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Grupo protesta contra o chanceler peruano Héctor Béjar, em frente à sede da chancelaria em Lima, Peru, 17 de agosto
Grupo protesta contra o chanceler peruano Héctor Béjar, em frente à sede da chancelaria em Lima, Peru, 17 de agosto| Foto: EFE/Paolo Aguilar

O presidente do Conselho de Ministros do Peru, Guido Bellido, anunciou que haverá mudanças no gabinete após a crise gerada no país pelas declarações feitas pelo ministro de Relações Exteriores, Héctor Béjar, sobre o início do terrorismo e o suposto envolvimento da Marinha.

Bellido anunciou pelo Twitter que serão feitas mudanças que ele considera serem importantes para o progresso do país, confirmando o que vários setores estavam exigindo do governo em relação à permanência de Béjar, um ex-guerrilheiro de 85 anos de idade.

Vários meios de comunicação peruanos informaram que Béjar apresentou a renúncia ao presidente Pedro Castillo nesta terça-feira, o que faz dele o primeiro ministro a deixar o gabinete que tomou posse em 29 de julho. A saída ocorre antes mesmo de a equipe ter recebido o aval do parlamento, o que está previsto para o próximo dia 26.

O chanceler peruano Héctor Béjar
O chanceler peruano Héctor Béjar| EFE/ Presidência do Peru

No último domingo, circularam declarações de Béjar nas quais ele afirmava que o terrorismo no Peru foi iniciado pela Marinha. Não está claro na gravação a que terrorismo o ministro de Relações Exteriores se referia, nem o contexto da fala, embora várias reportagens da imprensa peruana sugerissem que ele se referia ao Sendero Luminoso (SL).

O relatório final da Comissão de Verdade e Reconciliação, que estudou o período da guerra interna peruana (1980-2000) entre o Estado e grupos como o SL e o Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA), estabelece claramente que foi o Sendero quem iniciou atos terroristas no país.

A transmissão das declarações em um programa de televisão local foi marcada como manipulação pelo Ministério de Relações Exteriores e como uma afronta pela Marinha peruana e pela oposição, que antecipou uma possível moção de censura contra Béjar no Parlamento.

Declarações vistas como afronta

A Marinha peruana emitiu uma declaração na segunda-feira para condenar a fala de Béjar. "Trata-se de uma acusação absolutamente falsa, o que constitui uma afronta aos homens e mulheres que lutaram e continuam a lutar contra o crime terrorista", defendeu-se a força armada.

Entretanto, para o Ministério de Relações Exteriores, as declarações do responsável pela pasta foram "manipuladas, editadas, cortadas e retiradas do contexto com o objetivo de desacreditá-lo e censurá-lo".

Na nota emitida pela pasta, Béjar negou categoricamente ter qualquer intenção de ofender as forças armadas e expressou sua total disposição de trabalhar com todas as instituições em uma agenda de política externa em benefício do Peu.

"Béjar responderá em detalhes e na esfera constitucional a todos os interrogatórios, questionários e observações no âmbito da interpelação estabelecida pelo Congresso", prometeu o Ministério, em referência a processo apresentado há uma semana no Parlamento.

O ministro de Relações Exteriores é um dos que a oposição quer fora do gabinete de Castillo para dar ao governo um voto de confiança. Os parlamentares consideram que eles representam uma esquerda radical, próxima a Vladimir Cerrón, líder e fundador do partido Peru Livre, o padrinho político do presidente.

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