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Uma denúncia feita por uma ex-nadadora brasileira e voluntária no controle de doping do Pan-Americano de 2007 ao programa Esporte Espetacular, da TV Globo, pode complicar ainda mais o caso de Rebeca Gusmão, de 23 anos, a primeira nadadora brasileira a ganhar medalha de ouro em Jogos Pan-Americanos. Adriana Salazar, escolta da medalhista no dia em que foi submetida ao exame antidoping, foi impedida de entrar na sala, onde é realizado o processo.

- Eu fui convocada pra ser escolta da Rebeca nos 50m livre. Acompanhei-a durante o momento antecedente ao exame. Ela relaxou, deu entrevista e no momento que ia entrar na sala para fazer o exame eu fui impedida de entrar com ela - contou a ex-nadadora, em entrevista à Rede Globo.

- Me disseram na hora que tinham muitos atletas e outras duas escoltas dentro da sala. Eu não vi a coleta do exame dela - disse.

Adriana afirma que quem a impediu de entrar na sala foi ou a chefe do Parque Aquático Maria Lenk, Fernanda Sardinha, ou o responsável pelo complexo, identificado apenas como Bruno.

O Esporte Espetacular tentou entrar em contato com os dois chefes acusados pela escolta de Rebeca Gusmão, mas não conseguiu.

Em entrevista ao Globo, Rebeca diz ser inocente

Em entrevista exclusiva ao jornal "O Globo", Rebeca disse que é inocente e se considera vítima de uma espécie de conspiração. Ela garante que não usou testosterona para competir. Sem citar nomes, aponta para a existência de um esquema de forças poderosas por trás de tudo o que envolve seu caso.

Arredia por causa das acusações e orientada pelo advogados a não dar declarações, Rebeca relutou e só resolveu falar ao jornal na noite de sexta-feira. Preferiu preservar a família e concedeu a entrevista numa pequena sala de uma das academias que freqüenta, em Brasília. Estava com seu laptop e fez questão de mostrar fotos de outras nadadoras internacionais que têm braços e corpos mais desenvolvidos que o dela. Citou Libby Lenton, ex-recordista mundial dos 100m livre, e Jenny Thompson. Demonstrou tranqüilidade na entrevista e brincou:

- O único resultado positivo que vão ter de mim é o de gravidez.

Confira trechos da entrevista:

O Globo: As pessoas, quando olham seu corpo, acham que você toma anabolizantes...

REBECA GUSMÃO: Cada um pode pensar o que quiser, mas sempre digo: 'Não julguem para não serem julgados'. Meu trabalho foi a longo prazo, diferentemente do que as pessoas falam do anabolizante, que tem resultados em um, dois meses. Ganhei peso em 11 anos. Claro que de 2004 para cá ganhei mais rápido. Quando o (Michael) Phelps (americano) declarou no Mundial que ganhou oito, nove quilos de massa ninguém falou nada.

O Globo: Seu técnico, Hugo Lobo, disse que você sempre queria tomar suplementos usados por outros. A médica Renata Castro, que iria com você ao Canadá para a contraprova, pediu afastamento da Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos (CBDA). As pessoas estão lhe abandonando?

REBECA: Meu técnico fez um comentário infeliz. Mas prefiro ver como o cuidado de um pai (dizendo): 'ela não toma cuidado com suplementação'. Mas ele sabe que tenho muito cuidado com tudo que tomo. Sempre procuro olhar no livrinho de antidoping. Tenho tido apoio da minha família, do meu marido, dos amigos.

O Globo: Você tomou testosterona?

REBECA: Não. Já tenho alto índice de testosterona no corpo, e tudo em excesso faz mal. Se eu tivesse ingerido... Tenho problema de ovário policístico e isso já dá problema no corpo, faz crescer um pouco mais de pêlos. Eu não tenho a voz grossa. A primeira coisa que acontece na mulher que usa anabolizante é a mudança da voz. E as pessoas falam: 'Não grita Rebeca! Sua voz é irritante!'

O Globo: Mas tomou testosterona?

REBECA: Se eu tivesse tomado, assumiria o meu erro e ficaria dois anos suspensa. Depois voltaria. Ou poderia até não falar, mas aceitaria: o que está decidido, está decidido. Eu não estaria lutando.

O Globo: Qual é sua luta, hoje?

REBECA: Mostrar que não ingeri, que não precisaria disso para ter resultados. Minha luta é para provar que o que existe é uma coisa além, por trás. As pessoas acham que quando dá um positivo, o atleta tomou. Não questionam. A gente tem que parar para pensar o que está atrás disso tudo.

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