspectiva profissional registrou queda de 0,7%.

Brasileiro está menos otimista e piorou avaliação de Haddad

Pesquisa realizada pela Genial Investimentos/Quaest, divulgada no fim de outubro, mostrou que 65% dos entrevistados acreditam que o cenário econômico permaneceu igual ou piorou nos últimos 12 meses, o que representa um aumento de três pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, realizado em agosto, e acima da margem de erro da pesquisa, que é de 2,2 pontos percentuais.

As expectativas em relação ao futuro também pioraram. O otimismo em relação aos próximos 12 meses diminuiu de 59% em agosto para 50% em outubro, enquanto aqueles que acreditam que a situação ficará estável ou piorará passaram de 38% para 46% do total.

A pesquisa da Genial Investimentos/Quaest também aponta um leve aumento no temor de desemprego. Em junho, 37% dos entrevistados esperavam um aumento na taxa de desocupação, e em outubro esse percentual chegou a 40%, enquanto a expectativa de queda do desemprego baixou de 32% para 27%.

A “nota” do trabalho realizado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também piorou. Os que consideram a atuação dele negativa aumentaram de 23% para 26%, o mesmo percentual dos que consideram seu trabalho positivo. O percentual dos pesquisados que consideram a atuação do ministro como regular caiu de 32% para 30%.

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