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Ontem, quando ia dar os toques finais no texto que o leitor tem agora diante de si, resolvi reler as colunas que havia escrito nas terças-feiras que antecederam o Natal. Fiquei surpreso com o viés pessimista que todas elas tinham. Escrevi sobre consumismo, armadilhas financeiras, estresse, excesso de compromissos, filas para estacionar nos shoppings... Sim, isso faz parte do cenário de fim de ano. Mas essas cenas não são capazes de definir o que acontece nestes dias. O Natal é outra coisa – e é sobre isso que decidi escrever, mesmo correndo o risco de resultar meio brega.

É tempo de solidariedade. Em nenhuma outra época do ano as pessoas contribuem tanto para ações sociais, em nenhum outro momento concentram-se tantos eventos beneficentes. Em outras épocas, convive-se com a pobreza e a doença, mas ela incomoda muito mais no fim do ano.

É, também, tempo de relacionamento. Amigos que não se falavam há muito voltam a se encontrar, parentes distantes se reveem, famílias inteiras se juntam para celebrar. Novamente, em nenhum outro mês as pessoas se encontram com tanta frequência e com tanta intensidade quanto em dezembro.

Sobretudo, é tempo de lembrança. Porque nesta época do ano as pessoas se lembram dos amigos e parentes, das pessoas esquecidas e marginalizadas; lembram-se também de talentos adormecidos, que são usados agora para preparar refeições especiais, cantar, decorar árvores de plástico com bolinhas coloridas e luzes piscantes. Vivemos, enfim, dias únicos no fim de cada ano, dias de uma alegria estranhamente aflita, carregada de uma tensão entre aquilo que conquistamos, as batalhas que perdemos e a esperança de algo melhor.

O indutor desse processo está na raiz antiquíssima dessa comemoração. A festa que fazemos é para lembrar algo que ocorreu há 2 mil anos: o nascimento de Jesus Cristo, por meio de quem a humanidade descobriu uma ampla esperança – de igualdade, de superação, de paz duradoura. Tire Jesus das festas de fim de ano, e desaparecerá um bocado considerável da solidariedade, dos relacionamentos, da esperança.

Quando janeiro chegar, não se deixe dominar pelo dia a dia e suas pressões. Mantenha na memória aquilo que lhe dá esperança.

Feliz Natal.

Mudando de assunto...Uma constatação aritmética tirada do relatório Focus, que o Banco Central divulga toda segunda-feira, com previsões de bancos e consultorias para diversos indicadores econômicos: os juros reais do ano que vem deve ser os menores da história. A expectativa de Selic para 2013 é de 7,25%, enquanto que a inflação medida pelo IPCA deve ficar em 5,42% – o que resulta em uma taxa real (desinflacionada) de 1,83%. Pouco mais da metade dos 3% esperados para este ano (Selic média de 8,47%, inflação de 5,46%), que já serão os mais baixos até hoje.

Não dá para garantir que essas previsões irão se confirmar, mas elas apontam para um cenário em que o investidor deve pensar com extremo cuidado no que vai fazer com seu dinheiro, porque há possibilidade de perda de poder aquisitivo. As cadernetas de poupança novas, por exemplo (aqueles depósitos feitos a partir de maio deste ano, que rendem 70% da Selic), devem render menos que a inflação. Não servirão, portanto, nem como proteção do patrimônio.

Tudo bem...... no ano que vem. A Gazeta não circulará no dia 25 de dezembro nem em 1º de janeiro. Esta, portanto, é a última coluna do ano. Financês retorna em 8 de janeiro. Até lá, você pode escrever para comentar o que rolou por aqui ou para enviar sua dúvida. Escreva para financaspessoais@gazetadopovo.com.br.

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