São Paulo - Na contramão das montadoras japonesas, a Mercedes anunciou ontem a compra de 75,1% da Brawn GP e a criação de uma equipe de fábrica a partir do Mundial de 2010 da Fórmula 1. Ao mesmo tempo, a gigante alemã irá se desfazer dos 40% que tinha da McLaren e passará de acionista a apenas fornecedora de motores da equipe inglesa até, pelo menos, 2015. A negociação, que já era esperada pela categoria nos últimos meses, ainda depende da aprovação da União Europeia e de algumas autoridades suíças.
"Passamos por 12 meses incríveis", disse Ross Brawn, que ainda terá parte das ações da equipe. "Da luta pela sobrevivência, ao início da parceria com a Mercedes, às vitórias nos Mundiais de Pilotos e Construtores e à aceitação desta proposta para comprar nossa equipe, o que certamente irá assegurar nosso futuro", resumiu o inglês, que comprou o espólio da Honda após a montadora japonesa anunciar que deixaria a F-1.
Detalhes financeiros da negociação não foram divulgados, mas estima-se que Brawn tenha a receber cerca de 30 milhões de libras (aproximadamente R$ 86 milhões) pela venda de sua parte na equipe.
Será a primeira vez desde o Mundial de 1955 que a Mercedes terá uma equipe própria na principal categoria do esporte. Afastada das competições no final daquele ano (um acidente nas 24 Horas de Le Mans matou ao menos 82 espectadores e fez com que a montadora decidisse deixar o esporte), a Mercedes voltou ao automobilismo em 1988 e à F-1 em 1994, mas só como fornecedora de motores da Sauber na época.
No ano seguinte, migrou para a McLaren, onde viu a parceria crescer até tornar-se coproprietária da equipe em 2000. Agora, divergências nos rumos das duas empresas fizeram com que a sociedade terminasse.
"Nossa relação com a McLaren foi afetada nos últimos anos pelo fato de os demais acionistas estarem interessados em criar uma nova empresa automotiva, que inclui carros esportivos e superesportivos", justificou Dieter Zetsche, presidente da Daimler, proprietária da Mercedes.
Apesar de não dizer oficialmente, outro motivo para o afastamento das duas empresas foi a série de escândalos em que a McLaren se envolveu nos últimos anos desde o caso de espionagem com a Ferrari à mentira contada por Lewis Hamilton comissários do GP da Austrália no início deste ano.
Não há definição sobre os pilotos da equipe. Nos bastidores, comenta-se que os cockpits ficariam entre Jenson Button, Nico Rosberg e Kimi Raikkonen.
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