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Usina de energia a carvão em Adamsville, Alabama (EUA), 11 de abril
Usina de energia a carvão em Adamsville, Alabama (EUA), 11 de abril| Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou na semana passada durante a Cúpula dos Líderes para o Clima a nova meta do país para a redução dos gases do efeito estufa: até 2030, o país pretende alcançar uma redução de 50 a 52% dos níveis de emissão de gases poluentes em relação aos registrados em 2005.

Para conseguir cortar pela metade a emissão de carbono até o fim desta década, os Estados Unidos terão que fazer uma transformação de seu setor energético em direção às energias renováveis. A meta será formalizada em um documento chamado "contribuição determinada nacionalmente", um comprometimento público feito por todos os países que assinaram o Acordo de Paris para o Clima de 2015. Os EUA haviam se retirado do acordo durante o governo Donald Trump e retornaram quando Biden tomou posse no início do ano.

O objetivo do acordo é evitar as consequências prejudiciais para o clima caso a média da temperatura do planeta aumente em 2 graus Celsius em comparação aos níveis da era pré-industrial, buscando manter o aumento abaixo de 1,5 grau Celsius. Quando o acordo foi assinado, o governo do presidente americano Barack Obama havia se comprometido com uma redução de 25% (dos níveis de 2005, quando os EUA registraram uma das mais altas taxas de emissão de gases do efeito estufa) até 2025 - uma meta que não está a caminho de ser cumprida, embora a emissão de gases poluentes pelo país esteja em declínio desde 2008.

Além disso, o presidente Biden propôs alcançar um setor energético livre de poluição de carbono até 2035 e uma economia com saldo líquido nulo de emissões de carbono até 2050.

A assessora para o clima do governo Biden, Gina McCarthy, disse em entrevista à NPR que a meta de reduzir pela metade as emissões de carbono americanas é realista. Ela argumentou que o plano de infraestrutura proposto por Biden levaria a economia dos EUA na direção de energias mais limpas. "Estamos falando de trens e de navios. Estamos falando da oportunidade de avançar o nosso setor de transportes com investimentos em veículos elétricos e da fabricação de baterias nos EUA. Estamos falando de uma nova matriz flexível", disse.

Falando à imprensa na ocasião do anúncio, autoridades do governo norte-americano não deram detalhes de como o país alcançaria a meta ambiciosa de cortar as emissões de carbono pela metade.

A Casa Branca delineou alguns passos da meta para 2030 em um comunicado, afirmando que o combate às mudanças climáticas será feito no país com a criação de novos empregos, proteção à saúde pública e promoção de justiça ambiental.

Entre os pontos destacados pela Casa Branca para a redução das emissões estão investimentos em infraestrutura e inovação em indústrias que produzem energia limpa e o apoio a cadeias de produção que usam energia limpa na fabricação de produtos que serão exportados para o mundo.

Segundo a Casa Branca, os EUA também podem diminuir a poluição de carbono do setor de transportes com a redução de emissões de escape e com o aumento da eficiência de carros e caminhões, além de ações para promover a nova geração de combustíveis renováveis para os modais, incluindo aviação.

Para a redução das emissões de florestas e agricultura, o governo americano propõe programas de "soluções para ecossistemas baseadas na natureza" para solos de florestas, agricultura, rios e áreas costeiras. O governo também prevê incentivos à captura de carbono e novas fontes baseadas em hidrogênio para lidar com a poluição de processos industriais.

Obstáculos

A transformação do setor enérgico dos EUA será um grande obstáculo para as metas anunciadas pelo presidente Biden de redução das emissões de carbono.

Para zerar as emissões do setor energético até 2035, uma grande rede de linhas de transmissões de energia solar e eólica teria que ser construída, uma tarefa considera muito difícil por especialistas. Além dos obstáculos financeiros e tecnológicos, existem também os desafios legais que estados e municípios devem apresentar para a construção dessas linhas.

Larry Gasteiger, diretor executivo do grupo da indústria de transmissão Wires, disse à Associated Press que está "preocupado". "Dados os prazos que estamos observando, é quase difícil ver como os cumpriremos. Nós realmente precisamos ter todos trabalhando na mesma direção ao mesmo tempo e, infelizmente, não estamos vendo isso, para ser honesto", disse.

A mudança para a energia limpa nos EUA exigiria a transformação da matriz majoritariamente de carvão e gás natural para maior participação de energias eólica, solar e hidrelétrica.

Para atingir a redução pela metade das emissões de carbono até o fim da década, os EUA teriam que parar totalmente de usar energia de carvão até lá, além de diminuir o consumo de petróleo e gás em 2% por ano, disse Philip Verleger, analista de energia à AP. E para atender a demanda de energia do país, a produção de energia eólica e solar teria que ser dobrada a cada ano.

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