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Lonas cobrem a tubulação danificada pelos desmoronamentos, na BR-376 | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Lonas cobrem a tubulação danificada pelos desmoronamentos, na BR-376| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Vazamentos anteriores provocaram desastres

Vitor Geron

Em 16 de dezembro de 2000, a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, registrou o maior desastre ambiental da história do Paraná, e o segundo maior em território nacional. Aproxi-madamente 4 milhões de litros de petróleo se espalharam por 2,8 quilômetros do Rio Barigui e outros 40 quilômetros do Iguaçu. O oleoduto foi interditado três vezes no período de duas semanas após o acidente e só pôde voltar a operar com uma licença concedida pelo Ibama.

O vazamento do óleo cru ocorreu em função do rompimento de um duto no terminal da Transpetro, subsidiária da Petrobrás, que fica dentro da Repar.

Dois meses depois, em 16 de fevereiro de 2001, houve um novo vazamento, mas desta vez de óleo diesel, no oleoduto que liga a Repar ao Porto de Para-naguá. Cerca de 50 mil litros do derivado vazaram em Morretes, na Serra do Mar, e causaram a contaminação dos rios do Meio, Sagrado, dos Neves e Nhun-diaquara, de acordo com laudo do Instituto Ambiental do Pa­­raná (IAP). Na ocasião, a Pe­­tro­bras foi multada em R$ 150 milhões.

Para evitar a falta de combustível no Paraná, a Petrobras iniciou ontem uma operação preventiva de deslocamento de gasolina e óleo diesel de São Paulo em direção ao estado. A produção da Refi­naria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, que abastece o Paraná e Santa Catarina, está em marcha lenta devido à interrupção do fornecimento de petróleo. Desde a tarde de segunda-feira, os oleodutos que abastecem a refinaria – que saem dos terminais de Paranaguá, São Francisco do Sul (SC) e Biguaçu (SC) – tiveram a operação totalmente suspensa por causa de deslizamentos na BR-376. As tubulações foram entortadas e ficaram expostas após os desmoronamentos. Com o temor de que novas chuvas acabem piorando a situação na serra e danificando ainda mais os tubos, elevando o risco de vazamentos, os técnicos da Transpetro, estatal responsável pelo transporte do petróleo, decidiram interromper o fluxo de óleo bruto.

A Petrobras afirmou que as operações devem ser normalizadas em dez dias. E informou, em nota, que "está disponibilizando a entrega de derivados de outros polos, principalmente de São Paulo, nas refinarias Replan e Revap, caso haja necessidade das companhias distribuidoras para atendimento ao mercado. No momento, a Petrobras não vislumbra problemas de abastecimento na região".

O presidente do Sindicom­bus­tíveis-PR, Roberto Fregonese, afirma ser pouco provável a falta de combustível no Paraná. Segundo ele, a situação é mais grave no leste de Santa Catarina, região também atendida pela Repar e que já sofre com o racionamento de gasolina e óleo diesel. A solução estudada para o estado vizinho é a transferência de derivados da Refap, uma das refinarias da Petrobras no Rio Grande do Sul.

"No Paraná, vamos ter uma parte dos derivados abastecida por São Paulo, via trens e caminhões", disse Fregonese. "Mas a Petrobras tem um volume reserva bastante significativo de óleo bruto para processar. A produção deve cair um pouco, mas não deve ser interrompida. Embora o mercado e a demanda por gasolina e óleo diesel estejam bastante aquecidos, até por causa do preço mais alto do álcool, não acho que vamos ter problema de abastecimento no Paraná. A situação é mais crítica em Santa Catarina", completou.

Na média de janeiro, o Paraná consumiu 5,25 milhões de litros de gasolina por dia – o suficiente para encher o tanque de cerca de 100 mil carros populares. No mesmo mês, segundo a Agência Nacio­nal de Petróleo (ANP) , o consumo de óleo diesel foi de 9,74 milhões de litros. A produção média da Repar é de 7,1 milhões de litros de gasolina e 14,1 milhões de litros de óleo diesel, segundo dados de 2007.

Conserto

Na tarde de ontem, engenheiros da Transpetro trabalhavam nos pontos mais problemáticos do oleoduto. No quilômetro 670 da BR-376, local onde as tubulações foram mais afetadas, os técnicos tinham dificuldade para chegar até os dutos, que ficam em cima de um morro.

Segundo Silvaney Bernardi, presidente do Sin­dipetro PR/SC, que representa os trabalhadores do setor de petróleo e gás, o conserto de oleodutos costuma ser demorado. "Há todo um serviço de esgotamento e de despressurização que deve ser feito, que não é tão simples. Também é preciso fazer uma avaliação para ver a movimentação da terra."

Colaborou Albari Rosa

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