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A futura premiê italiana, Giorgia Meloni, em ato de campanha em setembro ao lado de Matteo Salvini e Silvio Berlusconi
A futura premiê italiana, Giorgia Meloni, em ato de campanha em setembro ao lado de Matteo Salvini e Silvio Berlusconi| Foto: EFE/EPA/MASSIMO PERCOSSI

A nova primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, que deve assumir o cargo na próxima semana, divulgou um comunicado nesta quarta-feira (19) para desmentir eventuais associações com a Rússia geradas pela notícia de que o ex-premiê Silvio Berlusconi, parte da sua coalizão, retomou a amizade com o presidente russo, Vladimir Putin.

No comunicado, Meloni alegou que vai liderar um governo com uma política externa clara, alinhada ao Ocidente. Ela já havia garantido que manteria a linha italiana de sanções à Rússia e apoio à Ucrânia na guerra travada no leste europeu.

“A Itália, de cabeça erguida, faz parte da Europa e da aliança atlântica [OTAN]”, disse a futura premiê. “Quem não concorda com esse pilar, não pode fazer parte do governo, ao custo de não ter um governo.”

A coalizão conservadora formada pelos partidos Irmãos da Itália (FdI), legenda de Meloni, Liga, de Matteo Salvini, Força Itália (FI), de Berlusconi, e Nós Moderados venceu a eleição geral italiana em setembro.

O presidente da Itália, Sergio Mattarella, vai iniciar nesta quinta-feira (20) uma rodada de consultas com os partidos visando a formação do novo governo do país. As consultas serão realizadas no Palácio Quirinale, em Roma, sede da Chefia de Estado, durante todo o dia e também na sexta-feira (21) de manhã, de acordo com um comunicado divulgado pela presidência.

Posteriormente, Mattarella deverá encarregar a formação do novo governo, previsivelmente a Meloni. Mattarella reservou a manhã de sexta-feira, a partir das 10h30 (5h30 de Brasília), para se reunir com a coalizão de direita vencedora das eleições.

A intenção dos partidos de direita é que Meloni receba e aceite a missão na própria sexta-feira ou durante o fim de semana, a fim de se submeter ao crivo do Senado e da Câmara dos Deputados já no início da próxima semana.

A coalizão vencedora sofreu um abalo esta semana devido a opiniões de Berlusconi, que culpou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, por “provocar” a invasão da Rússia.

Em gravação de uma conversa com parlamentares do seu partido, divulgada pela imprensa italiana, Berlusconi afirmou que retomou a amizade com Putin, que lhe enviou uma “carta amabilíssima” e 20 garrafas de vodca, por ser “o primeiro de seus cinco amigos de verdade”.

No áudio, o ex-premiê acusou a Ucrânia de jogar por terra os acordos de paz de Minsk, e Zelensky por “triplicar os ataques contra as repúblicas” separatistas do Donbas.

“Então, as duas repúblicas [Donestk e Luhansk, recentemente incorporadas pela Rússia] registram vítimas entre militares que alcançam, segundo me dizem, os 5, 6, 7 mil mortos. Vem Zelensky e triplica os ataques. As repúblicas, desesperadas, mandam uma delegação para Moscou e conseguem falar com Putin”, afirma o ex-primeiro ministro.

“Dizem: ‘Vladimir, não sabemos o que fazer, nos defenda’. Ele é contrário a toda iniciativa, resiste, sofre uma forte pressão em toda a Rússia, então decide inventar uma operação especial. As tropas deveriam entrar na Ucrânia, chegar a Kyiv em uma semana, derrubar o governo, Zelensky etc, e colocar outro já eleito pela minoria ucraniana de boas pessoas com senso comum”, completou.

No entanto, lamenta três vezes Berlusconi, a Ucrânia conseguiu apoio econômico e militar do Ocidente.

“Ele [Putin] foi à Ucrânia e encontrou uma situação imprevisível de resistência ucraniana, que ao terceiro dia, começou a receber dinheiro e armas do Ocidente. E a guerra, em vez de ser uma operação de duas semanas, se tornou uma operação de 200 anos”, afirmou o ex-premiê.

Em outro momento da gravação, é possível ouvir Berlusconi dizer que “outro risco” é que “lamentavelmente, no mundo ocidental não há líderes, nem na Europa, nem nos Estados Unidos”.

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