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Igor Pasternak está trabalhando em um dirigível capaz de transportar 225 toneladas, que voa a 120 nós (222 km/h) e dispensa bases de atracação; acima, um modelo menor da aeronave | David Walter Banks para The New York Times
Igor Pasternak está trabalhando em um dirigível capaz de transportar 225 toneladas, que voa a 120 nós (222 km/h) e dispensa bases de atracação; acima, um modelo menor da aeronave| Foto: David Walter Banks para The New York Times

Igor Pasternak acredita que está em vias de modificar o mercado do transporte de carga com um dirigível de 235 metros de extensão, abastecido com gás hélio. Esse dirigível poderá entregar frutas frescas no Alasca, lançar unidades de triagem em locais de desastres ou depositar maquinário pesado em lugares remotos.

Sua utilização não requer portos, linhas ferroviárias, estradas ou pistas de pouso. Pasternak, 50, engenheiro ucraniano que abriu a empresa Aeros Corporation em plena perestroika, mudou-se para os EUA quando a economia pós-soviética entrou em colapso.Ele diz que seu dirigível Aeroscraft voa a até 120 nós (222 km/h), velocidade quatro vezes maior que a de um navio cargueiro. Sua capacidade de 225 toneladas métricas é cerca do dobro da de um avião cargueiro C-5, e ele tem autonomia de voo de quase 9.500 quilômetros, o suficiente para ir da costa leste dos EUA a Burkina Fasso.

O Aeroscraft decolará e pousará como um helicóptero. Segundo Pasternak, seus designers resolveram o maior problema dos aparelhos mais leves que o ar: o controle da força ascensional.

Ao se desfazer de uma carga pesada, um dirigível deve ser atracado ou receber o mesmo peso para não sair flutuando. O Aeroscraft envia hélio de sua câmara principal para tanques de compressão, o que cria espaço para o ar —que é mais pesado— ser tragado, possibilitando uma descida controlada.

Em outubro, vários políticos americanos compareceram ao batismo de uma aeronave convencional e mais modesta da empresa de Pasternak, um pequeno dirigível vendido para uma empresa mexicana que pretende usá-lo para monitorar oleodutos.

"Quando foi criada, a internet visava resolver o seguinte problema: em uma guerra nuclear, como o mundo iria se comunicar?", disse Pasternak.

"Ninguém previa que o Google, o Facebook e o Alibaba um dia existiriam. Com esse projeto, nós mudaremos o sistema de distribuição dessa mesma maneira."

Mas Chris Caplice, diretor-executivo do Centro para Transporte e Logística do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), é cético. Ele acha que o Aeroscraft é apenas um pouco mais eficiente que outras opções existentes.

"Ele é útil, porém de forma limitada", disse.

Há muito tempo dirigíveis despertam desconfiança —ninguém quer embarcar no próximo Hindenburg. Os cientistas, porém, sabem que hoje em dia essas aeronaves são movidas a hélio, gás não inflamável, diferentemente do Hindenburg, cujos tanques de hidrogênio explodiram quando ele estava atracando em Lakehurst, Nova Jersey, em 1937.

Hoje, o uso mais confiável dos dirigíveis não é o transporte de pessoas ou cargas, mas o de servir de outdoors no céu.

Militares já demonstraram interesse na aeronave, mas isso diminuiu nos últimos anos devido a cortes orçamentários.

Embora grande parte dos custos de desenvolvimento do Aeroscraft tenha sido paga graças a contratos militares com o governo, Pasternak está voltado ao setor privado.

Ele disse ter certeza da importância de entregar turbinas eólicas em áreas remotas, tarefa inviável para outros tipos de aeronave, assim como de trazer artigos estrangeiros produzidos em novembro para as festas de fim de ano nos EUA, algo impossível para os lentos navios cargueiros.

No entanto, Richard Aboulafia, analista da área de carga, disse que o mercado para um dirigível como o Aeroscraft "é problemático". Aboulafia citou três entraves: a dificuldade de criar um novo mercado no transporte aéreo, o aluguel barato de aviões russos da época da Guerra Fria e o fato de que o carregamento de produtos exóticos muitas vezes implica em uma viagem só de ida, o que eleva os custos.

Uma esquadrilha de modelos menores do Aeroscraft, de 170 metros e capacidade de 60 toneladas, deverá estar pronta em três anos, disse Pasternak, e um ano depois será lançado o modelo com capacidade de 225 toneladas.

A Aeroscraft assinou acordos de parceria com empresas como a Bertling Logistics, a Air Charter Service e a Pacific Airlift, mas os termos desses acordos não foram divulgados.

E quanto ao financiamento?

"Ah", disse Aboulafia balançando a cabeça: "o melhor financiamento vem do cliente, que mantém a honestidade da empresa. Há uma diferença entre um investidor financeiro e um cliente, pois o investidor quer retorno do investimento e o cliente quer desempenho. Adotar essa linha dá mais liberdade".

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