Após o quinto dia de paralisação, os carros-fortes das empresas de transportes de valores devem voltar a abastecer as agências bancárias do Paraná, enfraquecendo a greve dos vigilantes. No início da noite desta sexta-feira (5), a vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR), desembargadora Rosemarie Diedrichs Pimpão, determinou que as transportadoras Prosegur Brasil S.A. e Brinks Segurança e Transporte de Valores Ltda coloquem seus caminhões de volta ao trabalho, sob pena de multa diária de R$ 100 mil, para cada empresa. Ambas as transportadoras haviam fechado acordo com seus funcionários, que abandonaram a greve, mas estavam sendo acusadas de locaute, a chamada "greve dos empregadores".
A desembargadora também determinou que o Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região Metropolitana (Sindivigilantes) disponibilize, de imediato, 40% dos funcionários das outras duas transportadoras Proforte S.A e Transbank S.A. para retornarem ao trabalho. Todos os funcionários dessas empresas ainda permaneciam paralisados e a determinação enfraquece o movimento grevista. "Pretendemos continuar com nossas reivindicações, mas a decisão da Justiça praticamente põe fim à greve, que perde a força", reconheceu o presidente do Sindivigilantes, João Soares.
As decisões passam a valer a partir do momento em que as empresas e os sindicatos forem comunicados oficialmente, o que só deve ocorrer na segunda-feira.
A greve dos vigilantes de transporte de valores foi iniciada na segunda-feira (1º), interrompendo o fornecimento de cédulas a agências bancárias e a caixas eletrônicos do Paraná. Nesta sexta-feira, os bancos começaram a sofrer o impacto do falta de abastecimento e foi registrada escassez de papel moeda em alguns terminais.
Locaute
Na quarta-feira (3), em audiência conciliatória realizada no TRT-PR, funcionários da Brinks e da Prosegur optaram por aceitar a proposta patronal e racharam a greve. Apesar do acordo, as duas empresas não puseram os carros-fortes nas ruas e foram acusadas de locaute, prática vedada pela legislação brasileira e que configura crime.
Na manhã desta sexta-feira, oficiais de justiça foram destacados às empresas, para constatar se havia irregularidade. Segundo o Sindivigilantes, que apresentou a denúncia, os funcionários da Brinks e da Prosegur estariam no pátio das empresas, uniformizados, prontos para o trabalho, mas as empresas não liberavam os carros-fortes, o que configuraria o locaute.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Prosegur comunicou que a empresa ainda não havia voltado a abastecer os caixas eletrônicos por temer que seus colaboradores sofressem represálias. "A empresa esclarece que está tomando todas as medidas legais e necessárias para que possa rapidamente retomar suas atividades normais", consta da nota. A reportagem não conseguiu contato com representantes da Brinks.
Apesar do enfraquecimento do movimento grevista, o Sinvigilantes continua com suas reivindicações: aumento salarial real de 8%, mais correções pelo INPC, além de vale alimentação no valor de R$ 15,00. O maior proposta apresentada pelas empresas foi de reajuste real de 1%, mais correções pelo INPC, e vale também no valor de R$ 15.
A Gazeta do Povo tentou ouvir o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Valores do Estado do Paraná, Gerson Benedito Pires, que representa as empresas do setor, mas não conseguiu contato.
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