"DEI-TO". Assim principiando um texto até parece confissão de preguiçoso, mas é salutar se a intenção é a de respeitar a norma culta e estabelecer correta coesão textual evitando repetições indesejadas.
Digamos que o locutor aqui se dirija a ti, receptor, e pronuncie a idéia de que este assunto que ora promovo fora oferecido à apreciação. Natural, portanto, que eu o dei a ti, ou, por intenção, Dei-to. Por extensão, dei o assunto (-o) a ti (-te).
Caso o leitor quisesse externar sua satisfação e mostrar que ama a minha explicação, poderia fazê-lo por um AMA-MA (ama a minha explicação). Em outra situação, o rapaz olha para a moça e diz: "Meto-lho!", ela esbofetearia o rapaz sem justa causa, posto que o contexto fosse o de que ele colocará o "piercing" no umbigo da desavisada.
São os meandros da língua, e, porque não, seus melindres: se o verbo é transitivo direto e termina em r, -s ou z, cortam-se tais consoantes e seus referentes pronominais recebem a letra l. "Pôr a culpa" vira "pô-la", "pôs a culpa" também "pô-la" o Cebolinha dos quadrinhos poderia questionar: "mas que pô-las são essas?". Fato é que por tratar-se de personagem ficcional, deixá-lo-emos sem fazer essa pergunta, ou seja: FÁ-LA não, Cebolinha!
Outra curiosidade concerne ao sujeito que encontrou a mulher de sua vida e disse que quer amar tal beldade; poderia fazê-lo com "QUERO AMÁ-LA"; se já a amou e o infortúnio os separou, diria "AMEI-A". Sabe-se lá em que pé ela está, mas a gramática comprova que isso dá pé sim.
Estranho sim, mas porque em linguagem falada são raros os que usam tais procedimentos de coesão, e, quando o fazem, causam estranhamento mesmo. Lembre-se o célebre caso do presidente Jânio da Silva Quadros que soltou: "Fi-lo porque qui-lo. Lê-lo-á quem suportá-lo". Trata-se de um melindre com licença literária: a conjunção "porque" obrigaria o locutor a tornar o pronome proclítico, mas isso é caso para outro papo.
Leitura complementar: http://aletramata.blogspot.com/2007/08/no-fi-lo-porque-no-quilo.html
Testes de Vestibular
1. Assinale a alternativa que reescreve a frase "Comprou a bolsa para ela." segundo as regras do português padrão.
a) Comprou-ma a bolsa.b) Comprou-lha.c) Comprou-lha a bolsa.d) Comprou-a-lhe.e) Comprou-lhe-a.
2. Assinale a alternativa em a reescrita da frase "Fiz a lição para ele." obedece às normas do português padrão.
a) Fiz-lhe para ele.b) Fi-lho.c) Fi-lha.d) Fi-la para ele.e) Fiz-lha.
3. Assinale a alternativa em que a frase "Reduz a velocidade" foi reescrita segundo as normas do português padrão.
a) Redu-la.b) Reduz-lha.c) Reduz-la.d) Redu-lhe.e) Redu-lha.
Respostas: 1. b); 2. d) ; 3. c).
*Professor do Expoente
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