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Protesto contra o desemprego reuniu 2 mil pessoas ontem, em Lisboa | Hugo Correia / Reuters
Protesto contra o desemprego reuniu 2 mil pessoas ontem, em Lisboa| Foto: Hugo Correia / Reuters

São Paulo - A agência de rating Fitch rebaixou ontem a nota de crédito de Portugal em três degraus, afirmando que é pouco provável que o país receba apoio externo durante a campanha eleitoral. Portugal tem agora a nota BBB-, a mais baixa de grau de investimento do sistema Fitch. "A severidade do rebaixamento em três degraus reflete principalmente as preocupações da Fitch de que uma ajuda externa é improvável no curto prazo, dado o anúncio de que as eleições gerais ocorrerão em 5 de junho", afirmou Douglas Renwick, diretor da Fitch.

A eleição foi convocada pela Presidência após a renúncia do premier José Sócrates, no último dia 23, em repúdio à rejeição do seu quarto plano anticrise pelo Parlamento português. A Fitch já havia baixado a nota do país na semana passada, argumentando que a crise de governo "aumentou significativamente as possibilidades de que Portugal precise de apoio multilateral em um curto período de tempo, por causa de sua dificuldade para conservar o acesso aos mercados".

Desde então, a Fitch manteve as qualificações de Portugal em perspectiva negativa e sob vigilância, como fizeram também as agências Moody’s e Standard and Poor, o que pode motivar novas quedas da nota a qualquer momento.

A situação econômica de Portugal continua a se deteriorar a cada dia, com os juros dos títulos públicos do país batendo sucessivos recordes. Anteontem, os juros dos títulos de dez anos ultrapassaram a marca de 8% – um patamar considerado insustentável pelo mercado financeiro. Os juros dos títulos com vencimento em cinco anos superaram a barreira de 9% ao ano.

Leilão

Apesar da situação precária, o governo de Portugal foi bem-sucedido ao fazer um leilão de títulos públicos ontem. O resultado surpreendeu analistas mais pessimistas, que acreditavam que Portugal não conseguiria atrair investidores. O leilão também amenizou a especulação de que o país não terá outra saída a não buscar socorro financeiro com o Fundo Monetário Inter­nacional e com a União Eu­­ropeia.

Os juros pagos pelo governo nos títulos de curtíssimo prazo foram, no entanto, elevados. O governo vendeu no leilão 1,645 bilhão de euros de curto prazo, com juros de 5,79% ao ano. Esses juros foram menores que os dos títulos vendidos no mercado secundário, mas estão 2,5 pontos acima do que o governo pagou em leilões semelhantes no ano passado. Com o resultado de ontem, Portugal agora paga mais nos títulos com vencimento em 15 meses do que a Espanha em papéis que vencem em dez anos – em uma indicação clara de quanto os investidores estão cobrando para aceitar o risco português.

A venda de títulos dá um fôlego financeiro ao governo, que terá de desembolsar 4,3 bilhões de euros para pagar dívidas que vencem em abril. Em junho, há uma nova concentração alta de vencimentos a serem pagos, no valor de 4,9 bilhões de euros.

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