O consumo maior das famílias está ajudando a elevar o volume de crédito concedido no país e a tendência é de continuar forte, ao mesmo tempo em que as taxas de juros continuam recuando. De acordo com o Banco Central, em abril passado, o estoque total de empréstimos somou R$ 637,8 bilhões, crescimento de 20,3% nos últimos doze meses, representando 32,1% do PIB. Só com recursos livres, o volume ficou em R$ 431,295 bilhões naquele mês, 24,5% a mais no período.
Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o movimento também está relacionado ao aumento de consumo, ressaltando o crescimento de 4% do consumo das famílias no trimestre passado, que ajudou a puxar o PIB no período. A melhora na renda das pessoas também pesa.
- A tendência é de continuar esse movimento - avaliou Lopes.
Ao mesmo tempo, as taxas de juros continuam perdendo força, refletindo as reduções feitas na Selic (hoje em 15,25% ao ano), de 4,5 pontos percentuais desde setembro passado, e no crédito pessoal. As taxas médias de juros para pessoas físicas ficaram em 57,8% ao ano, queda de 1,2 ponto em relação ao mês anterior e mantendo o menor nível histórico, desde julho de 2004.
Segundo Lopes, o movimento veio sobretudo pelo crédito consignado (cujas taxas ficaram em 34,3% ao ano) e pelo adiantamento da restituição do Imposto de Renda (IR) feito pelos bancos nesta época. Esta modalidade entra no crédito pessoal, que fechou abril com juros a 65,3% ao ano, 2,5 pontos a menos que no mês anterior. Para pessoas jurídicas, as taxas médias ficaram em 30,6% (queda de 0,1 ponto), sendo que, no geral, em 45% anuais.
O spread bancário (diferença entre a taxa de captação e a efetivamente cobrada pelos bancos), no geral, recuou 0,4 ponto percentual, para 29,8 pontos. Ao mesmo tempo, a inadimplência não cedeu, com crescimento de 0,1 ponto, para 4,7% no geral.
Para pessoas físicas, o avanço foi o mesmo, para 7,4%, enquanto para as empresas subiu para 2,3%. Na avaliação de Lopes, isso vem ocorrendo também por conta do volume maior de compras, além da forte concessão de crédito feita no fim do ano passado, cujas prestações ainda estão vencendo.
Ainda de acordo com o BC, a inadimplência no período teve uma elevação de 0,1 ponto percentual, caindo para 4,7% no geral. Essa inadimplência refere-se aos prazos acima de 90 dias.
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