Trabalhadores constroem uma cerca de fronteira em uma propriedade privada localizada nos limites dos Estados do Texas e Novo México| Foto: HERIKA MARTÍNEZ/AFP

Diante do impasse legal sobre o financiamento do muro na fronteira entre Estados Unidos e México, um grupo de apoiadores de Donald Trump anunciou que está construindo, com recursos privados, uma seção da barreira física na região de El Paso, onde são apreendidos diariamente 930 imigrantes ilegais.

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A organização, chamada "We Build the Wall" (nós construímos o muro, em tradução livre), levantou US$ 20 milhões (R$ 80 milhões) com um financiamento coletivo no site GoFundMe, desde dezembro. Um quilômetro de muro foi construído em quatro dias em terreno privado na cidade de Sunland Park, com valor estimado de US$ 6 milhões a US$ 8 milhões, segundo a CNN. A construção, segundo a organização, vai fechar uma lacuna entre seções de aproximadamente 30 quilômetros de barreiras já existentes, em "usada por contrabandistas e imigrantes sem documentos para atravessar a fronteira".

"Se os 63 milhões de pessoas que votaram em Trump prometerem US$ 80, poderemos construir o muro. Isso equivale a cerca de 5 bilhões de dólares. Mesmo que tenhamos metade, já é metade do muro. Nós podemos fazer isso", afirma o líder da iniciativa, o veterano das Forças Armadas Brian Kolfage, no site da organização.

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O ex-secretário de Estado do Kansas e conselheiro da "We Build the Wall", Kris Kobach, disse à Fox News que esta é a primeira vez que qualquer organização privada constrói um muro de fronteira em terras privadas. "Continuaremos construindo enquanto as pessoas continuarem doando. A contribuição média foi de apenas US$ 67, mas muitas pessoas participaram", disse ele, acrescentando que um segundo projeto deve iniciar em breve.

Autoridades locais contestam a construção

Na terça-feira (28), porém, autoridades locais emitiram uma ordem para que os envolvidos na construção desistam do projeto, já que não possuem as licenças necessárias. O prefeito de Sunland Park, Javier Perea, disse que eles não tiveram a chance de inspecionar o local na semana passada e que o dono da propriedade apresentou documentos para construir o muro que normalmente leva meses, não dias, para ser aprovado.

A barreira também ultrapassa a altura máxima permitida pelo plano diretor da cidade, de dois metros, acrescentou Perea, o que significa que o muro "não está em conformidade com a lei municipal".

Impasse federal

A inciativa foi anunciada em um momento em que Trump sofreu mais um revés em sua política de imigração. Na sexta-feira (24), um juiz federal bloqueou os esforços do governo para construir o muro com fundos que não foram aprovados pelo Congresso, e sim transferidos de outros departamentos - incluindo o de Defesa - já que esta decisão de Trump está sendo contestada legalmente.

"Outro ativista, o juiz nomeado por Obama, acaba de decidir contra nós em uma seção do Muro do Sul que já está em construção", Trump tuitou. "Esta é uma decisão contra a Segurança da Fronteira e em favor do crime, drogas e tráfico de seres humanos. Estamos pedindo um recurso rápido".

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Trump declarou uma emergência nacional em 15 de fevereiro para poder remanejar recursos do orçamento e financiar o muro na divisa dos EUA com o México, sua principal promessa de campanha.

A medida, porém, foi duramente criticada pela oposição, formada pelo Partido Democrata, mas também por alguns republicanos, que viram o gesto como inconstitucional.