• Carregando...

A forte queda na cotação do petróleo tem enxugado os orçamentos de países exportadores do produto. Na Rússia, que está sob pressão por causa das sanções ocidentais, houve corte de gastos. No Iraque, o problema representa um desafio de segurança potencialmente sério, já que o país enfrenta dificuldades para financiar sua luta contra a facção radical Estado Islâmico.

De Moscou a Caracas, de Riad a Bagdá, em Teerã, Argel, Kuait e Lagos, líderes políticos, ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais têm buscado alternativas para enfrentar o declínio dos preços —aproximadamente 30% desde junho—, puxado pelo aumento da produção nos Estados Unidos e pelas projeções de constante redução da demanda em muitos países desenvolvidos, bem como pela desaceleração do crescimento econômico da China.

A queda dos preços é, em grande parte, bem-vinda no mundo desenvolvido. Mas países como Rússia, Irã e Venezuela, que têm buscado reduzir a influência norte-americana, podem ter que assumir uma postura moderada, pois estão sob crescente pressão financeira.

No mês passado, a Venezuela, que obtém 95% da sua receita de exportação com o petróleo, convocou uma reunião de emergência da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para discutir a forte queda dos preços, ideia rejeitada pelos outros membros, que preferiram aguardar o encontro já agendado para 27 de novembro.

O preço do barril de petróleo tipo Brent, uma referência global, caiu para menos de US$ 79 em meados de novembro, abaixo dos US$ 115 por barril em junho.

Parte do excedente que está derrubando os mercados petrolíferos é resultado do aumento da produção no Iraque e na Líbia, onde o cenário de instabilidade ameaça fechar campos de petróleo a qualquer momento e elevar os preços.

Mas, em curto prazo, os grandes produtores provavelmente terão de lidar com Orçamentos mais enxutos, com ramificações políticas, estratégicas e econômicas.

"Depende da duração e da intensidade da queda, mas, se os preços do petróleo continuarem baixos, será um grande desafio para países que dependem fortemente do petróleo para atender às suas necessidades orçamentárias", disse Jason Bordoff, do Centro para Política Energética Global, da Universidade Columbia, em Nova York.

Alguns grandes produtores já sentem mais o impacto da crise orçamentária provocada pela desvalorização do petróleo, especialmente a Venezuela, devido aos problemas econômicos subjacentes, e o Irã, que enfrenta anos de sanções econômicas do Ocidente por causa de seu programa nuclear. A Nigéria passa por uma fase de incerteza política, com eleições presidenciais programadas para o começo de 2015.

A Venezuela tem poucas opções para lidar com a queda dos preços, o que deixa o país com menos dinheiro para gastos em programas sociais, pagamento de funcionários públicos e importações subsidiadas de bens de primeira necessidade. O governo poderia reduzir o petróleo subsidiado fornecido a aliados como Nicarágua, Bolívia e Cuba.

A questão no ar é se a Opep, liderada pela Arábia Saudita, cortará a produção e estabilizará os preços. Alguns analistas acreditam que o país pode optar por deixar os preços baixos, em parte para espremer o Irã e a Rússia, e em parte para pressionar produtores de petróleo de xisto nos EUA, que têm mais dificuldades para competir quando as cotações estão caindo no exterior, já que seus custos de produção são mais altos.

Os custos de produção relativamente baixos da Arábia Saudita e seu programa de gastos domésticos comportam um orçamento equilibrado com uma cotação em torno de US$ 95, contra US$ 100 ou mais para a Rússia ou um nível ainda maior no caso do Irã. A Arábia Saudita também tem enormes reservas de capital.

"A questão é o quanto das reservas de caixa você está disposto a gastar e por quanto tempo, até ajustar sua produção para baixo", disse Gal Luft, do Instituto de Análise de Segurança Global, centro de pesquisas em Washington. "No curto prazo, acredito que a maioria dos agentes do mercado possa sobreviver", disse. "No longo prazo, depois de um ano, não."Colaborou William Neuman, de Caracas

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]