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Saúde mental, adolescentes, redes sociais
Nos Estados Unidos, 33 procuradores-gerais assinam ação contra a Meta, acusando a empresa-mãe do Instagram, WhatsApp e Facebook de fazer mal aos jovens.| Foto: Eli Vieira com Dall-E

Dezenas de estados americanos abriram uma ação coletiva contra a Meta, empresa-mãe do Facebook, Instagram e WhatsApp, nesta terça-feira (21), acusando em especial a rede social Instagram de ter responsabilidade por uma crise de saúde mental entre crianças e adolescentes do país.

Procuradores-gerais de 33 estados, entre eles Nova York e Califórnia, dizem que a Meta usou estratégias propositais para viciar os usuários menores de idade. A petição diz que a Big Tech “desenvolveu tecnologias poderosas e sem precedentes para seduzir, ganhar engajamento e por fim prender os jovens e adolescentes. Sua motivação é o lucro”. O documento também alega que as plataformas sociais da Meta foram associadas a “depressão, ansiedade, insônia, interferência na educação e na vida diária e muitos outros resultados negativos”.

Em declaração, a Meta se disse “decepcionada” que as autoridades tenham escolhido o litígio “em vez de trabalhar de forma produtiva com as empresas do setor para criar diretrizes claras e apropriadas para a faixa etária, nos muitos aplicativos que os adolescentes usam”. O valor das ações da Meta caiu 0,6% na Nasdaq, em aparente reação à notícia.

Redes sociais pioram a saúde mental dos adolescentes?

O psicólogo social Jonathan Haidt, da Universidade de Nova York, tem sido uma das principais vozes nos últimos anos a denunciar os efeitos das redes sociais na psicologia adolescente. Ele vem juntando dados que sugerem que a crise de depressão e ansiedade é pior no sexo feminino, e que segue de perto também a afiliação política: mulheres adolescentes e jovens adultas que aderem ao ativismo de esquerda estão se saindo pior do que as conservadoras.

A crise teria começado por volta de 2012 e afeta principalmente a Geração Z, dos nascidos entre 1997 e 2012. “Eles têm taxas extraordinárias de ansiedade, depressão, autoflagelação, suicídio e fragilidade”, disse Haidt em entrevista ao Wall Street Journal em dezembro do ano passado. Em 2018, ele publicou com um coautor o livro "The Coddling of the American Mind" [em tradução livre 'A mente americana mimada', sem edição no Brasil] para tratar da ideologia identitária focada em vitimização que tomou as mentes de muitos jovens em redes sociais como Tumblr na década passada. Agora ele trabalha em outro livro, "Depois de Babel", para detalhar a influência negativa das redes sociais na saúde mental dos jovens.

Críticos de Haidt em geral disseram que seu alerta é a versão moderna de velhas reclamações de gerações mais maduras contra as gerações mais novas. O psicólogo rebateu, tornando disponível o rascunho de uma grande revisão de estudos que fez em colaboração com colegas. O documento de mais de 200 páginas conclui que o aumento de problemas mentais “às vezes é menor e mais inconsistente para meninos, mas, embora os meninos geralmente tenham taxas menores de internalização de transtornos, os aumentos depois de 2012 são com frequência tão altos neles quanto aqueles observados entre as meninas”.

O aumento dos casos de suicídio entre adolescentes “é mais claro nos Estados Unidos e no Reino Unido” e também maior nas meninas. A revisão aponta que há uma correlação na deterioração mental dos jovens com a saturação dos smartphones no mercado e as datas em que os adolescentes mais entraram em redes sociais, mas faz a ressalva de que correlação não implica necessariamente causa. Para investigar as causas, Haidt elaborou uma revisão maior ainda, na qual afirma que ninguém encontrou uma explicação alternativa às redes sociais para a crise e faz sugestões de quais estudos devem ser feitos para investigar a relação causal.

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