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Chineses esperam para embarcar em balsa na província de Jiangxi.
Chineses esperam para embarcar em balsa na província de Jiangxi.| Foto: AFP

A população mundial chegará a 9,7 bilhões em 2064 e cairá para 8,8 bilhões até 2100, segundo novo estudo da Universidade de Washington. A previsão está 2 bilhões abaixo das previsões da Organização das Nações Unidas (ONU) até o final do século.

Se a projeção estiver certa, essa será a primeira vez na história em que o número de habitantes do mundo vai decrescer. Essa queda eliminaria parte da tensão estimada sobre os recursos naturais, mas levaria os governos a adotar políticas rígidas sobre imigração e economia.

A pesquisa desenvolveu novos métodos para prever pontos como mortalidade, fertilidade, migração e população e avaliou os efeitos econômicos e geopolíticos de futuras mudanças demográficas.

As taxas de fertilidade têm papel fundamental para o crescimento populacional: o maior acesso a métodos contraceptivos e o aumento na escolaridade das mulheres deverão acelerar o declínio na fertilidade e desacelerar o crescimento populacional.

Christopher Murray, diretor do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington e líder do estudo, destaca que as previsões de diminuição da população mundial têm implicações positivas para o meio ambiente, as mudanças climáticas e a produção de alimentos.

Por outro lado, há implicações negativas para o mercado de trabalho e quanto ao crescimento econômico em partes do mundo com os maiores declínios de fertilidade.

Mais idosos

Até 2100, o número de idosos ultrapassará o de jovens: serão 2,4 bilhões de pessoas com mais de 65 anos, em comparação com 1,7 bilhão com menos de 20 anos.

“As opções de políticas para se adaptar à queda de fertilidade, mantendo e melhorando a saúde reprodutiva feminina, serão cruciais nos próximos anos”, ressalta Murray.

As mudanças na população em idade ativa serão importantes para os formuladores de políticas, segundo a pesquisa.

As populações de pelo menos 23 países, incluindo Japão, Tailândia, Itália e Espanha, poderão encolher em mais de 50%. A população em idade ativa da China cairá de 950 milhões em 2017 para cerca de 360 ​​milhões em 2100, enquanto a da Índia irá 762 milhões para cerca de 580 milhões em relação ao mesmo período.

Na Nigéria, a população em idade ativa deverá aumentar de 86 milhões em 2017 para 460 milhões em 2100. O país africano será o único entre as 10 nações mais populosas do mundo a ver sua população em idade ativa crescer ao longo do século. Isso poderá trazer benefícios para a economia do país: a pesquisa projeta que a Nigéria será uma potência econômica até o fim do século.

Por outro lado, embora a população da África Subsaariana esteja projetada para subir, suas taxas de fertilidade deverão diminuir de 4,6 nascimentos por mulher em 2017 para 1,7 em 2100. Se esse declínio na fertilidade não se concretizar, o crescimento geral será muito maior.

Reflexos na economia

A população mundial pode atingir o pico imediatamente após meados do século e diminuir substancialmente até 2100. Alguns países, incluindo Japão, Espanha e Itália, devem ver suas populações pela metade. “O crescimento contínuo da população mundial ao longo do século não é a trajetória mais provável”, diz Murray.

As projeções do estudo trazem consequências significativas para os Estados Unidos: a economia do país deverá ser ultrapassada pela China até 2035.

O relatório mostra que países com fertilidade menor, incluindo EUA, Austrália e Canadá, deverão manter suas populações em idade ativa por meio da imigração. Esse processo será decisivo para os Estados Unidos: graças à população imigrante, o país poderá recuperar sua posição de maior potência mundial até o final do século.

Nações com políticas de imigração mais abertas serão mais capazes de manter o tamanho da população e apoiar o crescimento econômico, mesmo diante das taxas de fertilidade em declínio, indica o estudo. Murray afirma que essa mudança abre o potencial de consequências negativas se os governos escolherem políticas coercitivas em vez de abraçar a imigração.

“As melhores soluções para sustentar os atuais níveis populacionais, o crescimento econômico e a segurança geopolítica são políticas abertas de imigração e políticas sociais de apoio às famílias que têm o número desejado de filhos”, afirma Murray.

“Existe, no entanto, um perigo muito real de que, diante da população em declínio, alguns países possam considerar políticas que restrinjam o acesso a serviços de saúde reprodutiva, com consequências potencialmente devastadoras. É imperativo que a liberdade e os direitos das mulheres estejam no topo da agenda de desenvolvimento de todos os governos”, acrescenta.

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