Apoiadores de Trump entram em confronto com a polícia e as forças de segurança enquanto as pessoas tentam invadir o prédio do Capitólio dos EUA em Washington, DC, em 6 de janeiro de 2021. Imagem ilustrativa.| Foto: Joseph Prezioso / AFP
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Depois da invasão do Capitólio dos Estados Unidos em janeiro deste ano, a caça aos responsáveis levou a um verdadeiro apagão virtual de pessoas que foram consideradas culpadas pelo incidente. O caso mais emblemático é o do ex-presidente Donald Trump, excluído do Twitter e outras redes sociais por "incitar violência". Embora ele tenha sido absolvido no julgamento de impeachment que questionava a sua responsabilidade na invasão do capitólio, o Twitter já avisou que o perfil do republicano na rede social não será restabelecido.

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As discussões sobre a moralidade ou a legalidade dessa escolha e o papel que as big techs exercem na sociedade de hoje estão longe de terminar, contudo alguns deputados democratas querem levar a questão da censura do debate público ainda mais longe.

Os deputados democratas Jerry McNerney e Anna Eshoo, ambos da Califórnia, enviaram cartas para diversas operadoras de TV por assinatura dos Estados Unidos cobrando uma posição sobre canais que supostamente estão contribuindo para propagar “desinformação, teorias da conspiração e mentiras”.

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Segundo os autores da carta “alguns supostos veículos de notícias há muito tempo são fábricas de boatos de desinformação e focos de teorias da conspiração que produzem conteúdo que causa danos reais”, entre esses danos citam-se “atos sediciosos e a rejeição das melhores práticas de saúde pública”.

Em seguida eles apontam que “meios de comunicação de direita, como Newsmax, One America News Network (OANN) e Fox News, todos transmitiram desinformação sobre as eleições de novembro de 2020”. Também para os autores, “as mesmas redes têm sido vetores-chave de disseminação de desinformação relacionada à pandemia”.

Os deputados citam um artigo da CNN, que sugere que não apenas as referidas redes de televisão, mas as próprias operadoras de TV sejam corresponsáveis pelo conteúdo que “possibilitou a insurreição de 6 de janeiro”, e cobram da operadora uma série de perguntas sobre que medidas foram tomadas internamente para que os referidos canais parassem de “espalhar desinformação”.

Além disso eles perguntam “quantos de seus assinantes sintonizaram Fox News, Newsmax e OANN” na operadora “para cada uma das quatro semanas anteriores às eleições de 3 de novembro de 2020 e aos ataques de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio?”

Por fim eles pressionam as operadoras sobre a continuidade da transmissão dos referidos canais: “Você está planejando continuar publicando Fox News, Newsmax e OANN [...] agora e depois de qualquer data de renovação de contrato? Se sim, por quê?”

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A mesma carta foi enviada a diversas operadoras e a big techs: AT&T (dona da DirectTV), Verizon, Amazon, Apple, Comcast, Google, Hulu e outras empresas locais.

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Audiência no Congresso

Na mesma esteira, o Subcomitê de Comunicações e Tecnologia do Congresso dos EUA realizará nesta quarta-feira (24) uma audiência para “examinar o papel das plataformas de mídia tradicionais – emissoras e redes de cabo – na disseminação de desinformação e conteúdo extremista para o público americano”. Em tom de crítica, o memorando da sessão ainda afirma que "muitos meios de comunicação tradicionais continuam a permitir a desinformação na tentativa de seguir os padrões jornalísticos e apresentar vários pontos de vista sobre uma notícia".

Os autores das cartas às operadoras são membros desse subcomitê, que tem como presidente o deputado democrata Mike Doyle, da Pensilvânia.

Nenhuma das plataformas se manifestou até agora sobre o conteúdo da carta, entretanto o deputado republicano, membro da Comissão Federal de Comunicação, Brendan Carr, afirmou que o esforço dos democratas da Câmara para pressionar os provedores de cabo a remover a Fox News e outras redes conservadoras é uma "transgressão arrepiante" da liberdade de expressão e pediu a seus colegas na comissão que denunciassem os legisladores.

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Para Carr trata-se de um "esforço conjunto dos democratas para tirar a dissidência política da praça pública", o que representaria "um desvio marcante das normas da Primeira Emenda da Constituição".

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