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La Paz - No rastro de uma crise política deflagrada pela violenta repressão policial a uma marcha indígena na Bolívia — que já provocou a renúncia de dois ministros e outras três autoridades —, o go­­verno de Evo Morales tenta a todo custo desvincular o presidente dos ataques, sugerindo que a polícia foi responsável pela ordem de atacar os manifestantes. Segundo revela um documento obtido on­­tem pelo jornal La Razón, a re­­pressão à marcha que resultou na morte de uma criança e em centenas de detidos foi planejada. Os papéis, no entanto, não indicam quem ordenou a ação.

O vice-presidente, Álvaro Gar­­cía Linera, disse que a ordem não partiu de dentro do governo.O documento, intitulado "Plano de Dispersão", detalha o nome, grau e número de policiais que estariam a cargo da operação do último domingo — que pretendia, como mostra o texto, pôr fim à marcha indígena contra a construção de uma estrada financiada pelo Brasil, prevista para atravessar uma reserva.

Segundo o texto, os policiais pretendiam transportar de volta a Trindade — onde a marcha havia começado mais de 40 dias antes — entre 350 e 400 dos 1.500 manifestantes. A ação tinha data e hora para ser posta em prática, e contou ainda com apoio da Força Aérea da Bolívia — que de­­via ajudar levando os índios de volta a sua região de origem em aviões.

Tentando minimizar o conteúdo do documento, o vice-presidente afirmou que a polícia precisa estar preparada para todo tipo de situação, mas negou que houvesse "instruções políticas do Palácio Quemado ou do Mi­­nis­­tério do Interior para a intervenção".

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