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No dia 22 de outubro de 2020, Trump e Biden se enfrentaram pela última vez antes das eleições presidenciais de 3 de novembro.
No dia 22 de outubro de 2020, Trump e Biden se enfrentaram pela última vez antes das eleições presidenciais de 3 de novembro.| Foto: AFP

Nesta quinta-feira (22), os candidatos à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano) e Joe Biden (Partido Democrata), ficaram cara a cara pela última vez antes das eleições de 3 de novembro.

O segundo debate ocorreu na Universidade Belmont, em Nashville, Tennessee, e foi mediado pela jornalista Kristen Welker, da NBC. Para evitar confusão similar à do primeiro debate, no dia 29 de setembro, onde foram registradas constantes interrupções, o microfone de cada participante ficou mudo nos primeiros dois minutos de fala do outro candidato em cada um dos tópicos.

Assim como ocorreu no primeiro debate e também no Town Hall conduzido pelos candidatos na semana passada, o encontro desta quinta-feira começou com questionamentos a respeito da pandemia de Covid-19, que já infectou 8,4 milhões de americanos até o momento. Foi, justamente, pelo fato de Trump ter sido infectado pela doença que o debate previsto para o dia 15 de outubro foi cancelado.

O atual presidente e candidato à reeleição disse que as estimativas indicavam 2 milhões de mortos no país a essa altura da pandemia, mas que as taxas estão abaixo desse número. Além disso, falou que há uma “vacina a caminho”, que deve ser anunciada nas próximas semanas. Os militares, afirmou Trump, estariam alinhados para ajudar na distribuição. O candidato também não desperdiçou a oportunidade de alfinetar os chineses: “[O vírus] não é minha culpa, é da China”.

Biden, por sua vez, afirmou que são 220 mil americanos mortos. “Qualquer um que seja responsável por essas mortes não deve permanecer como presidente dos Estados Unidos da América”, disse o ex-vice-presidente da gestão Obama. O democrata também lembrou, mais uma vez, que Trump chegou a sugeriu que as pessoas injetassem alvejante para curar a Covid-19, ao passo que o republicano respondeu que estava “brincando”. “Muitas pessoas pensaram que você estava falando sério”, respondeu o oponente.

Interferência estrangeira

Outra temática que surgiu neste último encontro foi a potencial interferência estrangeira nas eleições do país. Na noite de quarta-feira (21), oficiais de inteligência dos EUA informaram que Irã e Rússia estão tentando interferir nas eleições norte-americanas. Os dois países obtiveram dados do registro de eleitores americanos e o Irã usou as informações para enviar e-mails falsos com ameaças aos eleitores, anunciaram John Ratcliffe, diretor de inteligência nacional e Christopher Wray, diretor do FBI, em coletiva de imprensa.

Biden disse que qualquer nação que tente interferir na soberania americana vai pagar um preço se ele for eleito, e cutucou Trump: “eu não entendo por que este presidente [Trump] não confronta Putin”, enquanto o atual chefe do Executivo dos EUA disse que “eu nunca recebi nenhum dinheiro da Rússia (...). Ninguém foi mais duro com a Rússia do que eu em termos de sanções”.

Os candidatos também provocaram um ao outro sobre supostos recebimentos de dinheiro vindo do exterior. Biden é acusado de ter recebido verba da Ucrânia na época em que seu filho, Hunter Biden, integrava o conselho da Burisma, empresa ucraniana de energia. Já Trump foi atacado pelo fato de possuir uma conta bancária na China. Ele respondeu que, como homem de negócios, possuía contas em vários países, mas que essa conta chinesa foi fechada em 2015, antes mesmo de ele decidir concorrer à presidência.

Biden também voltou a falar da polêmica envolvendo o Imposto de Renda de Trump. Segundo reportagem do New York Times publicada no fim de setembro, Trump pagou apenas US$ 750 dólares de IR no ano em que venceu a eleição e a mesma quantia no primeiro ano em que esteve na Casa Branca. O republicano disse que paga milhões em impostos e que mesmo assim o IRS (Internal Revenue Service, equivalente norte-americano à Receita Federal) o trata “muito mal”.

Famílias americanas

Trump foi questionado sobre a confirmação da juíza Amy Coney Barrett na Suprema Corte e se a chegada da jurista ao mais alto tribunal do país colocaria o Obamacare, como ficou conhecido o Affordable Care Act (ACA, lei sobre planos de saúde), promulgado durante a gestão de Barack Obama, em risco. Trump disse que gostaria de acabar com o Obamacare para implementar um serviço de saúde muito melhor.

Já Biden comentou que sua ideia é proteger pessoas com doenças pré-existentes e que a saúde é um direito e que todos os cidadãos têm direito a um sistema de saúde justo. “Trump acha que está me ensinando algo sobre seguridade social? Faça-me o favor!”.

Kristen Welker também confrontou os candidatos sobre pacotes de recuperação econômica. Trump culpou a líder da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, por atrasar decisões referentes a estímulos fiscais. Sobre um aumento do salário mínimo nacional, Trump falou que acredita que a decisão deveria ser tomada por cada estado separadamente.

Outro assunto que apareceu nesse bloco do debate foi “imigração”. O atual presidente foi questionado sobre a separação de crianças de seus pais. Ele disse que os “coiotes” (intermediadores) usavam crianças para fazer imigrantes ilegais entrarem no país e que na sua administração essa prática acabou. Trump ressaltou que as crianças também eram “enjauladas” no governo Obama. Biden, por sua vez, pontuou que o governo está “arrancando” filhos de seus pais.

Igualdade racial

“Com exceção talvez de Abraham Lincoln, ninguém fez o que eu fiz pelos negros [nos Estados Unidos]”, afirmou Trump sobre a temática da igualdade racial. O atual presidente também falou sobre o papel de Biden enquanto senador na aprovação do Violent Crime Control and Law Enforcement Act, de 1994, que teria levado a um aumento significativo nas prisões de afro-americanos, segundo o republicano. Além disso, acusou Biden e Obama de terem feito pouco ou quase nada para reformar o sistema de Justiça criminal nos Estados Unidos.

Em dezembro de 2018, Trump sancionou o First Step Act (Lei do Primeiro Passo, em português), primeira vitória de uma reforma legislativa tão almejada por aqueles que buscam acabar com o encarceramento em massa nos Estados Unidos, que tem a maior população carcerária do mundo. O projeto, que foi aprovado no Congresso com amplo apoio bipartidário, revisou algumas leis federais e reduziu as sentenças mínimas obrigatórias para crimes relacionados ao tráfico de drogas, além de ter ampliado programas de liberdade antecipada.

“Sou a pessoa menos racista nesta sala”, afirmou Trump. “Eu não me importo com quem está na plateia, sou a pessoa menos racista na sala”.

Mudanças climáticas

Sobre as mudanças climáticas, Trump pontuou que os Estados Unidos têm água limpa, ar limpo e a menor emissão de dióxido de carbono em muitos anos. “Mas olhe a China, a Índia e a Rússia. Não podemos continuar num acordo global injusto”. Aproveitou, ainda, para chamar o plano climático dos democratas, o qual Biden argumenta que vai criar muitos empregos, de “loucura”.

“Nosso futuro tem a ver com a nossa capacidade de respirar e de termos trabalho. Os setores que mais crescem e pagam os melhores salários no país são os de energia eólica e solar”, disse Biden. Já Trump falou que “adora energia solar”, mas que ela não é suficiente para manter as fábricas norte-americanas funcionando. “Se quiser acabar com a nossa economia, acabe com a indústria do petróleo”, complementou o republicano.

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