O ministro da Agricultura da França, Marc Fesneau (à direita), fala durante a coletiva de imprensa com seu colega espanhol, Luis Planas, em Paris, nesta quinta-feira| Foto: EFE/EPA/Teresa Suarez
Ouça este conteúdo

Espanha e França colocaram sobre a mesa, nesta quinta-feira (27), as suas divergências sobre a perspectiva de concluir o acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, embora também tenham frisado sua postura comum sobre as “cláusulas de reciprocidade” para as importações agroalimentares.

CARREGANDO :)

Os ministros da Agricultura dos dois países, Luis Planas e Marc Fesneau, respectivamente, explicaram as nuances destas diferenças em uma coletiva de imprensa ao final de uma reunião em Paris dedicada em grande parte às prioridades da presidência espanhola da UE no segundo semestre deste ano, entre as quais está avançar no acordo entre o bloco europeu e o Mercosul.

Planas explicou que a Espanha é favorável à conclusão do acordo, que foi assinado em 2019, mas cuja ratificação está bloqueada desde então pelo veto de vários países, entre os quais a França, que exige que o bloco sul-americano apresente garantias em matéria ambiental e de respeito pelas normas europeias de segurança alimentar.

Publicidade

Para o ministro espanhol, o compromisso com o Mercosul, que "vai além da agricultura", deve ser concretizado por razões estratégicas. Planas lembrou a importância que a América Latina tem para Madri, e também que, no atual contexto internacional, é necessário evitar "brechas" nas relações da UE com outras regiões do mundo, dando a entender que o espaço europeu nesses territórios poderia ser ocupado por outros, em particular a China.

No entanto, frisou que "fundamentalmente" a Espanha tem pontos de vista semelhantes aos da França, até porque os dois países são "os mais ardorosos defensores" das "cláusulas de reciprocidade" para que os produtos importados tenham os mesmos encargos que se aplicam aos agricultores e criadores europeus.

Mesmo admitindo as divergências com Madri sobre o Mercosul, Fesneau reiterou que não se opõe ao acordo em princípio, mas com a condição de que existam "cláusulas-espelho" porque "são necessários critérios de reciprocidade" para garantir que as regras impostas na UE sejam também exigidas para produtos importados.