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O vitorioso governo somali montou postos de recolhimentos de armas na terça-feira em Mogadíscio para começar o desarmamento de uma das cidades mais perigosas do planeta, que passou seis meses governada por militantes islâmicos.

O vizinho Quênia mandou tropas à sua longa e porosa fronteira nordeste, fechando dessa forma o cerco contra a derrotada milícia Conselho das Cortes Islâmicas Somalis (CCIS), que recuaram após duas semanas de guerra no volátil país do nordeste africano.

O primeiro-ministro da Somália, Ali Mohamed Gedi, disse nesta terça que rebeldes da Eritréia, Etiópia e combatentes árabes foram detidos, o que demonstra o envolvimento de estrangeiros, segundo ele.

O governo orientou os cidadãos da capital a entregarem suas armas voluntariamente até quinta-feira - depois disso, serão desarmados pela força. Com ajuda de aviões, tanques e soldados etíopes, o governo há alguns dias expulsou os militantes islâmicos da cidade, que era controlada por eles desde junho.

``Todos serão desarmados. Não haverá vacas sagradas,'' disse o ministro do Interior, Ali Jama Jangali. Mas, num local visitado pela Reuters por volta de 12h, nenhuma arma havia sido entregue.

O CCIS havia conseguido pacificar Mogadíscio ao impor a sharia (lei islâmica). Estabilizar novamente a capital será prioridade para o governo provisório, cuja legitimidade depende da sua instalação na cidade e na restauração de um poder central, que inexiste no país desde a deposição do ditador Mohamed Siad Barre, em 1991.

A tarefa fica mais complicada devido ao regresso de líderes de milícias que esperam restaurar os feudos que controlavam antes de serem perseguidos pelo CCIS.

Apesar do embargo armamentista da ONU, Mogadíscio é uma das cidades mais infestadas por armas em todo o mundo.

Falando em um esconderijo, por telefone, Abdirahim Ali Mudey, porta-voz do CCIS, criticou a campanha de desarmamento, dizendo que ela será incapaz de unir a sociedade somali, baseada em clãs.

``Os somalis não vão abrir mão voluntariamente das suas armas. Alguns clãs vão reagir, porque ainda não há confiança'', afirmou.

Combatentes e líderes islâmicos fugiram na segunda-feira de seu último reduto, o porto de Kismayu (sul), devido a um bombardeio etíope. Eles rumaram ainda mais ao sul. O governo lhes ofereceu anistia.

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