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Andrew Anglin, criador do site Daily Stormer, voltado a promover preceitos neonazistas.  | Reprodução/Wiki Commons, BFG101
Andrew Anglin, criador do site Daily Stormer, voltado a promover preceitos neonazistas. | Foto: Reprodução/Wiki Commons, BFG101

A agente imobiliária Tanya Gersh foi alvo de uma verdadeira “campanha de terror” promovida por Andrew Anglin, fundador do site Daily Stormer, conhecido por suas publicações antissemitas e por promover a supremacia branca. Em 2016, Anglin incitou seus seguidores a destinar mensagens ofensivas a Tanya, que recebeu desde e-mails dizendo que sua família deveria ter sido dizimada durante o holocausto a ligações com sons de tiros. 

Ao pedir que seus leitores importunassem a corretora, o blogueiro acreditava estar protegido pela Primeira Emenda à Constituição dos Estados Unidos, que garante a liberdade de expressão. Não foi assim, contudo, que entendeu o juiz federal Dana Christensen, de Montana, no Noroeste dos Estados Unidos, ao negar, na última quarta-feira (14), pedido de Anglin para que não fosse dado seguimento a uma ação judicial proposta por Tanya. 

Leia também: As origens do “discurso de ódio”

No processo, a agente imobiliária alega que Anglin invadiu sua privacidade e provocou estresse emocional em seu marido e no filho deles, de 12 anos, além de ter violado a lei anti-intimidação de Montana, ao pedir que seus seguidores lhe enviassem mensagens de ódio. Christensen observou, na decisão, que Anglin não procurou difundir sua opinião a respeito de um tema, mas que “explorou os preconceitos amplamente difundidos entre seus leitores a fim de visar um indivíduo específico”. 

O advogado de Anglin, Marc Randazza, disse compreender o porquê de um juiz não querer decidir a favor de um neonazista, mas considera que o entendimento de Christensen é perigoso para a liberdade de expressão. Em comunicado, escreveu que “a regra que vamos estipular para os nazistas se aplicará igualmente para ativistas dos direitos civis (...). A regra precisa ser a mesma para todos, não importa qual seja sua visão de mundo”. 

Esse não é o primeiro processo judicial enfrentado pelo Daily Stormer. Em maio, Taylor Dumpson, primeira afro-americana eleita presidente do conselho estudantil da American University, ajuizou ação contra o site por receber mensagens de ódio um dia após tomar posse como chefe da organização dos estudantes. Já o comediante muçulmano Dean Obeidallah procurou a Justiça depois de o site falsamente acusá-lo de ser o mentor do atentado terrorista ocorrido durante um show da cantora Ariana Grande em Manchester, na Inglaterra, em 2017. 

Entenda o caso 

Tanya Gersh se tornou um alvo do blogueiro antissemita no fim de 2016, quando atuou como corretora para Sherry Spencer, mãe de Richard Spencer, famoso supremacista branco. Spencer ganhou notoriedade quando um vídeo onde aparece gritando “Hail Trump!”, em alusão ao cumprimento nazista, durante uma conferência com cerca de 300 nacionalistas se tornou viral. 

Sherry procurou Tanya depois de decidir vender uma cabana de inverno que possuía no interior de Montana. Segundo Tanya, Sherry, no entanto, teria desistido do negócio e elas não trabalharam mais juntas. Ocorre que meses depois Sherry fez uma postagem em seu perfil do Medium acusando Tanya de extorsão e ameaças por não concordar com a visão de Richard Spencer. 

Confira: Apologia ao nazismo em universidade: crime ou liberdade de expressão?

No dia seguinte, Anglin perguntou a seus leitores: “vocês estão prontos para um tradicional ataque troll?”. O título do texto, o primeiro de 30 contra Tanya publicado no Daily Stormer, era “judeus extorquindo e importunando a mãe de Richard Spencer – É HORA DA AÇÃO!”. 

O blogueiro, então, divulgou telefones e endereços de e-mail pessoais dos Gersh. De acordo com os autos, somente na primavera de 2017 a família foi alvo de 700 mensagens, entre ligações, e-mails e tuítes, ofensivas. Em uma fotomontagem, por exemplo, Tanya e seu filho apareciam no campo de concentração de Auschwitz.

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