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CT do Caju é o único centro de treinamento do Paraná que conta com hospedagem no mesmo local | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
CT do Caju é o único centro de treinamento do Paraná que conta com hospedagem no mesmo local| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Um clube potente financeiramente, com patrimônio invejável, campeão brasileiro... Assim se define o Atlético desde 2001 – tido até como o mais promissor do país. Hoje, dez anos depois, toda a infraestrutura e dinheiro não fazem jus à fama.Se for rebaixado nesta tarde (entra em campo contra o Coritiba com 91% de risco), o Furacão será um mistério administrativo.

Desde que levantou a taça do Nacional, o Rubro-Negro vive de es­­pasmos dentro de campo. Fora dele, no saldo financeiro, demonstra uma robustez invejável.

É justamente por não saber equilibrar os dois pontos, especialmente na gestão de Marcos Malucelli, que o time da Baixada se enfraqueceu. É o que dá a en­­tender o diretor da área de consultoria esportiva da BDO RCS Auditoria, Amir So­­moggi.

"O Atlético é vítima da falta de regulação da administração esportiva no país. Quando se é o único comprometido a gastar dentro do que recebe, o clube fica em desvantagem. Os outros gastam muito, se endividam e montam equipes mais fortes. Difícil competir", explicou.

"Em uma gerência austera, como a do Atlético, não se pode pagar R$ 500 mil a um jogador. Muitos clubes do eixo Rio-São Paulo fazem essas loucuras", disparou.

O consolo, caso o rebaixamento seja inevitável, é que o clube tem saúde financeira para voltar à elite – até porque, pelo recente acordo assinado com a televisão, não perderá nem um centavo no primeiro ano na Segundona.

"Torço para que não caia porque é um exemplo de gerenciamento equilibrado, sem excessos", ad­­mitiu Somoggi, indicando ainda que a venda de jogadores visando à manutenção do superávit no caixa acabou refletindo no campo. "O desafio é esse: conciliar o balanço financeiro positivo sem tirar o foco do âmbito esportivo", completou.

O otimismo do consultor com o modelo administrativo contrasta com a posição de Marcus Coelho, que mesmo distante da cúpula rubro-negra desde o fim de 2001, tem um culpado na ponta da língua. Na opinião do ex-presidente, a centralização do poder, configurada em 2002, foi essencial na mudança de rumos do então clube sensação do país.

"Retro­­cedemos. Nosso sistema de gestão, inaugurado em 1996/1997 tinha sido um avanço gerencial. As decisões eram tomadas por um colegiado, que dava as orientações aos diretores executivos", lembrou, reclamando da mudança.

"Mesmo com o presidente dialogando com seus pares, não dá para o clube ficar submetido à vontade de uma pessoa. Um clube é muito complexo para ser administrado por um pequeno grupo. Quanto menos gente ajuda a tomar decisões, mas fácil errar", acrescentou. Ape­­sar da insatisfação com o modus operandi no Furacão, Coelho aposta naquilo que transformou o Atlético em potência no início do século 21 para recuperar o tempo perdido: a estrutura.

"Ganhamos todos os títulos de categorias de base [na verdade foram cinco taças, perdendo apenas a do sub-13, para o Tries­­te]. Somos um bom celeiro de jogadores. Revelamos o Hé­­racles, o Deivid... Mas o CT pode dar mais frutos", finalizou.

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