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Néstor Kirchner: decisão rápida de se retirar de legenda para evitar pressão | Bernardino Avila/Reuters
Néstor Kirchner: decisão rápida de se retirar de legenda para evitar pressão| Foto: Bernardino Avila/Reuters

Para analistas, governo deve se abrir para negociações

A derrota do ex-presidente Néstor Kirchner nas eleições para a Câmara de Deputados traz a expectativa de que os dois últimos anos da gestão da mulher, Cristina, à frente da Casa Rosada sejam mais mansos. Tanto na política interna quanto em âmbito regional.

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Cristina nega mudanças e minimiza resultado

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, procurou ontem relativizar o impacto da derrota de seu governo nas eleições legislativas de ontem. Também negou que vá promover mudanças no gabinete além da troca da ministra da Saúde, que renunciou também ontem, desgastada pelo avanço no país da dengue e da gripe A (H1N1), conhecida como gripe suína.

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  • Narváez: vitória na capital e províncias mais importantes (Buenos Aires, Córdoba, Santa Fé e Mendoza) muda o mapa político argentino
  • Veja que os Kirchner perderam a maioria do Congresso

Buenos Aires - Em uma eleição legislativa que se tornou um plebiscito sobre a liderança do casal Néstor e Cristina Kirchner, o atual governo da Argentina sofreu sua maior derrota eleitoral, que acabou com a maioria governista no Congresso e expôs o desgaste da gestão.

Como consequência do revés nas urnas, Néstor Kirchner, o ex-presidente que conduziu a recuperação do país pós-crise de 2001, renunciou ontem mesmo à presidência do Partido Justicialista (peronista, do governo), que ocupava desde 2008.

O governo perdeu as eleições nos cinco maiores distritos (capital e províncias de Buenos Aires, Córdoba, Santa Fé e Mendoza), que somam 67,5% dos votos do país. Venceu em 12 das 23 províncias, que representam 19,6% do eleitorado.

A derrota mais dura veio no maior distrito, a província de Buenos Aires (que não inclui a capital). Ali Kirchner conduziu a campanha como candidato à Câmara, numa chapa que contou ainda com o governador, o chefe de gabinete de Cristina e prefeitos, em esforço para evitar um retrocesso ainda maior.

Com 96% das urnas apuradas, a frente governista somava 32,1% dos votos, perdendo a liderança para a Unión-PRO, setor peronista anti-Kirchner, encabeçado pelo empresário Francisco De Narváez, com 34,5%. Em 2007, quando Cristina se elegeu, o governo teve 46% dos votos na província.

Um abatido Kirchner reconheceu a derrota às 2h10 de ontem. "Perdemos por muito pouco. Ganhamos muitas províncias, estamos satisfeitos.’’ Procurou ainda marcar terreno rumo à eleição presidencial de 2011. "Já estamos com muita vontade de construir uma alternativa clara para 2011.’’

O resultado reforça a guinada na opinião pública argentina, iniciada ainda nas eleições de 2007, com afastamento de setores médios urbanos da candidatura de Cristina, descontentes com a suposta manipulação dos índices de inflação.

O conflito tributário com o campo, aberto em 2008, exacerbou o descontentamento popular com um estilo de gestão visto como confrontativo. "A sociedade está pedindo moderação’’, afirmou o analista Rodrigo Mallea.

O fim do ciclo de crescimento econômico aprofundou a desilusão. Os Kirchner adiantaram a eleição em quatro meses, dizendo que evitariam assim estender o debate político em meio à crise mundial. Analistas classificaram como tentativa de impedir uma reaglutinação da oposição.

Além de posicionar nomes de oposição rumo à sucessão, a eleição marca o reordenamento do peronismo, que teve seu primeiro movimento na renúncia de Kirchner.

O ex-presidente cedeu o cargo a Daniel Scioli, governador da província de Buenos Aires. Ex-vice de Kirchner, Scioli o acompanhou na chapa derrotada por De Narváez.

"Kirchner é um político muito hábil. Colocou na liderança do partido alguém de confiança, antes de perder terreno para governadores peronistas’’, disse o sociólogo Ricardo Sidicaro.

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> O que muda

Governo argentino retrocede nas maiores províncias e perde controle do Congresso:

O Congresso hoje

Câmara dos Deputados

Frente para a Vitória - 115

Outros partidos governistas - 20

Acordo Cívico e Social - 52

Unión-PRO - 17

Outros opositores - 53

Senado

Governistas - 41

Opositores - 31

O novo Congresso

Câmara dos Deputados

Frente para a Vitória - 103

Outros partidos governistas - 12

Acordo Cívico e Social - 80

Unión-PRO - 47

Outros opositores - 15

Senado

Governistas - 37

Opositores - 35

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