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PIB
Movimento no comércio popular no Rio de Janeiro| Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O PIB do terceiro trimestre teve um crescimento de 0,4% em relação ao segundo trimestre, mostram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta quinta (1ª). É o quinto movimento de alta consecutivo em comparação com o trimestre anterior. O consenso de mercado era de uma alta de 0,6%.

Frente ao mesmo trimestre de 2021, o PIB cresceu 3,6%. No acumulado nos quatro trimestres, terminados em setembro de 2022, o PIB cresceu 3,0%, frente aos quatro trimestres imediatamente anteriores. O acumulado do ano foi de 3,2% frente ao mesmo período de 2021.

Com esse resultado, chega ao maior patamar da série histórica, iniciada em 1996. Na comparação com o trimestre anterior, é a quinta taxa positiva do indicador. O PIB, soma dos bens e serviços finais produzidos no país, totalizou R$ 2,544 trilhões em valores correntes no terceiro trimestre. Mas, o ritmo menor de crescimento já reflete a alta na taxa básica de juros, atualmente em 13,75% ao ano.

Além de atingir o maior nível da série, o PIB ficou 4,5% acima do patamar pré-pandemia, registrado no quarto trimestre de 2019. No terceiro trimestre, a variação positiva foi influenciada pelos resultados dos serviços (1,1%) e da indústria (0,8%), enquanto a agropecuária recuou 0,9%.

Sob a ótica da despesa, os investimentos cresceram 2,8% frente ao segundo trimestre. O consumo das famílias aumentou 1,0%, enquanto o do governo cresceu 1,3%.

O avanço brasileiro foi igual ao dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). E vem de acordo com as expectativas do governo. A Secretaria de Política Econômica (SPE), do Ministério da Economia, projetava uma expansão de exatamente 0,4% no PIB no terceiro trimestre.

"Desde 2020 estamos seguindo a tendência dos países do G20. Naquele ano, a retração brasileira foi menor do que a das maiores economias globais; em 2021, ficamos um pouco abaixo e em 2022 vamos crescer mais", diz o subsecretário de política macroeconômica do Ministério da Economia, Fausto Vieira.

A expectativa da SPE é de que a economia brasileira cresça, pelo menos, 3% neste ano.

Governo vê "recuperação consistente da atividade em todos os setores"

Para a SPE, ocorre recuperação consistente da atividade econômica em todos os setores, especialmente nos serviços. "Isso tem sustentado o crescimento do emprego, com criação de postos formais e informais, a recuperação do rendimento e da massa salarial, além da ampliação do investimento, ao que abre perspectivas favoráveis para o crescimento do país nos próximos anos", afirmou a secretaria, em nota.

Segundo a SPE, o carregamento estatístico para 2022 dos resultados do trimestre é de 3%. Esse será o crescimento da economia brasileira neste ano caso o PIB tenha variação nula no quarto trimestre. "Caso o crescimento seja de 0,2% a 0,4% no último trimestre deste ano, a variação será de 3,1%. Valores superiores indicariam uma expansão do PIB maior ou igual a 3,2%", diz a nota.

O texto da SPE observa que a atividade econômica se desacelerou ao longo do terceiro trimestre, "decorrente sobretudo do desempenho da indústria e do comércio", e afirma que os efeitos defasados da política monetária - isto é, do aumento da taxa básica de juros (Selic) promovido desde março de 2021 - devem atingir "o maior efeito restritivo na atividade neste segundo semestre".

"Por outro lado, nota-se continuidade da expansão dos indicadores de serviços e relativa estabilização nos indicadores de produção agropecuária. Dados mensais dos indicadores antecedentes e coincidentes sinalizam a continuidade da recuperação da economia no quarto trimestre, embora em ritmo menos intenso", afirma o documento.

Serviços seguem em alta

Nos serviços, setor que responde por cerca de 70% da economia, os destaques foram informação e comunicação (3,6%), com a alta dos serviços de desenvolvimento de software e internet, atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,5%) e atividades imobiliárias (1,4%). O segmento outras atividades de serviços (1,4%), que representa cerca de 23% do total de serviços e inclui, por exemplo, alojamento e alimentação, também cresceu.

“As outras atividades de serviços já vêm se recuperando há algum tempo, com a retomada de serviços presenciais que tinham demanda represada durante a pandemia”, explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

O comércio foi o único segmento dos serviços a registrar queda, com uma retração de 0,1% no terceiro trimestre. Um dos influenciadores desse movimento é a alta nos juros, "O resultado reflete a realocação do consumo das famílias", diz a coordenadora.

Indústria também cresce

A indústria cresceu 0,8% no terceiro trimestre, puxada pelo avanço na construção, que avançou 1,1% no período. “Essa atividade já vinha crescendo há quatro trimestres e segue aumentando, inclusive em ocupação. Outro destaque do setor é eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (0,6%), atividade que foi beneficiada pela redução da energia termoelétrica”, afirma.

Agropecuária tem recuo no período

A agropecuária recuou 0,9%, após três trimestres com taxas positivas. “A retração é explicada pelas culturas que têm safra relevante nesse trimestre e tiveram queda de produção, como é o caso da cana-de-açúcar e de mandioca", diz Rebeca.

No ano, o desempenho do setor é ligado aos resultados da soja, a principal cultura do campo, que teve a sua produção afetada por problemas climáticos”, diz Rebeca, do IBGE. No acumulado do ano, o setor agropecuário caiu 1,5%.

Comparativo com o mesmo trimestre de 2021

O PIB do terceiro trimestre cresceu 3,6% no comparativo com o mesmo período de 2021.

A agropecuária cresceu 3,2%, e a indústria, 2,8%. O setor industrial foi impactado pela atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (11,2%), que foi beneficiada pelas bandeiras tarifárias verdes. Outras atividades de destaque no setor foram construção (6,6%) e indústrias de transformação (1,7%).

Nessa mesma comparação, os serviços avançaram 4,5%, com destaque para outras atividades de serviços (9,8%); transporte, armazenagem e correio (8,8%) e informação e comunicação (6,9%).

O consumo das famílias cresceu pelo sexto trimestre consecutivo. Na comparação com o terceiro trimestre de 2021, o aumento foi de 4,6%.

“Esse crescimento está relacionado aos resultados positivos do mercado de trabalho, em relação ao rendimento e à ocupação, aos auxílios governamentais, como o Auxílio Brasil, Auxílio Taxista e o Auxílio Caminhoneiro, às políticas de desoneração fiscal e a uma inflação mais recuada, o consumo do governo cresceu 1,0%.

Também na ótica da demanda, os investimentos cresceram 5,0%, influenciados pela alta da construção, do desenvolvimento de softwares e também da produção e importação de bens de capital.

No terceiro trimestre de 2022, a taxa de investimento foi de 19,6% do PIB, acima da observada no mesmo período de 2021 (19,4%). Já a taxa de poupança foi de 16,2%, menor do que a do terceiro trimestre do ano passado (17,2%).

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