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Comercial da Pantene usa a confusão natural de um menino criado por duas lésbicas para vender xampu e ideologia de gênero.
Comercial da Pantene usa a confusão natural de um menino criado por duas lésbicas para vender xampu e ideologia de gênero.| Foto: Reprodução/ YouTube

Um comercial de TV dos xampus Pantene começa com uma mulher secando os longos cabelos de uma criança de 12 anos. Em off, ouve-se o seguinte: “Para as crianças LGBT, o cabelo é mais do que aparência. É uma questão de identidade”. Corta para a mulher, Ashley, sentada no sofá ao lado da parceira lésbica. Ela nos diz que a criança, Sawyer, é uma “menina trans”.

A primeira vez que Sawyer saiu em público usando roupas de menina e cabelos longos, de acordo com Ashley, “ela foi ela mesma”. Daí vem a frase-chave. “E essa foi a primeira vez que a vi”. Em outras palavras, antes de Sawyer começar a usar roupas de menina e deixar os cabelos compridos, ele era invisível a Ashley. O que nos leva a perguntar: Sawyer se sentia invisível? Foi por isso que ele decidiu deixar os cabelos compridos e usar vestidos?

Se sim, ele não diz. Sentado entre as mães no sofá, Sawyer declara, com uma autoconfiança artificial, que ter deixado os cabelos compridos “fez com que eu me sentisse melhor e mais confiante. E combinou o meu interior e exterior. (...) Meu conselho é para que você seja você mesmo e não deixe ninguém lhe dizer quem você é”. Seria esse realmente um pré-adolescente falando o que pensa? Ou Sawyer está papagaiando o que ouviu de Ashley e Ellie? Ou ainda recitando um roteiro escrito por alguém da agência que cuida da conta da Pantene?

Tais perguntas não chegam à imprensa, que celebrou incondicionalmente o comercial. “Numa época em que trans são usados como bodes expiatórios por conservadores em discussões falsas sobre os esportes femininos”, escreveu Tracy E. Gilchrist no site Advocate, “a Pantene criou um anúncio com uma mensagem emocionante e afirmativa, com uma menina trans e suas mães lésbicas”. Donald Padgett, da Out Magazine, também disse que o comercial é emocionante. “É um anúncio emocionante”, prometeu ele, “que o fará chorar ao ver Sawyer e as mães, Ashey e Ellie, explicarem a importância do cabelo para a afirmação de gênero de uma menina”. As notas publicadas pelos sites LGBTQ Nation e Pink News também usaram a palavra “emocionante”.

Desculpe, mas não tem nada de emocionante nisso. Está mais para deprimente mesmo.

Enquanto gay, não tenho nenhum problema com as lésbicas. Meu problema é o fato de lésbicas não aceitarem um filho homem e quererem uma filha menina. Mas talvez Ashley e Ellie não tenham pressionado Sawyer a se dizer menina. Talvez Sawyer tenha simplesmente captado uma vibração diferente. De qualquer forma, é deprimente o fato de essas duas mulheres aceitarem irresponsavelmente a ideia de que Sawyer é menina. Muitos meninos usam roupa de menina. Alguns se revelam gays. Para outros é apenas uma brincadeira inofensiva. Só que hoje em dia os adultos se intrometem e concluem que os meninos são meninas. E não são poucos os que fazem isso porque preferem ter uma filha trans a um filho gay.

Quanto a crianças que anunciam explicitamente que são trans — um número que explodiu nos últimos anos, o que sugere que isso tudo não passa de moda — a maioria acabará se esquecendo disso depois de um ou dois anos ou quando chegarem à puberdade. Não há por que essa fase causar maiores danos, a não ser que os pais fiquem tão assoberbados que façam com que os filhos usem bloqueadores de puberdade e hormônios. Quanto a Sawyer, Ellie e Ashley — que se vangloriam do fato de o menino “sempre ter sido super criativo quanto ao gênero” — parecem ser bem o tipo de pais que fazem isso.

Ser pai e mãe é um privilégio. Ellie e Ashley estão abusando desse privilégio. Eles estão roubando a inocência infantil de Sawyer. Não ajuda em nada levá-lo para a TV e usar a convicção temporária de que ele é menina para vender um produto e defender uma pauta ideológica. Os donos da marca Pantene, Procter & Gamble, também têm responsabilidade nisso. Assim como outras grandes empresas, a P&G não só adotou a ideologia trans com uma velocidade impressionante como também a transformou num instrumento de marketing — fazendo um desserviço a todas as crianças ainda em processo de autodescoberta.

A maioria das pessoas, acho, rejeitam a ideia de que as crianças, muitas delas ainda acreditando em Papel Noel, de repente estão descobrindo que sua identidade de gênero inata não combina com seu sexo biológico. Mas muitos dentro nós já não prestamos atenção a essas coisas — ou simplesmente achamos melhor ignorar e ficarmos quieto para não sermos vistos como preconceituosos. Mas não podemos nos dar ao luxo de ficarmos calados em relação a crianças como Sawyer, que são muitas e cuja infância está sendo destruída por adultos egoístas.

Bruce Bawer é escritor.

© 2021 City Journal. Publicado com permissão. Original em inglês
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